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Política

Bolsonaro, Tereza Cristina e Simone Tebet puxam votos em 2º turno acirrado em MS


Ex-ministra de Bolsonaro, Tereza Cristina (de branco), eleita senadora, discursa em campanha ao lado de Eduardo Riedel (de azul), que disputa o Governo de Mato Grosso do Sul – Eduardo Riedel no Facebook

SÍLVIO FRIAS

CAMPO GRANDE – O presidente Jair Bolsonaro (PL), sua ex-ministra Tereza Cristina (PP) e a ex-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB) figuram entre os puxadores de voto na disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul.

Capitão Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB) chegam ao segundo turno, a ser definido neste domingo (30), ancorados em nomes nacionais para angariar voto dos indecisos.

Renan Contar, o Capitão Contar, terminou o primeiro turno com 384.275 votos, o equivalente a 26,71% dos votos válidos, enquanto Eduardo Riedel obteve 361.981 votos, ou 25,16% dos votos válidos. A diferença em números absolutos foi de 22.294 votos.

Os dois são apoiadores à reeleição de Bolsonaro e tentam associar as respectivas imagens ao candidato à Presidência.

Bolsonaro chegou a declarar apoio a Contar no dia 29 de setembro, durante debate da TV Globo, após ser provocado pela candidata do União Brasil, Soraya Thronicke. "Você me deve uma, Contar", disse a senadora, na ocasião.

O vídeo do debate é usado à exaustão pela campanha de Capitão Contar. A coligação de Riedel entrou com recurso na Justiça Eleitoral.

O argumento é que a declaração já não retratava mais a realidade, induzindo o eleitor ao erro. Isso porque, uma semana após o debate, Bolsonaro gravou um vídeo se dizendo neutro na disputa no estado.

Candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul Capitão Contar (PRTB), em campanha no segundo turno – Capitão Contar no Facebook

Ao lado dele, estava a ex-ministra da Agricultura e Pecuária Tereza Cristina (PP), eleita senadora pelo estado. O recuo, aliás, foi justamente para desfazer o mal-estar, já que o PL está coligado com o PSDB em Mato Grosso do Sul.

A Justiça Eleitoral determinou que a campanha do PRTB contextualize o momento em que o vídeo foi gravado e também decidiu que deve ser divulgada a neutralidade de Bolsonaro. Advogados de Contar recorreram da decisão.

Com a neutralidade de Bolsonaro, Tereza Cristina é considerada peça fundamental na campanha de Eduardo Riedel. Na sabatina da Folha, na última quinta (20), o tucano exaltou a parceria da época em que ele era secretário da Infraestrutura de Mato Grosso do Sul.

"Nós temos origem nas atividades agropecuárias, construímos projeto para o estado, muito bem definido, está no nosso plano de governo", disse.

Riedel afirmou ainda que a relação se solidificou. "A posição da ministra não mudou em relação ao apoio à minha candidatura." Também convidado, Contar alegou problemas de agenda e não aceitou participar da sabatina.

Riedel ainda tem a seu favor o apoio da senadora Simone Tebet (MDB), candidata derrotada à Presidência. Em uma postagem no Instagram, Tebet lista "o melhor time de candidatos" para quatro estados, entre eles o tucano para Mato Grosso do Sul.

Contar angariou apoio da maioria dos adversários derrotados: o ex-governador André Puccinelli (MDB), o ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) e a ex-vice-governadora Rose Modesto (sem partido).

Ele aposta na identidade bolsonarista para conquistar o eleitorado. Em 2018, elegeu-se deputado estadual pelo PSL, antigo partido do presidente. Tem como slogan "Capitão lá, capitão cá" em alusão à origem militar de Bolsonaro.

"A minha candidatura é 100% do Bolsonaro, a do outro flerta com a esquerda", disse, referindo-se ao apoio do ex-governador Zeca do PT, recém-eleito senador, dado a Riedel.

Os ataques sistemáticos nas propagandas eleitorais e nas redes sociais também fazem parte da disputa no segundo turno.

Riedel diz que Contar é inexperiente e se vangloria de ser o novo, mas recebe apoio da "velha política", contaminada com denúncia de corrupção e assédio sexual.

O adversário rebate dizendo que o tucano faz parte do governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) há oito anos e não representa nada de novo.

O professor de ciência política da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Victor Garcia Miranda, chama atenção para a incerteza da migração dos votos não só dos indecisos e dos adversários derrotados, mas dos eleitores do outro candidato à Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Embora tenha ficado atrás de Bolsonaro no estado na etapa inicial, Lula recebeu 588.323 votos em Mato Grosso do Sul, 39,04% dos votos válidos.

"Não é desprezível a quantidade de votos que Lula teve no estado, a gente não sabe direito como é que esses votos podem se acomodar. Vai ter nacionalização da eleição estadual ou não?", questionou.

Miranda disse acreditar que seja fenômeno difícil de acontecer em Mato Grosso do Sul e que votos dados a Lula podem ser direcionados para o candidato que simboliza o antipetismo, por conta do perfil regional.

"É o eleitor que busca renovação, movido por valores conservadores e até reacionários."

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