Além do uso de caças, por meio do Esquadrão Flecha, para defender o espaço aéreo brasileiro contra narcotraficantes, a Força Aérea Brasileira (FAB) também reforça as ações de segurança com o Esquadrão Para-SAR, que é especializado em ações de busca e salvamento, mas tem atuado também em ações de segurança, como o combate ao tráfico.
Em Mato Grosso do Sul, os militares são mais acionados para operações na fronteira, principalmente em Ponta Porã e Corumbá, onde funciona importante corredor para os traficantes.
Em nível nacional, o esquadrão realiza ações de busca e salvamento abrangendo toda a costa brasileira, principalmente na Região Nordeste, enquanto nas Regiões Norte, Centro-Oeste e Sul são operações mais voltadas para reforçar a segurança do espaço aéreo brasileiro.
Entre as missões que o Para-SAR já atuou pelo Brasil estão grandes desastres aéreos, como o do Boeing da Gol, que ocorreu em setembro de 2006, uma colisão no ar na área da Serra do Cachimbo que matou 154 pessoas.
Em junho de 2009, ocorreu a tragédia da Air France, voo que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris e caiu no Oceano Atlântico, matando todos os 216 passageiros e os 12 tripulantes.
O chefe de operações do esquadrão, que não se identificou por motivos de segurança, informou que o Para-SAR é como um multiplicador do poder aéreo, tendo como ações o reconhecimento de áreas hostis, missões de inteligência, vigilância e obtenção de dados, processamento de informações e envio de equipe.
"Eu mando, uma equipe reconhece [o local]. Esse dado volta, ele é estudado e, aí, uma outra equipe vai lá fazer a ação direta. Pode ser uma ação de neutralização, destruição de uma pista clandestina, captura de pessoal, captura de material", exemplifica o militar.
O monitoramento do espaço aéreo é feito de maneira conjunta por diversos setores da Defesa brasileira, que, eventualmente, acionam o alerta de defesa aérea.
Em algumas ocasiões, a FAB pode interceptar uma aeronave clandestina, podendo ou não atirar para forçar o pouso.
"Dependendo do cenário, a gente vai lá para poder fazer a captura daquele material. Se essa aeronave, por uma sequência de escolhas dela, foi de fato abatida, caiu no rio, por exemplo, a gente vai lá, mergulha, reflutua a aeronave, tira a aeronave até a costa para que possa coletar o material, a caixa-preta. Então, nisso a gente abate duas ações", comenta.
Uma terceira ação realizada pelo esquadrão é o apoio a outras tropas em situação de risco, que podem ser não apenas da FAB, mas também do Exército ou da Marinha, para que esses militares consigam sair de uma certa área de grande risco com segurança.
Essa é uma das ações que fazem parte da sexta edição do Exercício Conjunto Tápio (Excon Tápio), que une as Forças Armadas brasileiras, militares da Guarda Aérea Nacional de Nova Iorque (New York Air National Guard – NYANG, na sigla em inglês) e um agente da Alemanha.
EXCON TÁPIO
O Excon Tápio conta com cerca de 700 militares brasileiros, do Rio de Janeiro, Manaus, Boa Vista, Porto Velho, Natal, Santa Maria, Brasília e Campo Grande, que comandam 13 esquadrões, 26 unidades operacionais, 16 organizações militares inter-relacionadas e mais de 25 aeronaves, incluindo os caças brasileiros A-29 Super Tucano e A1-M.
Na ação, além dos exercícios de guerra irregular (simulação de situações que podem ocorrer em uma guerra real), também são feitos treinamentos de inteligência, que visam não só o coletivo, mas também repassar informações técnicas individualmente aos militares participantes do exercício.
Os exercícios estão sendo realizados na região de Bodoquena, Bonito, Aquidauana e Miranda e são voltados para ações de guerra que diferem do conceito habitual, que é de um país contra outro, e podem ter mais de um autor não estatal, como guerrilhas e terroristas.
Entre os esquadrões presentes está o 3°/8°, que trabalha com o helicóptero H-36 Caracal, atuando em multimissões, mas principalmente de resgate em combate, em razão das capacidades de autodefesa, características eletrônicas e flexibilidade, que faz com que a aeronave chegue a lugares que outros aviões não chegam sem a necessidade de pouso, utilizando o guincho.
"Nós temos, diariamente, tripulações treinando pilotos, mecânicos e homens de resgate e prestando esse serviço, essa pronta resposta 24 horas por dia, 7 dias por semana, nesse serviço de SAR, para apoiar em casos de calamidade, de acidentes, como, por exemplo, agora a gente passou um grande período na Região Norte, nas terras yanomami, fizemos transporte de feridos, evacuação aeromédica, transporte de cestas básicas, então, no dia a dia é voltado também para essa ação humanitária", disse o tenente-coronel Teles.
A equipe médica também está no exercício, realizando principalmente a evacuação aeromédica, que é feita no C-105 Amazonas do Esquadrão Onça, na Capital. A aeronave suporta até seis UTIs completas, com equipamentos médicos direcionados para aviões, para levar pacientes de um ponto com menor assistência para um local mais aparelhado.
"O nível de cuidado que o paciente recebe em um hospital regional ou universitário, uma Santa Casa, é o mesmo nível de cuidado que ele recebe em uma UTI dentro do avião. Só que os equipamentos são menores dentro do avião, eles são mais compactos e adaptados para o voo. Nós tivemos uma experiência grande, não só na tragédia da Boate Kiss, mas também na Operação Covid-19, com múltiplos pacientes transportados, todos com sucesso", aponta o major Stolf.
SAIBA
O Super Tucano, avião de fabricação brasileira, feito pela Embraer e vendido para mais de 16 países, também participa do Excon Tápio. A aeronave é utilizada para formação de pilotos e no emprego operacional de defesa aérea do Brasil, como auxílio dos alertas de defesa aérea espalhados pelo País.