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É brinquedo sim! A sustentabilidade da matéria-prima ao carrinho na produção industrial de Mato Grosso do Sul

Indústria de Mato Grosso do Sul é a 4ª maior do Brasil na produção de brinquedos.


Indústria de Mato Grosso do Sul é a 4ª maior do Brasil na produção de brinquedos. Aliando meio ambiente e práticas sociais, negócio gera impacto na sociedade local e marca gerações de trabalhadores em Aparecida do Taboado. É brinquedo sim!

Pais & Filhos/Reprodução

A história do brinquedo pode ser tão antiga quanto a história do homem. Há registros que apontam que os primeiros brinquedos da humanidade, como a bola, surgiram na Grécia Antiga. Registros da boneca foram encontrados na África e Ásia, há milhares de anos antes de Cristo.

Do Egito, o jogo-da-velha, boneca e as bolinhas de gude foram herdadas. Da China, o dominó e os cata-ventos. Independente do local de surgimento, o intuito do brinquedo é sempre o mesmo: divertir!

No Brasil, o brinquedo já existia bem antes da colonização. Estudos apontam que os portugueses que desembarcaram no país no século XVI se surpreenderam com uma trouxinha de pedras embrulhadas com folhas com que os indígenas brincavam e chamavam de peteca, que significa "bater com a mão" em tupi.

Para além disso, os brinquedos auxiliam no desenvolvimento cognitivo, motor, criativo e social da criança. É por meio do objeto que crianças também estimulam a imaginação e trabalham as vivências.

Percorrendo alguns anos na linha do tempo dos brinquedos, chaga-se a Mato Grosso do Sul, mais especificamente, em Aparecida do Taboado. Veja mais na reportagem em vídeo abaixo.

Fábrica de Aparecida do Taboado é a quarta maior do Brasil no seguimento de brinquedos

A cidade, localizado na costa leste do estado, tem uma população de 27,6 mil habitantes, segundo os dados do Censo 2023, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números apontam que o município é 19º mais populoso de Mato Grosso do Sul e se destaca cada vez mais no m âmbito nacional devido ao seu aspecto econômico.

Porém, qual a relação de Aparecida do Taboado - terra da música "60 Dias Apaixonado", composta por Constantino Mendes e Darcy Rossi e eternizada nas vozes das duplas Chitãozinho&Xororó e Milionário&José RicoAfinal - com os brinquedos?

A cidade que fica na divisa com o estado de São Paulo e às margens do rio Paraná é sede desde 1999 de uma das maiores indústrias brasileiras de fabricação de brinquedos e a única empresa do segmento em Mato Grosso do Sul, a Pais & Filhos.

Sendo uma das empresas âncoras do município, sua atividade reflete em vários outros segmentos da economia. A companhia, por exemplo, é empregadora de um em cada dez trabalhadores da cidade. A atividade do empreendimento ajuda a alavancar o desempenho industrial "aparecidense", tanto que o setor é o segundo em importância do Produto Interno Bruto (PIB) local, respondendo por 24,70% de todas as riquezas geradas, conforme dados do Data Sebrae.

Atualmente, os brinquedos são produzidos de diferentes formas, para inúmeras crianças.

Divulgação

A empresa, quarta no ranking nacional das maiores indústrias de brinquedos, se destaca não somente pelo volume e qualidade de produção, mas também pela preocupação com a sustentabilidade de suas ações e expressa isso por meio da implementação dos princípios de ESG (Environmental, Social and Governance) em todas as etapas do seu ciclo produtivo.

Nesta matéria, o g1 tomou a indústria de brinquedos como um exemplo da preocupação do setor com o desenvolvimento sustentável, aliando a produção que preserva o meio ambiente e ajuda a comunidade local.

Nesta reportagem, você vai ler:

?? Produção sustentável

???? ESG na prática

???? Sustentabilidade começa na matéria-prima

???? Família na veia

???? Resíduo vira insumo

??????????????????? Integração com a comunidade

Na contramão da indústria convencional de MS

Instalada no estado por conta do benefício fiscal e pela logística de proximidade com São Paulo, maior consumidor do nosso país, a empresa conta atualmente com 1.250 colaboradores e produz anualmente, 10 milhões de unidades de brinquedos.

"Começamos em Mato Grosso do Sul, em 1999, com 180 funcionários e a escolha foi por conta do benefício fiscal e a proximidade com São Paulo, isso traz maior agilidade", esclareceu o CEO da empresa, Faber Lalucci.

Com uma área construída de 35.000 m2 em Aparecida do Taboado, a empresa expandiu os negócios e inaugurou uma nova unidade, com 2.500 m², em 2022, no município de Paranaíba (MS).

Além de trabalhar com as linhas de jogos, quebra-cabeças, brinquedos em madeira e plástico, linha baby, educacional e inclusiva, ainda faz parte do portfólio da empresa a marca "Gala", que atua no segmento de embalagens plásticas.

"Produzimos 200 milhões de unidades de embalagens de presente por ano, o que representa cerca de 35% do nosso negócio", revela o Lalluci.

Empresa instalada em Aparecida do Taboado existe há mais de 20 anos

Divulgação

Produção responsável

O empresário relata que o objetivo atual da empresa é o aperfeiçoamento de uma produção cada vez mais sustentável, preocupada com o futuro do meio ambiente e com mensagem passada para os consumidores e exemplo para outras indústrias.

"As indústrias de brinquedos no geral, têm adotado práticas sustentáveis, como a utilização de materiais recicláveis e o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis. Em nossa indústria, trabalhamos com alguns programas, como a separação e reciclagem dos resíduos industriais. Uma parte destes resíduos, como aparas podem voltar ao processo como matéria-prima reciclada, já na linha de produtos em madeira, é utilizada exclusivamente madeira de reflorestamento, além de processos de produção mais eficientes em termos de energia e recursos naturais".

Pensando na responsabilidade social, o empresário revela que a indústria tem trabalhado para aderir aos princípios Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG).

"A empresa tem adotado algumas práticas para aderir cada vez mais ao ESG, entre elas estão a implementação de políticas de sustentabilidade, promoção da diversidade e inclusão, redução do consumo de recursos naturais através da adoção cada vez maior de energias renováveis e melhorar a transparência na divulgação de informações da empresa".

Matéria-prima sustentável

Floresta plantada de pinus da Berneck, que abastece a produção da empresa sul-mato-grossense

Berneck/Divulgação

A sustentabilidade do ciclo produtivo da empresa começa muito antes da fabricação de qualquer brinquedo, ainda na escolha dos fornecedores de matéria-prima para a indústria. Um desses parceiros é a Berneck, empresa com mais de 70 anos de história, sediada em Araucária, no Paraná, e especializada em painéis MDP, MDF e HDF e madeira serrada de pinus.

A empresa fornece para a companhia sul-mato-grossense painéis HDF e MDF, produzidos com pinus. Esse insumo vem do cultivo anual de mais de 7 milhões de árvores por ano em 170 mil hectares espalhados pelo Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso. "Toda a nossa madeira é proveniente de florestas plantadas, preservando as florestas nativas e garantindo o emprego e a renda no campo para milhares de famílias", aponta a copresidente da Berneck, Graça Berneck Gnoatto.

A fornecedora ressalta que seus programas florestais atuam na proteção e preservação de mananciais, dos solos, da fauna e da flora, de áreas ciliares e demais reservas naturais. "Eles contribuem para a regulação dos ciclos hidrológicos, controle de erosão e da qualidade dos solos, conservação da biodiversidade, remoção e estoque de carbono e outras medidas fundamentais para reduzir os efeitos das mudanças climáticas no mundo", indica Graça.

Além dessa preocupação ambiental, a empresa aponta que sua própria atividade é naturalmente sustentável e neutraliza as emissões de carbono. "Calculamos as emissões atmosféricas em todas as nossas atividades. Nossos mais de 170 mil há de áreas para o cultivo florestal contribuem ativamente para a retirada de carbono do ambiente superando – e muito – nossas emissões de CO?", ressalta a copresidente.

Painéis HDF e MDF de pinus, que são vendidos pela Berneck para a indústria de Mato Grosso do Sul

Berneck/Divulgação

Outra demonstração da preocupação da empresa com meio ambiente, segundo ela, é a reutilização de materiais que sobram do processo produtivo. "Em nossas unidades industriais Araucária (PR), Curitibanos e Lages (SC), os resíduos do processo de produção, que seriam descartadas no meio ambiente, são utilizados para a produção de energia térmica e vapor através da queima de biomassa. Esta energia limpa e renovável corresponde a aproximadamente 60% da energia utilizada em nossos processos industriais, poupando recursos naturais. Temos unidades industriais inteiramente planejadas para realizar a captação e canalização da água da chuva para utilização em nossos processos industriais".

A parceira da indústria de Mato Grosso do Sul destaca que as práticas de ESG (Environmental, Social and Governance), tão difundidas na atualidade, estão há décadas incoroporadas no DNA da empresa, indo além das tradicionais métricas econômico-financeiras. "A partir delas, consolidamos nossa visão sobre o tema, conectamos iniciativas e indicadores que comprovam nossa atuação na conservação do meio ambiente, relação com a comunidade e conduta corporativa", conclui a copresidente.

Unidade industrial da Berneck, em Araucária, no Paraná

Berneck/Divulgação

ESG: uma jornada para mudança cultural

Cultura é algo permanente, uma ação ou atitude que reflete as características de uma população ou determinada sociedade. Uma jornada para mudança cultural, que tem critérios que avaliam os impactos de negócios, empresas e indústrias. Este modelo tem três letras como sigla: ESG.

ESG é uma sigla em inglês para as palavras Environmental, Social e Governance. Em português, as três letras são traduzidas e ganham outro enunciado:

E - Ambiente;

S - Social;

G - Governança.

De acordo com pesquisas, a sigla ESG surgiu em meados dos anos 2000. O conceito começou a ser difundido no meio empresarial e financeiro. As três letras abrigam um conceito muito mais amplo.

Veja o infográfico abaixo e entenda o que significa cada uma das letras do conceito:

ESG é uma realidade nas indústrias de Mato Grosso do Sul.

José Câmara

O g1 conversou com a assessora do núcleo de ESG da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS), Cláudia Borges, para entender como o conceito tem sido difundido pelas empresas do estado. A especialista explica que o cenário regional ainda é diversificado.

Cláudia comenta que algumas indústrias já trilham a jornada do ESG há muito tempo. Outros empreendimentos optam por começar os investimentos com mudanças apenas em um segmento.

Optar por uma das frentes pode ser uma das opções para começar. Cláudia explica que o primeiro passo para adotar as práticas mais socioambientais é entender que o processo do ESG é uma jornada. O caminho deve ser construído para uma mudança cultural, como a especialista pondera. Assista ao vídeo abaixo.

Especialista explica a participação de indústrias na jornada do ESG

"Nós temos empresas em diferentes estágios. Algumas empresas que estão com aspectos ambientais bem à frente. Em outros aspectos precisam de iniciativas políticas a serem implementadas. Em outras partes, a questão da governança é aplicada, mas não divulgada. A adoção das práticas depende do porte das indústrias. As grandes indústrias já fazem isso de forma integrada. Temos indústrias que fazem de forma forte o ambiental, ou social ou da governança. O conjunto realizado de uma forma completa é que faz a diferença. Não é fácil realizar de forma conjunta, mas a agenda pensa nisso", detalha a especialista da FIEMS.

As empresas olham para o ESG para além de uma cultura para manter o negócio de forma sustentável economicamente por mais tempo. As mudanças propostas pela jornada devem ser aplicadas e discutidas.

Junto com a importância, a responsabilidade de assumir a agenda de transformações é feita no coletivo, ampliando o conceito para a sociedade ao entorno das empresas.

"A agenda ESG está pautada nas análises de riscos e de oportunidades. Trabalhamos para empresa olhar de forma ampla. O negócio pode ajudar a atingir metas mais globais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas. O empresário também pode olhar para o micro, mostrando como ele colabora com os seus funcionários ou sociedade local. Temos grandes desafios ao implementar o ESG como prática".

A jornada do ESG oferece uma atenção maior para a sociedade, meio ambiente e funcionários. O olhar empresarial deve ir para além do financeiro, o valor deve ser gerado em conjunto, para todos que são impactados por aquele determinado empreendimento.

Na língua inglesa, essas pessoas que são afetadas pelo determinado empreendimento são chamados de stakeholders. Comunidade, funcionários, empresários, CEO, fornecedores e a sociedade são incluídos neste conceito coletivo. A aplicação do ESG tem uma lógica de fácil compreensão. A especialista da FIEMS explica que as relações são vias de mão dupla, para que elas durem mais, o relacionamento deve ser o mais sadio possível.

Em Mato Grosso do Sul, as indústrias já adotam as práticas do ESG. Cláudia faz uma radiografia do cenário regional e enfatiza a importância de ter empresas em estágios distintos na adoção da nova jornada cultural.

"Quando vamos para as indústrias, percebemos que tem indústrias mais avançadas nessa agenda de ESG e outras que estão iniciando o processo, a jornada. As diferenças são importantes para que todas as empresas possam se apoiar. Os setores possuem suas materialidades, os pontos de atenção. Em Mato Grosso do Sul temos várias empresas em vários setores e em diferentes estágios no processo", apresenta.

Para os empresários que querem iniciar na jornada do ESG, Cláudia dá algumas dicas. Entre os conselhos da especialista, olhar para exemplos de empresas que já começaram a trilhar o processo é um caminho.

"Temos empresas que estão trilhando essa jornada há muito tempo. Nada melhor do que aprender com quem já fez. Na federação temos buscado boas práticas, identificar iniciativas que deram certo e que possam ser replicadas. A primeira coisa, se a empresa quer investir no começo da jornada, busque quem já começou. Fazer trocas é importante. A construção deve ser colaborativa".

Os pilares da companhia

Com quase 25 anos de história, a companhia se desenvolveu sobre três pilares: sustentabilidade, educação e família. São esses três elementos que tornaram a empresa de brinquedos e embalagens uma das maiores no ramo no Brasil.

Histórias como a de Josecléia Ferreira da Silva Ortiz, a Josi, como é conhecida entre os colegas de trabalho e os amigos e a família, se confunde em muitos momentos com a da fábrica e ajuda a entender esse crescimento da indústria.

Casada e mãe, ele atualmentye é auxiliar de produção da empresa, mas antes passou por vários cargos, aproveitando as oportunidades oferecidas e disposição para aprender sempre mais.

"Todo dia chego na empresa verifico se tem alguma novidade na internet sobre a reciclagem. Aí vou na prensa, onde a gente faz os fardos, tanto dos papéis quanto dos saquinhos, e verifico se preciso chamar a coleta ou não. Também oriento os colaboradores caso algum material seja descartado em um lugar inadequado. A empresa preza muito pela sustentabilidade e pelo meio ambiente", explica a colaboradora.

Apesar da rotina corrida, de estar sempre verificando os trabalhos, Josi conta que nem sempre é uma tarefa fácil fazer com que todos entendam a importância da preservação, por isso ela faz questão de explicar o motivo de cada coleta e cada descarte no lugar certo.

"A gente não pode desistir. É uma rotina diária, como na casa da gente. Assim que ingressam na empresa os colaboradores passam por um tour, onde é mostrado todos os locais corretos de destinação de cada item, de cada produto a ser descartado, onde ele vai segregar o papel, o plástico, a madeira, tudo aquilo que ele vai retirar de dentro do setor para onde vai cada coisa. E somente levar para o lixo comum aquilo que não pode ser reutilizado", finaliza Josi.

Colaboradora da indústria há 14 anos, Josi contou ao g1 que ela teve a oportunidade de acompanhar o crescimento da empresa e se desenvolver junto. "Comecei como auxiliar no setor de produção, depois me deram um cargo de líder, em sequência me levaram para corte e solda, onde eu me tornei encarregada, até chegar ao meu atual cargo", contou.

Além de investir no desenvolvimento industrial, a empresa também tem como objetivo priorizar os funcionários, dando oportunidade, estudo e aprimoramentos. Assim como Josi, Célia Regina Gotardo Frade, atual gerente administrativa da área comercial, relata que passou pela mesma evolução.

"Entrei no chão de fábrica e trabalhei em vários setores da empresa. Hoje, com 23 anos de história dentro da companhia, atuo na parte de atendimento e recebimento de pedidos junto dos representantes e clientes", explica Célia.

Para a auxiliar de produção, o desenvolvimento educacional e também a valorização da família foram primordiais.

"A empresa quer crescer e também ver os seus colaboradores crescerem juntos. O mesmo aconteceu com o meu esposo, ele iniciou na parte das máquinas de corte lá em 1999 e hoje é gerente de produção da manutenção de toda a empresa. Até os meus filhos tiveram a oportunidade de trabalhar como jovens aprendizes aqui", conta Josi.

Para a colaboradora, ter sua família tão valorizada pela empresa foi primordial. Mas, acima de tudo, ela enxerga nos diretores e colegas o mesmo objetivo, honrar os pilares que fizeram com que a empresa chegasse aos 25 anos de história.

Josi afirma que não trabalha somente em uma indústria de brinquedos, mas sim construindo sonhos e mudando a vida de muitas crianças.

"Pra mim é muito importante trabalhar numa empresa de brinquedo, porque você está trabalhando para levar sonhos para outras pessoas, principalmente para uma criança. Nessa construção temos que pensar na particularidade de cada um, que essa criança vai usar o brinquedo para se divertir, mas também para a sua própria formação. Aqui fazemos brinquedos para que essas crianças possam desenvolver suas habilidades, tanto física, cognitiva e até mesmo emocionais. Muitas vezes a gente vê a satisfação da criança quando ela pega um brinquedo e ela pode transformar ele", finaliza.

Integração com a comunidade

Instituto Dom Afonso Maria Fusco atende 225 crianças e adolescentes

Reprodução

Além de movimentar a economia, gerar empregos e desenvolver práticas sustentáveis, a indústria também atua na área social. Dezenas de crianças que frequentam o Instituto Dom Afonso Maria Fusco são beneficiadas com atenção, carinho e a doação de brinquedos durante o ano.

A entidade atende crianças e adolescentes com idades entre 6 e 17 anos, no contraturno escolar, oferecendo diversas atividades e oficinas, além de preparação para o 1º emprego e conhecimentos religiosos.

"Ninguém faz nada sozinho. A empresa é muito grande e realiza um trabalho que não gera apenas empregos e traz desenvolvimento a cidade de Aparecida do Taboado, a indústria leva alegria e assistência para dezenas de crianças", aponta a diretora da instituição, a irmã Batistina Silvana Regina Moreira.

Atualmente, a instituição atende 225 crianças e adolescentes, no período matutino e vespertino.

Instituição atende crianças e adolescentes com idades entre 6 e 17 anos

Reprodução

Ao g1, Silvana contou que a instituição surgiu a partir do sonho de um grupo de Irmãs Batistinas, em 1986, que entenderam a importância de realizar o trabalho social para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

Os alunos que são atendidos no contraturno escolar participam de oficinas e atividades, sendo elas: informática básica, informática educacional, dança, circo, teatro, musicalização, apoio pedagógico, esporte, karatê, educação ambiental, leitura e criação, artesanato, projeto empreendedorismo juvenil para adolescentes e apoio psicossocial.

Parceria que faz a diferença

Campanha Natal Solidário

Reprodução

Silvana destaca que é brincando que a criança encontra uma maneira de interagir com o mundo e a parceria com a indústria traz momentos de felicidade e alegria para os alunos da instituição. "Há muitos anos existe essa parceria com a fábrica, sempre que a gente precisa de alguma assistência, são sempre solícitos e nos ajudam. Existe o lado social e também o afetivo, pois grande parte dos pais dos nossos alunos trabalham na fabricação dos brinquedos".

A indústria realiza doações de brinquedos em datas comemorativas como Dia das Crianças e Natal, além de doar materiais recicláveis que são utilizados em atividades pedagógicas na instituição. A coordenadora relata que a parceria faz a diferença na vida de dezenas de crianças e adolescentes.

"Somos um centro de convivência e fortalecimento de vínculos. Todos os jogos pedagógicos que utilizamos para atividades de alfabetização foram doados pela fábrica. Muitas crianças sentiram muito o momento da pandemia e por isso o trabalho educacional é muito importante. As crianças adoram e a gente percebe que faz a diferença na qualidade de ensino, através de brincadeiras vamos reforçando o que eles aprendem na escola".

Doação de brinquedos em comemoração de Natal

Reprodução

O instituto mantém ainda uma horta social, com plantação de diversas verduras que são utilizadas nas refeições oferecidas aos alunos. A horta é mantida por um funcionário com a colaboração de alguns dos estudantes.

O prefeito de Aparecida do Taboado, José Natan de Paula Dias, destaca a importância da indústria para a cidade. "É de suma importância. É a empresa que mais emprega no município. Nós temos a geração de empregos e sabemos o quanto é difícil empreender hoje no país. A fábrica começou aqui com a gente, quando eu ainda era criança, mas pude acompanhar um pouquinho dessa história e da plena expansão que tem toda essa família Gala, da família País & Filhos e que gera para gente uma grande parte da economia local. Ficamos muito felizes de sermos o 'berço' da maior indústria de brinquedos de Mato Grosso do Sul e uma das maiores do país".

Protagonismo Juvenil

Atualmente a indústria emprega dois jovens do Instituto Dom Afonso Maria Fusco através do projeto Protagonismo Juvenil. Recentemente, um dos alunos foi efetivado na fábrica.

"Nossos alunos já realizaram várias visitas na fábrica e inclusive muitos pais trabalham lá. Hoje temos dois jovens empregados através do nosso projeto e outro que completou 18 anos e foi efetivado. A sensação é de dever cumprido ao ver que nosso trabalho está valendo a pena e ajudando no progresso de adolescentes".

A coordenadora explica que durante as oficinas, os jovens trabalham o empreendedorismo, dinâmica em grupo, trabalho em equipe, tecnologia e matemática. "Muitas pessoas não sabem, mas além das doações também temos uma parceria que integra nossos jovens ao mercado de trabalho. É muito emocionante ver como o nosso trabalho faz a diferença na vida das pessoas".

Nada se perde, tudo se transforma

Fardos de papel produzidos pela empresa, que são enviados para recicladoras.

Divulgação

Além dos insumos reciclados serem usados para a prática pedagógica em instituições da capital, a empresa Pais e Filhos também produz em média 4% de produtos/componentes com material reciclável. Além disso, são recicladas 6 toneladas por mês.

A analista administrativo do Programa Produção Mais Limpa (PL), Josecléia Ferreira da Silva Ortiz, explica que entre 2019 e 2021, a empresa traçou objetivos ambientais através do Planejamento Estratégico, atualmente chamado de "Projeto A3 para Redução de Perdas no Processo Produtivo". O foco da empresa, reforça a profissional, foi reduzir a geração de resíduos sólidos com metas rígidas e com acompanhamento mensal da Alta Direção.

Sendo assim, a empresa distribui os papéis recicláveis, como sobras de embalagens de presentes, para entidades responsáveis que, por sua vez, também fornecem matéria prima. "Elas coletam os resíduos e efetuam a reciclagem, transformando em matéria prima, para que seja utilizada na fabricação de embalagens", apontou.

O material que sobra é triturado e armazenado em sacos plásticos para ser levado ao setor de injetados. Após a parte criativa, eles são colocados na máquina de injeção e usados para fabricar novos brinquedos, por exemplo os da linha "Halloween".

Brinquedos da linha Halloween fabricados a partir de matéria-prima reciclada

Divulgação

De acordo com Josecléia, um dos motivos para a empresa investir na reciclagem é contribuir com o processo de conversão de desperdício em materiais ou produtos.

"Este processo permite à nossa empresa reduzir o consumo de matérias-primas, mantendo a qualidade dos produtos e com isso ajudando a diminuir a poluição do ar e da água, ao reduzir também a necessidade de tratamento convencional de lixo e a emissão de gases do efeito estufa. A reciclagem é um componente essencial hoje na área industrial, desta forma estamos contribuindo com o meio ambiente e economia dos processos industriais".

A analista reforça ainda que a empresa integra o Sistema de Logística Reversa de Embalagens (SisRev), do governo do estado. O programa prevê que as empresas reciclem pelo menos 22% de todo o lixo produzido, desviando estes materiais dos aterros sanitários.

As sobras de papéis de presentes também são reciclados.

Divulgação

A diretora de Desenvolvimento do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Thaís Caramori, explicou que a partir de 2011 iniciou-se no estado o Plano Estadual de Resíduos Sólidos e, assim, foi possível instaurar políticas públicas relacionadas ao reuso de matérias-primas. Entre eles, o SisRev.

Todas as indústrias que comercializam em Mato Grosso do Sul, sejam do estado, ou de outras unidades federativas, precisam comprovar anualmente que reciclam parte do lixo que produzem.

"Ela (indústria) pode apresentar para a gente um sistema de logística reversa dela própria ou ela pode se associar a uma entidade gestora que vai estruturar, implementar e operacionalizar todo esse sistema de logística reversa", disse.

Em suma, as indústrias comercializam embalagens de papel, plástico, vidro e metal. Com base em cada tipo de embalagem, a entidade gestora calcula a porcentagem que a empresa deverá reciclar, com base nos produtos que foram produzidos e circularam em Mato Grosso do Sul.

Material triturado é usado para fabricação de brinquedos flexíveis.

Divulgação

Uma indústria que circulou mil toneladas, por exemplo, terá que comprovar para o Imasul que retornou para o ciclo produtivo 220 toneladas de resíduos sólidos.

"Não é simplesmente aquilo que você utiliza, que você joga fora e pronto. Você tem a sua responsabilidade enquanto usuário, que você tem que dar uma destinação adequada daquilo, mas também a indústria tem a responsabilidade dela que é pegar aquele produto de volta", alegou a diretora.

Em 2019, quando o SisRev começou a ser posto em prática, cerca de 14 empresas começaram a participar e foram responsáveis por desviar 24 mil toneladas de materiais dos aterros sanitários. Em 2020, o número de matéria prima que voltou para o ciclo produtivo subiu para 27 mil toneladas. Já os números de 2021 ainda estão sendo analisados pelo Imasul.

Ciclo da SisRev

Reprodução/Semadesc

"Antes se falava de desenvolvimento sustentável, né? Agora se fala em ESG. Isso é estar retirando menos matéria-prima da natureza, fomentando o reuso desse material através da reciclagem. É produção de emprego e renda para a população. Hoje, 85% dos municípios do estado já fazem a destinação adequada dos seus resíduos sólidos, seja destinando pro seu próprio aterro ou fazendo transbordo para outros municípios. Porque tem muitos casos que o município não tem aterro", completou Thais.

No entanto, a diretora reforça que para o sistema de logística reversa funcionar, é necessário que cada um faça sua parte.

"Todo material que chega lá na cooperativa tem que ser um material seco, material limpo e tudo isso depende da coleta que é feita nas casas. Eu sempre falo que o sucesso começa dentro da casa da gente, na separação do material", ressaltou.

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