Na semana passada, a emissora de televisão CNN divulgou um trecho da biografia de Musk escrita por Isaacson, lançada nesta terça-feira (12), que informa que o dono do X (ex-Twitter) desligou intencionalmente o sistema de comunicação Starlink, usado pelas tropas da Ucrânia, no momento que drones submarinos do país atacavam frotas da Rússia na região da Crimeia.
O corte da comunicação fez com que os drones perdessem a comunicação em Sebastopol. "Como resultado, quando os drones submarinos ucranianos carregados de explosivos se aproximaram da frota russa em Sebastopol, eles perderam a conectividade e chegaram à costa inofensivamente", afirmou Isaacson na biografia.
Segundo o livro, Musk tomou a decisão de forma secreta e "pediu que os engenheiros desligassem a comunicação do Starlink a 100 quilômetros da costa da Crimeia". A decisão foi motivada por um medo agudo de que a Rússia respondesse a um ataque ucraniano com armas nucleares.
A CNN disse que, de acordo com a biografia, isso foi fundamentado nas conversas de Musk com altos funcionários russos e em seus temores de que um "mini-Pearl Harbor" acontecesse.
Depois da divulgação do trecho, Musk esclareceu que rejeitou, antes do dia do ataque, um pedido feito pela Ucrânia para que ativasse o Starlink, pois ele temia ser cúmplice de um "grande ato de guerra".
"A intenção óbvia era afundar a maior parte da frota russa ancorada", postou Musk na última quinta-feira (7) em seu perfil no X (ex-Twitter). "Se eu tivesse concordado com o pedido deles, a SpaceX seria explicitamente cúmplice de um grande ato de guerra e escalada de conflitos", explicou.
Musk disse que não tinha escolha a não ser rejeitar um pedido de emergência da Ucrânia "para ativar o Starlink até Sebastopol". Ele não informou a data do pedido e o trecho da biografia não a especificou.
Depois da resposta de Musk, Isaacson postou na rede que os "ucranianos achavam que a cobertura do Starlink permitiria chegar até a Crimeia, o que não era possível. Eles pediram a Musk que permitisse a comunicação, mas Musk não aceitou".
Questionado pelo repórter Tim Fernholz sobre a diferença do trecho que fora divulgado pela CNN, o escritor admitiu que interpretou mal as informações dadas por Musk.
"Baseado nas conversas com Musk, pensei erroneamente que a não permissão do uso do Starlink para um ataque na Crimeia havia sido decidida pela primeira vez na noite da tentativa de ataque da Ucrânia. Ele (Musk) agora diz que a política havia sido implementada antes, mas que os ucranianos não sabiam e que naquela noite (do ataque), ele simplesmente reafirmou a medida", explicou Isaacson.
A admissão do erro fez com que o escritor fosse contestado pela CNN, que afirmou que a biografia sobre Musk já causa "embaraço" para a editora Simon & Schuster, que publicou o livro. A editora informou à emissora que "edições futuras do livro serão atualizadas" para não mais incluir o erro.