O impacto econômico das inundações é uma séria preocupação, já que muitas indústrias enfrentam perdas substanciais que podem resultar em demissões em massa.
O empresário Ricardo Fontana, de 55 anos, proprietário da Fontana, indústria de produtos de higiene, limpeza e oleoquímicos, teve sua empresa completamente destruída devido às enchentes. A enxurrada de água foi tão grande e forte que acumulou mais de 60 cm de lodo dentro das instalações. Todo o maquinário e componentes eletrônicos foram destruídos.
A indústria fica localizada no bairro Santa Clara, uma das áreas mais afetadas pelas enchentes do Taquari no município de Encantado. "Com certeza a gente vai necessitar, e muito, da ajuda dos governos estadual e federal. Tanto ajuda financeira, como na questão tributária do recolhimento dos impostos", disse.
A Fontana conta atualmente com 280 funcionários, e muitos estão preocupados com o que vem pela frente. "A empresa precisa de no mínimo 30 dias para se recuperar e estimamos um prejuízo em torno de R$ 5 milhões. Os trabalhadores estão bem preocupados e pensam que vão perder seus empregos", disse Fontana.
Frigorífico atingido por enchente
A Cooperativa Dália Alimentos, uma das maiores da região do Vale do Taquari, teve todas suas indústrias afetadas pelas enchentes: frigoríficos de suínos em Encantado, uma queijaria, uma indústria de leite e um abatedouro de frangos em Arroio do Meio.
"O frigorífico de suínos em Encantado, o mais afetado pelas enchentes, não está funcionando e não tem previsão de operação porque a água atingiu todo o sistema de geração de energia elétrica, os geradores e o sistema de refrigeração. Não temos nem condições de definir os prejuízos, mas serão muito grandes", lamentou o presidente executivo da Dália, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas.
A Cooperativa Dália possui 2.900 funcionários distribuídos entre fábricas de rações, supermercados e frigoríficos. "Primeiro, tem que ser necessário uma postergação dos impostos. No momento em que o governo dá um prazo maior para pagar os impostos, isso é um capital de giro que as empresas têm para continuar operando e? consequentemente, gerando empregos"", afirmou Freitas.
Na sexta-feira, 8, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou, entre outras medidas, R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito do banco estatal Banrisul.
R$ 500 milhões: prefeituras poderão realizar uma antecipação do valor que receberiam em repasses do Estado até 2025 pela compensação de perdas com a redução de ICMS nos combustíveis em 2022;
R$ 300 milhões: via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar para o financiamento de tratores, construção, reformas, máquinas, implementos, sistemas produtivos e infraestrutura, entre outros;
R$ 100 milhões: para o financiamento de giro de longo prazo, preferencialmente para as categorias de Micro Empreendedor Individual e micro, pequenas e médias empresas;
R$ 100 milhões: para a construção e reforma de casas.
"Os comércios, em alguns lugares, foram todos destruídos, e com isso o meio de vida de muitas pessoas se perdeu. Por isso, precisamos apoiar esse processo de restabelecimento", disse o governador Eduardo Leite. "Estamos buscando, junto ao BNDES, maneiras de organizar novos caminhos para ajudar na reconstrução da economia dessas cidades."
Já o governo federal fará o repasse de R$ 800 por pessoa desabrigada aos municípios para que as prefeituras custeiem alojamentos, abrigos e alimentação e autorizou a antecipação do saque do FGTS.
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