A organização dos Jogos deixa claro em seu regulamento que, além das medalhas de ouro, prata e bronze, nenhum outro prêmio - no qual se enquadra um repasse financeiro - será destinado aos vencedores das provas no Chile. Na seção 14, artigo 5º, que aborda as premiações oferecidas aos atletas no Pan, está escrito que "nenhum prêmio além dos descritos acima (medalhas) será concedido nos Jogos, salvo decisão em contrário da Diretoria Executiva do Pan". Em Santiago, vale o que está descrito na seção.
Por parte do Comitê Olímpico do Brasil (COB), também não haverá repasses financeiros aos atletas, por incentivo, nas conquistas em Santiago. Os atletas sabem disso e não competem com essa intenção. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, realizados em 2021, a entidade adotou, pela primeira vez em sua história, uma política para destinar uma parcela de suas verbas aos medalhistas. Em 2024, em Paris, acontecerá o mesmo. No Pan, entretanto, ao menos até a edição de Santiago, nunca houve uma premiação do tipo.
O COB já definiu a premiação para a Olimpíada de Paris. "A premiação (em Paris) para o medalhista de ouro, no individual, é de R$ 350 mil. Para os esportes de grupo, R$ 700 mil, e para o esporte coletivo, R$ 1,05 milhão. A previsão é de R$ 7,2 milhões no total, no bruto: US$ 1,5 milhão", afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley, durante o anúncio das premiações para a Olimpíada de 2024. Os valores são, segundo o comitê, 40% superiores àqueles ofertados para as conquistas em Tóquio.
PORQUE NÃO HÁ PREMIAÇÃO NO PAN-AMERICANO
Segundo apurou o Estadão, alguns fatores fazem com que o COB decida por não ofertar um prêmio em dinheiro aos atletas medalhistas. O primeiro deles é o número de conquistas. Em Tóquio, o Brasil terminou em 12º no quadro de medalhas, com 21 conquistas ao todo. Só na primeira semana do Pan de Santiago, já foram 49 pódios. Caso mantivesse repasses semelhantes à Olimpíada, o COB gastaria com premiações mais do que o dobro do esperado para Paris, em 2024. No Pan de Lima, em 2019, a delegação brasileira festejou 171 medalhas.
Há outros elementos que fazem com que o COB decida não premiar os atletas no Pan. Uma deles é a defesa do espírito dos Jogos. No Pan, as glórias esportivas e o sonho de defender o Brasil devem se sobressair às premiações em dinheiro, argumentam os membros do COB. Em 2007, quando o Pan foi realizado no Rio, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) destinou uma premiação para os atletas brasileiros medalhistas naquela edição. Na ocasião, uma medalha de ouro foi revertida em R$ 10 mil ao vencedor; prata e bronze refletiram em R$ 7 mil e R$ 5 mil, respectivamente.
REPASSSES DO COB
Não há premiações individuais, mas o COB destina uma parcela de seus ganhos e verba para as confederações nacionais a cada ano. Para 2024, a porcentagem de dinheiro levará em consideração os resultados dos Jogos Pan-Americanos. Mas não somente. Neste ano, por meio do repasse da Caixa Econômica Federal e das loterias, o comitê destinou R$ 201 milhões ao esporte brasileiro. O montante é repartido entre as modalidades. Quem dá mais retorno (medalhas e conquistas) tem direito a verba maior.
Os critérios para destinar essa verba leva em consideração os resultados dos atletas na temporada do esporte brasileiro. Em 2023, além do Pan, são avaliados os desempenhos em Mundiais e torneios internacionais - como é o caso da Diamond League, no atletismo. "A descentralização de recursos é uma marca dessa gestão do COB. E a correta aplicação desta verba pelas Confederações traz evolução às modalidades e aumenta as chances de as entidades receberem um volume superior nos próximos anos. A meritocracia segue sendo um pilar importantíssimo para o Comitê", afirmou o presidente do COB em dezembro.
Para o próximo ano, a tendência é de que o valor seja ainda superior ao montante de 2023. A cada ano, o COB tem uma política de impulsionar o esporte brasileiro, aumentando seu investimento e verbas para cada uma das confederações. Impulsionados pelo resultado nos Jogos Olímpicos e nos Mundiais, a ginástica é a segunda modalidade que mais recebe verbas do COB; a natação lidera o quesito.
Confira os valores repassados a cada modalidade em 2023 pelo COB:
Atletismo: R$8,3 milhões
Badminton: R$4,96 milhões
Basquete: R$4,693 milhões
Boxe: R$8,208 milhões
Breaking: 3,045 milhões
Canoagem: R$7,961 milhões
Ciclismo: R$6,082 milhões
Desportos Aquáticos: R$12,025 milhões
Desportos na Neve: R$4,849 milhões
Desportos no Gelo: R$4,623 milhões
Escalada Esportiva: R$3,98 milhões
Esgrima: R$4,453 milhões
Ginástica: R$10,633 milhões
Golfe: R$4,37 milhões
Handebol: R$5,004 milhões
Hipismo: R$7,291 milhões
Hóquei sobre Grama: R$4,286 milhões
Judô: R$7,983 milhões
Levantamento de Pesos: R$5,167 milhões
Pentatlo Moderno: R$4,245 milhões
Remo: R$4,73 milhões
Rugby: R$4,501 milhões
Skate: R$7,448 milhões
Surfe: R$7,233 milhões
Taekwondo: R$6,357 milhões
Tênis: R$5,264 milhões
Tênis de Mesa: R$5,904 milhões
Tiro com Arco: R$5,362 milhões
Tiro Esportivo: R$5,218 milhões
Triatlo: R$5,301 milhões
Vela: R$7,118 milhões
Vôlei: R$9,82 milhões
Wrestling: R$4,586 milhões
Critérios (e seus respectivos pesos) utilizados para a descentralização dos recursos da Lei das Loterias:
Medalhista na última edição de Jogos Olímpicos (15,75%)
Multimedalhista na última edição de Jogos Olímpicos (13,39%)
Medalhista na penúltima edição dos Jogos Olímpicos (4,72%)
Top 8 nas duas últimas edições dos Jogos Olímpicos (2,36%)
Número de eventos com participação brasileira na última edição dos Jogos Olímpicos (2,36%)
Top 8 no último Campeonato Mundial adulto (4,72%)
Medalhista no último Campeonato Mundial Adulto (12,6%)
Top 8 no último Campeonato Mundial Sub-21 (2,36%)
Medalhista no último Campeonato Mundial Sub-21 (9,45%)
Aproveitamento de medalhas na última edição de Jogos Pan-americanos (7,48%)
Medalhista de ouro na última edição de Jogos Pan-americanos (8,27%)
Prestação de Contas - Qualifica a performance das Confederações nos processos de prestação de contas da Lei Agnelo/Piva no ano corrente (8,27%)
Programa Gestão, Ética e Transparência (8,27%)