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O curioso caso dos críticos que odeiam as consequências daquilo que eles produziram

A OCDE criticou esta semana a decisão politiqueira de Dias Toffoli de anular, monocraticamente, como um deus em seu Olimpo, ou como um juiz francês nos anos de terror da Revolução, todas as provas obtidas, durante anos de investigação, contra Odebrecht e demais acusados da Lava Jato, corroboradas por inúmeros procuradores e juízes de várias instâncias.

Por Midia NAS em 21/10/2023 às 08:04:30

A OCDE criticou esta semana a decisão politiqueira de Dias Toffoli de anular, monocraticamente, como um deus em seu Olimpo, ou como um juiz francês nos anos de terror da Revolução, todas as provas obtidas, durante anos de investigação, contra Odebrecht e demais acusados da Lava Jato, corroboradas por inúmeros procuradores e juízes de várias instâncias. No entanto, vários líderes na OCDE e de outras organizações, engajadas num projeto de "democracia do amor", torceram e fizeram campanha ‒ velada ou aberta ‒ para a eleição de Lula, acreditando naquele velho conto do "socialista democrático"; obviamente, aqui, entende-se que o STF brasileiro ‒ como disse Gilmar Mendes esta semana ‒ faz parte do conglomerado do mainstream político brasileiro regido sob a liderança do petista mor do Palácio do Planalto. E, tal qual a OCDE, existem uns dois ou três jornais brasileiros que, agora, fingem oposição aguerrida contra o atual governo e seus desmandos, contra o STF e sua cruzada autoritária bisonha, mas que há um ano apoiavam firmemente com bandeiras e textões editoriais a eleição do petista.

Eis uma tendência atualíssima para aqueles que gostam de contabilizar modismos idiotas: odiar os efeitos daquilo que eles mesmos causaram, a sequela dos acidentes que eles mesmos produziram, tal como uma criança que faz um bolo de terra e, depois de comê-lo, reclama efusivamente de seu gosto. Não existe "socialismo moderado" ‒ gosto sempre de lembrar ‒, pois todo socialismo é um processo que visa às mesmas conclusões utópicas de sempre, pressupondo uma perfeição humana padronizada de desejos, ações e desprendimentos que só podem ser alcançados malemá por meio de sujeição e ditadura; e ainda que repintado sob uma linguagem mais sutil que aquela usada por Marx e Engels no século XIX, Lênin e Mao no século XX. O progressismo esquerdista atual continua a sua saga rumo a uma fantasia social inatingível baseado num igualitarismo massificante conduzido por um Estado totalitário cada vez mais asfixiante e criminoso.

Aqueles que apostaram nos esquerdismos latino-americanos ‒ principalmente o de Lula ‒ como um retorno à normalidade democrática hoje tomam sustos cínicos quando percebem que o modus operandi deles são os mesmos dos socialistas autoritários de sempre, barrados aqui tão somente por um Congresso mais coeso de centro-direita, uma forte crítica conservadora da população e certos setores independentes da mídia e da sociedade. Nesses meses de governo petista, Lula já tentou implementar e recriar impostos para financiar os descalabros governamentais e expansão estatal, tentou barrar acordos de privatização feitos no governo passado, censurar a internet com um projeto draconiano digno de União Soviética e sobrevive das canetadas encomendadas aos ministros que ele indicou à Suprema Corte.

Seja com arrastos de lesmas ou com piras revolucionárias grosseiras, a ideologia esquerdista sempre tem um final programático em suas ações. E ainda que com decorações novas para fins velhos, o problema continua no meio, e o meio importa. Os atuais assombros dos moderados com os atos antirrepublicanos do petismo trata-se, assim, de uma repetição mórbida e patética dos mesmos espantos dos moderados de outrora; algo tão pitoresco e ridículo quanto socar pontas de facas na esperança de que, na próxima, seja a ponta que dobre ao invés de carne que ceda. Entra ano, sai ano, acreditando sempre nesse "socialismo democrático", os amenos que apoiam tais governos se arvoram, assim, a criticarem aquilo que eles construíram, revoltando-se com os erros de seus filhos como se nada tivessem a ver com eles, como se os erros dos filhos costumeiramente não fossem filhos dos erros dos pais.

Ainda que não denunciada, ainda que muito bem encapada pela mídia/assessoria governamental que aqui temos, o que vemos no Brasil é um desgoverno factual, plantado e nutrido por um sistema jurídico aos frangalhos, de pé tão somente porque os interesses políticos e econômicos dos grandes convergem na busca de benefícios infinitos do Estado ‒ um cadáver animado por uma falsa alma de democracia ordeira. Temos ineptos mancomunados com déspotas nadando num mar de vigarices políticas e vantagens econômicas. Hoje toda essa burla oficial só é eleita pela união de militantes cegos, moderados com ilusões infantis e vampiros que precisam de um Estado gigante para acomodar seus pesos parasitários, indivíduos que continuam a acreditar numa possibilidade de sociedade perfeita, estruturada em bafos discursivos de ideólogos talentosos, ou homens que precisam de poder e dinheiro estatal, assim como um dependente precisa de sua droga e um canto escuso para usá-la. Dessa forma, as críticas dos ex-fiéis são as mais tolas de todas, pois, tirando aquela parcela que finalmente acordará de seu sono ideológico, a maioria continuará socando as facas nas próximas eleições. E, assim, numa mistura de lampejos de dignidade e vislumbre da realidade, sobrepostos posteriormente pelas miragens de um "socialismo democrático", os moderados continuam em suas sagas psicóticas de odiarem os resultados das práticas que eles mesmos possibilitaram.

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