Em entrevista ao Estadão, o piloto da Crown Racing, da Stock Car, evitou entrar a fundo no caso. Nelsinho repetiu que não julga Felipe Massa por ser uma "questão pessoal". "Não tem muito o que eu falar. Não vou julgá-lo. Nunca fui próximo, nunca fui amigo dele (Massa). Porém, não posso julgar o que está passando na cabeça dele. O que falaram para ele. Se ele sabe alguma coisa que os outros não sabem... Isso é pessoal dele. Se ele sente que tem que fazer, que faça. Não estou na pele dele para sentir o que ele está passando", disse o piloto.
Ainda não há uma ação formal correndo na Justiça. A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e a F-1 pediram um prazo maior para responderem uma demanda inicial dos advogados de Massa, o que foi aceito pela equipe do piloto brasileiro. O retorno deve acontecer em outubro. Um acordo não está descartado entre as partes.
Historicamente, tanto a federação quanto a própria F-1 evitam batalhas desgastantes nos tribunais e optam por acordos, geralmente sigilosos. Se a FIA e a F-1 não derem um retorno no novo prazo, ou não sugerirem um acordo, a equipe de Massa formalizará a ação na Justiça.
Questionado sobre depor a favor do compatriota, Nelsinho acredita que não seria necessário: "Eu não tenho muito por quê. Tudo foi dito. Foi uma audiência pública. Todo mundo sabe exatamente o que aconteceu. Não foi uma coisa fechada, secreta. Tenho certeza que os advogados dele têm os relatos com tudo que foi dito na época. Não teve nada que ficou para trás. Não tem o que adicionar sobre isso".
O piloto também classificou o caso como algo "resolvido". "É uma coisa que passou, 15 anos atrás. Foi resolvida. Para ele (Massa), ele acha que não. Mas, para mim, passou. Tive que botar para trás isso. Mudou minha vida, mas não tem muito o que fazer." Em uma última frase, Nelsinho afirmou não ter "nada a ver com a história". "Aí o problema é entre o Felipe e ele (Flávio Briatore, ex-chefe da equipe Renault)."
Briatore foi quem ordenou a Nelsinho que ele batesse de forma intencional a fim de beneficiar o companheiro de equipe com a entrada do safety car.
O QUE É O "CINGAPURAGATE"?
Na 12ª volta do GP de Cingapura, em 2008, Fernando Alonso, na época na Renault, entrou nos boxes para a primeira parada. O piloto espanhol havia saído em 15º lugar e parou de modo prematuro. Duas voltas depois, Nelson Piquet Jr., também da Renault, escorregou a traseira do carro na saída de uma curva e chocou-se com a lateral da pista. A batida foi em um ponto em que era necessária a intervenção do safety car para a remoção da Renault de Nelsinho.
Enquanto os rivais faziam seus pit stops, Alonso, que já havia parado, ganhou a liderança. O espanhol conseguiu uma vitória para a Renault depois de dois anos na seca. Somado a isso, a Ferrari fez uma parada desastrosa com Felipe Massa, que saiu do box com a mangueira de abastecimento ainda no carro. O brasileiro, que havia feito a pole, foi punido por quase atingir Adrian Sutil e ainda teve de parar com um pneu furado, o que lhe deixou em 13º no fim da corrida. Hamilton, campeão daquele ano, ficou em terceiro, somando seis pontos.