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Após renúncia, Rubiales pode encarar investigação na Austrália por beijo em jogadora

Um dia após renunciar ao cargo de presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales não encerrou seus problemas com a decisão, anunciada no domingo.


Um dia após renunciar ao cargo de presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales não encerrou seus problemas com a decisão, anunciada no domingo. O agora ex-dirigente poderá enfrentar uma investigação em solo australiano por ter dado um beijo na jogadora Jenni Hermoso durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo feminina, disputada na Austrália e na Nova Zelândia.

Nesta segunda-feira, autoridades australianas se colocaram à disposição para apurar o caso in loco. "Um relatório ainda não foi cobrado da polícia de NSW (New South Wales). Entretanto, se recebida uma demanda, os policiais vão entrar em contato com as autoridades internacionais para ajudar no que for requerido", afirmou a polícia de NSW, estado onde fica Sydney, local da disputa da final da Copa.

Rubiales está oficialmente fora do futebol desde a tarde de domingo. Depois de ter beijado à força a jogadora Jenni Hermoso, o mandatário chegou a resistir às pressões, disse que era um beijo consentido e que não havia problema nele, mas não suportou as cobranças e oficializou sua renúncia da presidência da RFEF e também da vice-presidência da Uefa.

A pressão sobre Rubiales vinha crescendo a cada semana, desde o polêmico beijo, no dia 20 de agosto. A última atualização sobre o caso havia ocorrido na sexta-feira, quando o Ministério Público da Espanha abriu uma ação contra ele por agressão sexual e coerção.

Na última terça-feira, a jogadora se reuniu com representantes do Ministério Público e formalizou uma denúncia contra Rubiales, o que abriu caminho para o caso ser levado à esfera criminal. Essa investigação poderá ter um braço internacional, alcançando as autoridades australianas porque o fato em questão aconteceu na cidade de Sydney.

De acordo com os promotores espanhóis, Hermoso relatou ter sido pressionada a falar em defesa do presidente assim que a imagem do episódio começou a correr o mundo, minutos depois do título. O MP pediu que o dirigente comparecesse perante o tribunal para prestar depoimento preliminar. Se o juiz concordasse, seria conduzida uma investigação formal que terminaria com uma recomendação para que o caso fosse arquivado ou iria a julgamento.

Até então, havia dificuldade em levar a questão aos tribunais, uma vez que o artigo 191.1 do Código Penal da Espanha determina que a atuação em casos de agressão sexual só pode ocorrer quando a denúncia vem da própria vítima ou de um representante legal. O MP só costuma dar o pontapé inicial em casos nos quais as vítimas são menores ou possuam algum tipo de deficiência.

Com a denúncia de Hermoso e ação do Ministério, de acordo com uma nova lei sobre consentimento sexual aprovada no ano passado, o dirigente poderá enfrentar multa ou pena de prisão de um a quatro anos se for considerado culpado.

Na esfera esportiva, Rubiales já enfrentou consequências e foi afastado por 90 dias pela Fifa, enquanto uma investigação interna é conduzida pela entidade. Era esperado que o dirigente renunciasse, mas, em assembleia geral extraordinária da Federação Espanhola, ele garantiu que não entregaria o cargo, disse ser vítima de perseguição e defendeu-se dizendo que o beijo foi consentido.

Hermoso o rebateu e afirmou que não houve consentimento em nenhum momento. A atacante e as demais companheiras de seleção comunicaram que não defenderão mais a Espanha enquanto "os atuais dirigentes continuarem no poder".

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