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Operador vende negócio milionário, empresa dobra patrimônio e lucra com contratos emergenciais

O ex-operador de máquinas, Maycon Matias dos Santos, não conseguiu pilotar o avião (também chamado de galinha dos ovos de ouro) que herdou ao se tornar proprietário da empresa CCO Infraestrutura, empresa que se destacou no mercado por conquistar contratos de obras emergenciais, sem licitação, e foi parar na operação Cascalhos de Areia, do Gaeco.

Por Midia NAS em 01/11/2023 às 12:03:28
Foto: Reprodução internet

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O ex-operador de máquinas, Maycon Matias dos Santos, não conseguiu pilotar o avião (também chamado de galinha dos ovos de ouro) que herdou ao se tornar proprietário da empresa CCO Infraestrutura, empresa que se destacou no mercado por conquistar contratos de obras emergenciais, sem licitação, e foi parar na operação Cascalhos de Areia, do Gaeco.

Seis meses após a reportagem divulgar o negócio de ouro, a empresa já tem novo dono e o dobro do patrimônio. No dia 31 de maio, a reportagem divulgou a curiosa história de Maykon, com ascensão meteórica para o patamar dos milionários com a CCO. Na semana passada, a empresa voltou ao noticiário, quando a passarela do Lago Do Amor voltou a ceder, 31 dias após o término da obra que, em regime emergencial, custou R$ 3,8 milhões.

Os problemas chamaram a atenção novamente para a empresa, que já tem novo dono. Em pouco tempo, o ex-operador de máquinas vendeu seu negócio milionário, por R$ 50 mil e a empresa passou a ter capital social de R$ 5 milhões.

No dia 26 de junho, Maycon passou o comando da empresa para Renato Márcio, que transferiu, por R$ 50 mil, seus R$ 2,5 milhões em quotas na empresa. Em parágrafo único, ele justificou, na Junta Comercial, que "o valor referente à venda das quotas leva em consideração balanço circunstanciado, o qual foi apurado passivo da sociedade empresária no valor de R$ 7.258.430,29 (sete milhões, duzentos e cinquenta e oito mil, quatrocentos e trinta mil reais e vinte e nove centavos). Tal passivo está relacionado a dívidas tributárias e financiamentos bancários".

A empresa possui uma história de propriedade intrigante. Pertencente por mais de duas décadas a Francisco de Assis Cassundé, este vendeu sua parte ao sócio em dezembro do ano passado, antes deste assumir um cargo de direção na Agesul.

O acordo original estipulava que o sócio pagaria os R$ 750 mil referentes à sua parte em três parcelas, com a primeira prevista para dezembro de 2023, a segunda para dezembro de 2024 e a última para dezembro de 2025. Entretanto, antes de efetuar o pagamento da primeira parcela, o sócio, Alberto Azevedo Júnior, optou por vender a empresa a Maycon Matias dos Santos. O acordo de venda foi concluído por R$ 1,5 milhão, resultando na mudança de nome da empresa para CCO INFRAESTRUTURA LTDA e em um aumento significativo do capital social, de R$ 1,5 milhão para R$ 2,5 milhões.

O novo proprietário deixou sua posição anterior como operador de máquinas para se tornar um empresário com um capital de R$ 2,5 milhões. Mesmo sendo herdeiro de uma empresa milionária com sede em Campo Grande, Santos afirmou em junho, durante uma determinação judicial, que continua residindo em Três Lagoas e trabalha na Otimiza do Brasil.

E, finalmente, algumas semanas após a publicação da reportagem, a empresa teve nova transferência de proprietário, chegando ao empresário Renato de Márcio.

Especialistas em emergências sem licitação

A obra de revitalização do Lago do Amor, na Avenida Filinto Muller, também gerou polêmica. Contratada emergencialmente pela CCO Infraestrutura, a obra enfrentou problemas estruturais antes mesmo de ser inaugurada. Devido ao risco de acidentes, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) sinalizou a necessidade de interditar parte do trecho para evitar incidentes. A obra, com custo de R$ 3,8 milhões, foi contratada sem licitação com o propósito de lidar com desmoronamentos na calçada causados pelas chuvas.

A CCO tem se especializado em contratos emergenciais de obras, que nao necessitam de licitação para serem assinados. No início de maio, a empresa assinou contrato de R$ 931.277,34 com a prefeitura de Ponta Porã. O contrato visava serviços emergenciais de infraestrutura urbana, incluindo a recuperação de drenagens de águas pluviais e reparos no pavimento asfáltico em várias áreas da cidade. Esse acordo foi firmado na modalidade de ‘dispensa de licitação’, que elimina a competição entre empresas e “agiliza o processo”, de acordo com a legislação.

Além disso, a prefeitura de Ponta Porã formalizou, no final de maio, um segundo contrato com a CCO Infraestrutura, no valor de R$ 1.388.457,64, com o mesmo propósito. Em conjunto, esses contratos ultrapassam a marca de R$ 2,3 milhões.

Em outubro, a empresa fechou um contrato de R$ 479.950,29 com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) para realizar obras emergenciais de recuperação de áreas degradadas no acesso ao polo industrial de Ribas do Rio Pardo.

A CCO Infraestrutura atraiu a atenção do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na Operação Cascalhos de Areia, que resultou na execução de 19 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, no mês de junho. De acordo com o Ministério Público, a operação investiga a atuação de uma possível organização criminosa envolvida em crimes como peculato, corrupção, fraude em licitações e lavagem de dinheiro relacionados a contratos para manutenção de vias não pavimentadas e locação de maquinário e veículos.

O vereador Professor André Luis (Rede) informou que irá levar o caso da obra no Lago do Amor até o Ministério Público Estadual, para que investigue e cobre providências dos gestores. O presidente da Câmara Municipal, Carlão Borges, também cobrou providências na sessão de terça-feira. “É preciso apurar o que houve para derrubar a obra e solicitei uma nova vistoria com os engenheiros”, destaca.

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