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O número de acidentes de trânsito nas rodovias federais voltou a crescer depois de 10 anos em queda. É o que mostra o anuário 2021 da PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgado em maio deste ano. O anuário também revela que 41% dos acidentes aconteceram com jovens de 17 a 35 anos.
Não por acaso, uma pesquisa realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito do Instituto Penido Burnier, mostra que o ceratocone, doença ocular que altera a curvatura da córnea e geralmente aparece na adolescência, é um dos fatores que mais contribui com o alto índice de acidentes de trânsito entre jovens.
Isso porque, 20% dos 315 participantes no levantamento afirmaram que o ceratocone dificulta a direção, um em cada oito não consegue dirigir à noite, e o mesmo índice não consegue dirigir independente do horário e luminosidade.
Além disso, diminui o reflexo e dificulta a leitura das placas de sinalização. O problema também aumenta a fadiga visual, a aversão à luz e o ofuscamento pelos faróis contra e a visão de halos noturnos.
O ceratocone, ainda segundo o médico, atinge 100 mil brasileiros e responde por sete em cada dez transplantes de córnea no país. Trata-se, portanto de um grave problema de saúde pública, uma vez que a visão responde por 80% de nossa integração com o meio ambiente e quem passa por transplante pode ter rejeição da córnea. O médico conta que alguns jovens passam por vários transplantes.
"No início da doença os óculos oferecem boa correção visual, mas a pesquisa mostra que 61% dos participantes só consegue enxergar bem com lente de contato. As rígidas são usadas por 74% deste grupo porque aplanam a córnea e proporcionam melhor correção visual", afirma o Dr. Leôncio Queiroz Neto.
A pesquisa mostra que 12% dos participantes têm medo de passar pelo crosslinking, único tratamento que interrompe a progressão do ceratocone e evita o transplante. Queiroz Neto explica que as fibras de colágeno da córnea, lente externa do olho, são frágeis em quem tem a doença e por isso conforme evolui, o formato altera de esférico para o formato de um cone. O crosslinking é um procedimento ambulatorial em que o cirurgião associa riboflavina (vitamina B2) e radiação ultravioleta para aumentar a resistência da córnea em até três vezes.
Queiroz Neto afirma que o risco de passar pelo procedimento é menor do que não passar quando o paciente tem indicação. A doença estacionou em 88% dos que passaram pelo crosslinking e 45% também tiveram melhora da visão.
Outra técnica para evitar o transplante de córnea utilizada nos participantes da pesquisa foi o implante de anel intercoreano que aplana a curvatura da córnea. Para 74% este implante melhorou a visão, além de permitir melhor adaptação da lente de contato.
Outros 20% não passaram pelo procedimento por ter medo de complicações apesar do procedimento ser reversível.
O transplante de córnea só foi realizado por 12% dos participantes da pesquisa e apesar da cirurgia ter sido feita pelo método convencional 70% afirmaram ter grande melhora da visão e 32% uma pequena melhora.
Queiroz Neto ressalta que hoje o transplante pode ser feto com o laser de femtosegundo, que torna o procedimento mais preciso. Ou, ainda, pela técnica lamelar em que a camada interna da córnea, o endotélio, é preservada, reduzindo assim ao risco de rejeição.
O maior problema, conforme o Dr. Leôncio Queiroz Neto, continua sendo a falta de informação. Assim como, o acesso cada vez menor da população aos tratamentos de ponta para que tenhamos uma grande redução no número de acidentes entre jovens.
"Para quem foge da prevenção a má notícia é que o relatório 2022 da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) revela que a taxa de doações de córnea caiu 7.1% em relação a 2021% porque mais familiares são contrários à doação. Até março, 4.965 ingressaram na fila de espera do transplante de córnea. Além disso, um total de 19.156 aguardavam pela cirurgia no final do primeiro semestre do ano", finaliza o médico.
Com informações da Assessoria de Imprensa