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Mortalidade por câncer colorretal na América Latina cresce 20,5% em 30 anos

Agência gov A mortalidade por câncer colorretal está crescendo na América Latina.

Por Midia NAS em 14/10/2023 às 14:27:22
Foto: Reprodução internet

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Agência gov

A mortalidade por câncer colorretal está crescendo na América Latina. Publicado na revista científica Plos One , um estudo realizado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e da Universidade da Califórnia San Diego mostrou que, entre 1990 e 2019, a alta foi de 20,5%. Na maioria dos países da região, incluindo o Brasil, a tendência é de aumento. O crescimento da mortalidade por câncer colorretal na América Latina vai no sentido oposto da tendência global, que tem sido de queda da taxa, resultado influenciado pelos países de alta renda.

Além de descrever tendências na mortalidade pela doença na América Latina, a pesquisa relacionou os dados ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países. O aumento da mortalidade na região, a mais desigual do planeta, foi observado de forma heterogênea. A pesquisa confirmou que existe uma ligação entre as tendências de mortalidade por câncer colorretal e o desenvolvimento socioeconômico dos países latinoamericanos. No entanto, essa relação não é linear.

Países com baixo IDH possuem menor mortalidade por câncer colorretal. Os fatores que influenciam essa relação são, principalmente, o subdiagnóstico e o menor acesso a fatores de risco conhecidos, como o consumo de alimentos ultraprocessados e carne vermelha. Já os países de desenvolvimento médio possuem, por um lado, acesso tardio ao diagnóstico e dificuldades com o tratamento em tempo oportuno, o que reduz a sobrevida dos pacientes. Além disso, esses países possuem maior exposição aos fatores de risco, como é o caso do Brasil. Ao contrário, os países de alto desenvolvimento diagnosticam a doença precocemente e a população tem uma tendência a padrões alimentares mais saudáveis.

"É interessante observar que a desigualdade entre os países é tão gritante, que há alguns, como o Uruguai e a Argentina caminhando para um declínio da mortalidade por câncer colorretal. Apesar de ter um alto consumo de carne vermelha, eles conseguem diagnosticar e tratar num tempo oportuno, evitando mortes. Já países da América Central possuem um cenário diferente: a alimentação tem menos risco, mas há subdiagnóstico e pouco acesso a tratamento", exemplificou um dos autores, Raphael Guimarães, do Departamento de Ciências Sociais da Ensp/Fiocruz.

O pesquisador afirmou que é uma tendência mundial, nas áreas que estudam câncer, compreender cada vez mais para os chamados efeitos contextuais, principalmente os socioeconômicos. "As pesquisas sobre câncer têm buscado olhar para além dos fatores biológicos, já bastante conhecidos. Atualmente, há muitos esforços nesse sentido", explicou.

Há uma pesquisa nos mesmos moldes sendo desenvolvida no Brasil, contou Raphael Guimarães. "Escolhemos analisar a América Latina justamente pela característica da desigualdade que há entre os países que a compõem. Essa realidade da região como um bloco é semelhante com o que o Brasil tem internamente. Por isso, estamos com outra pesquisa em andamento para replicar o estudo. Preliminarmente, podemos afirmar que há a mesma associação com os fatores socioeconômicos, o mesmo paradoxo entre IDH e mortalidade por câncer colorretal", antecipa.

A taxa de mortalidade ajustada por idade foi extraída do estudo Global Burden of Disease (GBD) de 22 países, sub-regiões e grupos de países latino-americanos previamente classificados pelo estudo GBD devido ao Índice Sociodemográfico (SDI) no período analisado. Os pesquisadores aplicaram modelo de regressão à taxa de mortalidade segmentada para analisar a tendência temporal.

Nas conclusões da pesquisa, os autores recomendam a realização de estudos que avaliem os contextos sociais e económicos dos países para uma avaliação robusta e prestação de serviços preventivos, diagnósticos e curativos para reduzir a mortalidade por cancro na América Latina.

Por:  Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz)

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