A nova indicação foi baseada no estudo "Step Teens", que demonstrou redução de 16,1% no índice de massa corporal (IMC) em adolescentes com obesidade que tomaram o remédio.
"A obesidade é uma doença que pode começar na infância ou adolescência, e até 90% dos adolescentes com obesidade podem continuar convivendo com a doença na idade adulta. Esses pacientes também correm um risco maior de desenvolver problemas de saúde graves relacionados com o peso e, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2023, o Brasil terá 7,7 milhões de crianças com obesidade até 2030?, declarou a Novo Nordisk em nota sobre a aprovação.
O médico Matheus Alves Alvares, coordenador do Departamento de Endocrinologia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil (SP), concorda. "A gente vê a obesidade aumentando exponencialmente em todas as faixas etárias, desde as crianças até os adultos. Por isso, encaro essa notícia como algo positivo e como nova medida de tratamento", conta ele.
Claro que as mudanças no estilo de vida, com dieta equilibrada e prática de exercícios, são essenciais. Mas, de acordo com Alvares, a novidade pode ajudar diversos pacientes adolescentes que, mesmo seguindo esses hábitos saudáveis, não conseguem se manter na meta de peso adequada.
"E sabemos que o excesso de peso quando na infância ou adolescência é prejudicial no futuro. Então, quanto mais precocemente você conseguir tratar, melhor", afirma. "O ideal sempre é focar na mudança de estilo de vida, mas, em casos refratários, em que a criança não consegue, eu vejo com bons olhos (ter a opção do remédio)", reforça.
O especialista ressalta que, do ponto de vista de estilo de vida, não dá para se esquecer de dois importantes fatores: excesso de telas e problemas para dormir. "Estudos mostram que crianças com sono desregulado, entre outros comportamentos de risco, também podem desenvolver sobrepeso e obesidade", diz.
Nas redes sociais da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a coordenadora de Departamento de Obesidade Infantil, Livia Lugarinho, aproveitou para abordar o preconceito de muitos diante da aprovação da Anvisa. "Por falta de assimilação de que a obesidade é uma doença, existem pessoas que ainda estranham que um adolescente precise de medicamento para controlar a condição. Duvido, porém, que teriam a mesma reação se fosse um remédio para reduzir glicemia de um jovem com diabetes. A obesidade é igualmente uma doença crônica preocupante", declarou.
Apesar da autorização, o remédio ainda não está disponível no Brasil. A previsão é de chegar às farmácias em 2024. Quando isso acontecer, seu preço máximo, de acordo com a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) será de R$ 2 484, nas doses mais altas, a depender do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada Estado. Em São Paulo, por exemplo, essa versão pode custar até R$ 2 383,43.
A compra dependerá de prescrição médica. Além de comprometimento do paciente aderir a outros comportamentos, como redução no consumo de calorias e prática de exercício físico. A aplicação subcutânea ocorre uma vez por semana.
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