Boehly é um dos donos do dinheiro mais novos do futebol moderno. Antes de seu envolvimento com o Chelsea, e assim como John Textor, o americano tem um passado no mundo dos esportes. Durante seu período universitário na Landon School, o empresário competiu na equipe de luta livre, conquistando campeonatos na década de 1990.
Como investidor, além do futebol, Toddy tem parcelas de ações de diversos times de Los Angeles: Lakers, na National Basketball Association (NBA); Dodgers, na Major League Baseball; e Sparks, na Women's National Basketball Association (WNBA).
Ele controla a Eldridge Industries, conglomerado com marcas em diferentes áreas de atuação. A holding tem participação em empresas de seguros, tecnologia, mídia, mobilidade, serviços e mercado imobiliário.
Investir no futebol era um de seus desejos. Em 2019, ele ofereceu US$ 3 bilhões a Abramovich para assumir o controle das operações do Chelsea. À época, quando o clube havia recém-conquistado a Liga Europa, a oferta foi recusada pelo bilionário russo. Quando adquiriu o time, em 2022, contou com o apoio do consórcio Clearlake Capital no fundo de investimentos que foi escolhido para assumir o controle da equipe londrina.
Ao lado dos empresários Hansjörg Wyss e Mark Walter, ele comprou as ações do Chelsea por 4,5 bilhões de libras. Os proprietários prometeram investir 1,75 bilhão de libras em benefício do clube, como no estádio Stamford Bridge, na base e no futebol feminino. Só nas janelas de transferências desde que assumiu o controle da equipe, foram gastos mais de 1 bilhão de euros. Além do Chelsea, o empresário assumiu o controle do Strasbourg, em julho deste ano. Ângelo, contratado junto ao Santos, foi emprestado ao clube francês.
"Nossa visão como donos é clara: queremos fazer com que os torcedores (do Chelsea) sintam-se orgulhosos. Juntamente com nosso compromisso de desenvolver o elenco juvenil e adquirir os melhores talentos, nosso plano de ação é investir no clube a longo prazo e aproveitar a notável história de sucesso do Chelsea", disse Boehly, após concretizar a compra.
CONTRATAÇÕES MILIONÁRIAS E FAIR PLAY FINANCEIRO
Ao menos no futebol masculino, Boehly cumpriu com o planejado. Desde que chegou, 27 jogadores foram contratados ou se juntaram ao grupo por empréstimo. No total, 1,073 bilhão de euros (R$ 5,56 bilhões) foram gastos com jogadores como Enzo Fernández (R$ 627 milhões) e Moisés Caicedo (R$ 600 milhões). Os valores elevados chamam a atenção dos órgãos reguladores, da Uefa e do Campeonato Inglês, no entanto.
Para "driblar" as regras do Fair Play Financeiro, o Chelsea utiliza uma estratégia semelhante à das ligas americanas, nas quais Boehly tem experiência: espalhar o valor pago para os jogadores ao longo dos anos de contrato. Mykhaylo Mudryk, joia ucraniana, assinou contrato de oito anos com o Chelsea, até junho de 2031. Os 100 milhões de euros, acertados no momento de sua contratação, serão pagos pelo clube ao longo das próximas temporadas - cerca de 12,5 milhões de euros por ano.
No entanto, para conciliar este modelo, é preciso obter um sucesso esportivo: em 2022/2023, o time londrino terminou na 12ª colocação do Inglês e sem nenhum título nas demais competições. Foi a pior temporada do Chelsea desde que Abramovich assumiu, em 2003. Em 2023/2024, tem uma vitória, um empate e duas derrotas no início do Inglês e amarga novamente a 12ª posição sob o comando do técnico Mauricio Pochettino.
"Ao estender o contrato por dez anos, os clubes conseguem amortizar as dívidas de uma maneira mais lenta, tendo um impacto menor sobre o balanço financeiro", aponta o economista Cesar Grafietti. Sem a receita dos feitos esportivos, o Chelsea precisou abrir mão de alguns de seus atletas. Kanté, Koulibaly e Mendy foram vendidos para times da Arábia Saudita. Ao todo, R$ 1,3 bilhão foi arrecadado na última janela de transferências. Todd Boehly agora está de olho no Sporting, de Portugal.