Com uma direção de arte mais moderna, um elenco de personagens diverso e um novo dublador, "Super Mario Bros. Wonder" é mais do que apenas mais um jogo do Mario. É um sinal do que a Nintendo almeja para o futuro de seu personagem mais famoso.
Já era mesmo hora de uma renovação. Com lançamento previsto para 20 de outubro, o jogo chegará às lojas mais de dez anos depois do último game 2D de plataforma totalmente novo para um console da Nintendo. O último, "New Super Mario Bros. U", foi lançado em novembro de 2012 no fracassado Wii U.
Para liderar esse projeto de reformulação, a Nintendo recorreu a Takashi Tezuka, lendário co-criador de Mario, e o programador veterano Shiro Mouri, diretor de "New Super Mario Bros. U Deluxe".
Como produtor e diretor de "Wonder", respectivamente, os dois buscaram combater uma cultura enraizada de aversão a grandes mudanças na Nintendo. O objetivo era motivar os artistas que trabalharam no jogo a ousar mais no design e na animação dos personagens.
Em entrevista à reportagem realizada com a ajuda de um tradutor providenciado pela Nintendo, Tezuka disse que há bastante tempo a empresa pensava em mudar a direção de arte dos jogos 2D do Mario, mas que algumas limitações os impediam disso. Em uma autocrítica, ele afirmou que talvez a própria Nintendo tenha falhado em motivar seus artistas a arriscar mais e testar novos designs.
Segundo o produtor de "Wonder", o desenvolvimento do novo filme do Mario, lançado em abril, foi um dos fatores que ajudou a mostrar para os próprios artistas da Nintendo que eles poderiam seguir suas ideias para o personagem e ousar mais.
O resultado é um Mario bem mais gorduchinho e simpático que o dos seus últimos games.
As feições do personagem, assim como as animações, ganharam um aspecto de desenho animado, mais próximas às artes conceituais de games do fim dos anos 1980 e início dos 1990, como "Super Mario Bros. 3", do que ao encanador brigão de "Super Smash Bros.", por exemplo.
A Folha de S.Paulo foi convidada pela Nintendo para testar o novo game em Nova York por cerca de uma hora e pôde constatar que o novo design do personagem associado aos cenários coloridos deixa "Wonder" visualmente atrativo para as crianças, mas de uma forma que também apela ao saudosismo. Tudo isso com o objetivo de fazer um jogo atrativo para todas as gerações.
Mouri afirmou à reportagem que possibilitar que filhos, pais e até avós joguem juntos e se divirtam foi um dos principais objetivos dos desenvolvedores desde os primeiros estágios de concepção do novo game. Essa ideia acabou moldando muitas das suas decisões para o título, a começar pela seleção de personagens jogáveis.
O diretor do game conta que a inclusão da princesa Daisy foi inspirada em parte em um problema familiar. Com duas filhas, ele via as meninas brigarem entre si para jogar como Peach. Com a inclusão de outra personagem feminina, ele diz esperar ter mais tranquilidade em seu lar e fazer o mesmo por outros pais em suas casas.
Durante o teste não foi possível saber muitos detalhes sobre a história do jogo nem visitar todos os seis mundos que compõem o Reino Flor, que substitui o tradicional Reino dos Cogumelos como cenário da aventura.
No entanto, a presença de Peach entre os personagens jogáveis indica que a Nintendo se afastou do ultrapassado enredo da princesa indefesa à espera de ser salva. Mudança importante para modernizar a história e deixá-la mais atraente para um público cada vez maior de jogadoras.
No total, são 12 personagens jogáveis, um recorde para a franquia. Além das princesas Peach e Daisy e dos irmãos Mario e Luigi, o jogador pode escolher entre Toad amarelo, Toad azul, Toadette, Yoshi, Yoshi vermelho, Yoshi amarelo, Yoshi azul-claro e Ledrão.
Diferentemente de outros títulos, os personagens não tem movimentos próprios -com exceção dos Yoshis e do Ledrão, que não sofrem danos, mas também não se beneficiam de poderes especiais. Por outro lado, os jogadores podem modificar o comportamento deles por meio do novo sistema de insígnias.
Esses itens dão vantagens como mostrar blocos secretos, pular mais alto e escalar paredes, entre outras, e funcionam também como um desafio extra para os jogadores que buscarem colecionar todas elas.
A mudança mais temida pelos fãs é a ausência nos créditos de Charles Martinet, dublador oficial do Mario desde 1994 e que ficou imortalizado como a voz do encanador bigodudo desde "Super Mario 64".
Sua aposentadoria do papel foi anunciada pela Nintendo na semana passada. Segundo a empresa, ele passará a trabalhar como embaixador do personagem.
A empresa mantém segredo sobre quem é o novo dublador do Mario e tem dito a jornalistas que a informação aparecerá apenas nos créditos de "Wonder". A boa notícia é que, durante o jogo, a mudança na voz do personagem é imperceptível.
Outra boa novidade é a localização completa do game para o português brasileiro. Inclusive com dublagem das flores tagarelas, que fazem comentários sobre as ações do jogador.
Os pais brasileiros que querem aproveitar "Super Mario Bros. Wonder" com seus filhos -como os desenvolvedores do game recomendam- agradecem.
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