Ao menos 27 pessoas foram mortas durante a passagem do furacão Otis, que atingiu o Pacífico mexicano como furacão de categoria 5, a mais alta na escala Saffir-Simpson. Este é o primeiro relato de mortes, visto que a área afetada está praticamente isolada desde a meia-noite de terça-feira, 24, quando os ventos do Otis, de 270 km/h, começaram a ser sentidos. Além disso, foram registrados quatro desaparecidos, hotéis e comércios parcialmente destruídos e comunidades sem energia e incomunicáveis. “Infelizmente, recebemos o relatório dos governos estadual e municipal de 27 pessoas mortas e quatro desaparecidas”, disse a secretária de Segurança, Rosa Icela Rodríguez, durante a coletiva de imprensa presidencial. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que os mortos estão “basicamente em Acapulco” e que três dos desaparecidos são militares. “Quem perdeu a vida foi por efeito do furacão”, disse, detalhando que os ventos derrubaram praticamente todas as árvores e inúmeros postes, além de relatos de quedas de estruturas de casas. Ele anunciou que uma ponte aérea será estabelecida para entregar ajuda à população e materiais para restabelecer os serviços.
As comunicações telefônicas começaram a ser retomadas durante a manhã desta quarta-feira, 25, enquanto a rodovia do Sol, a rota mais rápida da Cidade do México, foi reaberta ao tráfego. Danos significativos também são relatados na infraestrutura do popular balneário, com quase 780 mil habitantes, metade deles ainda com cortes de energia devido ao colapso de 58 torres de alta tensão. Em Acapulco também há comunidades pobres instaladas em morros, em casas feitas de materiais frágeis. É desconhecido o registro de danos nesta região. Uma equipe da AFP visitou a área costeira nesta quinta-feira, onde constatou danos importantes em hotéis, casas e lojas, além de alguns saques em estabelecimentos abandonados. Uma das principais avenidas do porto permanecia coberta de lama enquanto dezenas de pessoas caminhavam, devido à ausência do transporte público. Outras tentavam, sem sucesso, pegar um táxi.
Alguns moradores que perambulam procurando água e comida param as equipes de imprensa para pedir que lhes deixem dar um telefonema para familiares ou que enviem uma mensagem dizendo que estão a salvo. Aplicativos de mensagens de celular criaram chats para diferentes áreas de Acapulco para a participação daqueles que buscam notícias de seus entes queridos, embora muitos já estejam saturados, constatou a AFP. Durante a manhã, militares do Exército trabalhavam para limpar a lama, escombros e árvores caídas das ruas, enquanto ao meio-dia, as ruas para entrar e sair do porto registravam um tráfego intenso com áreas interditadas. A força dos ventos foi tanta que conseguiu virar e arrastar veículos, como um caminhão de carga que tombou em uma avenida ou um carro que foi arrastado para o lobby de um luxuoso hotel em meio a vidros e escombros.
Punta Diamante, a zona mais luxuosa e moderna do porto e onde há hotéis e edifícios de apartamentos com cerca de vinte andares, é uma das mais afetadas, com paredes de vários andares derrubadas pela força dos ventos. A ocupação turística em Acapulco, que tem cerca de 20 mil quartos de hotel, era de 50%, segundo as autoridades, o que deixou milhares de turistas retidos. O governo do estado de Guerrero (sul), onde fica o porto, informou que 80% dos hotéis sofreram danos e que cerca de 40 ônibus foram providenciados para oferecer transporte gratuito. O aeroporto do porto ficou “destruído”, disse López Obrador, detalhando que as companhias aéreas se ofereceram para transportar turistas a partir do terminal aéreo de Zihuatanejo, localizado a 225 quilômetros de distância. O presidente reconheceu que o impacto do furacão, o mais poderoso que já atingiu Acapulco, foi surpreendente. “Não tem precedentes no país nos últimos tempos, não só pela forma como ganhou força em tão pouco tempo, mas também pela magnitude do furacão, como entra com muita força pela baía”, disse.
Em cerca de seis horas, Otis passou de uma tempestade tropical para um poderoso furacão de categoria 5, forçando as autoridades a acelerarem os trabalhos de preparação em Acapulco e nas áreas vizinhas, que já sofreram ciclones como o potente furacão Paulina em 1997, que deixou mais de 200 mortos. O presidente esteve no porto no dia anterior, aonde chegou caminhando em meio à lama. Devido à sua extensa costa no Pacífico e no Atlântico, o México é um dos países mais vulneráveis a furacões.Outros dois furacões atingiram o Pacífico mexicano no mês de outubro: Norma, que deixou três mortos em Sinaloa (noroeste) e Lidia, com dois mortos em Jalisco e Nayarit (oeste).
*Com informações da agência AFP