Por Roberto Julianelli
A vitória de virada do Palmeiras sobre o Botafogo, ontem à noite (01/11) no Estádio Nilton Santos por 4 a 3, foi uma daquelas páginas inesquecíveis que a história do futebol nos proporciona de vez em quando.
O título desta coluna poderia ser outro, por exemplo, "Vexame histórico do Botafogo" mas eu prefiro enaltecer um feito grandioso, de um time que demonstrou garra, força e determinação, diante de uma situação que para a maioria dos times seria considerada irreversível. Ontem ficou evidente que para esse time do Palmeiras não há impossíveis, não há batalha perdida, não há acomodação com a derrota. Se é o único time no Brasil capaz de conseguir uma virada como esta, como afirmou o técnico Abel Ferreira, isso eu não garanto. Mas que o Palmeiras de ontem deveria servir de inspiração e exemplo para muitos times e especialmente para vários jogadores muito valorizados pela mídia, mas que não estão entregando nada há muito tempo, disso eu não tenho dúvida alguma.
No entanto, a despeito da grande vitória do time paulista, não podemos deixar de considerar que foi sim um vexame para o time carioca. Após um primeiro tempo impecável, dominante em todos os sentidos, em que "atropelou" o adversário, aconteceu alguma coisa com o time do Botafogo no intervalo, que precisa ser estudada e explicada ao seu torcedor. É inadmissível terminar um primeiro tempo ganhando por 3 a 0 e levar quatro gols da forma que levou, perdendo um jogo que pode trazer conseqüências imprevisíveis para a continuação do campeonato.
Uma derrota como essa pode mexer com a autoconfiança do grupo, pode aumentar a ansiedade e a cobrança individual de cada jogador, e também do elenco e comissão técnica como um todo, que precisam dar uma resposta já no próximo jogo. E o adversário é Vasco da Gama um rival histórico que luta desesperadamente para não cair novamente para a série B. O jogo será em São Januário, onde a torcida cruz-maltina certamente vai pressionar e criar um verdadeiro caldeirão. Não vai faltar emoção!
Alguns dirão: mas o Botafogo foi prejudicado pela expulsão do zagueiro Adryelson e isso foi determinante para a virada do Palmeiras. É mais uma tentativa de desviar o foco do que aconteceu dentro de campo. Há vários exemplos de times que se superam em campo ao terem um jogador expulso, e naquele momento o Botafogo vencia com tranqüilidade. Lembrando ainda, que logo após a expulsão do jogador alvinegro, a arbitragem marcou um pênalti – discutível por sinal – que foi desperdiçado pelo artilheiro da equipe e do Campeonato. Tiquinho Soares cobrou e o goleiro Weverton defendeu, impedindo que o placar ficasse 4 a 1 naquele momento, o que provavelmente selaria a vitória do Glorioso. Ali começou a ser escrito o enredo que levou o Botafogo a perder o jogo no último lance da partida, para aumentar ainda mais a dor da frustração do seu torcedor. A expulsão pode ter sido rigorosa demais, tudo bem. Mas houve muitos outros erros, como citado anteriormente, a duvidosa marcação da penalidade máxima a favor do Botafogo. Não tem explicação. Não é admissível. Um time que pensa em ser campeão, e apesar do resultado de ontem, ainda tem boa vantagem e caminha para a conquista, não pode protagonizar uma história vergonhosa com a que assistimos, e ainda querer transferir para a arbitragem a responsabilidade pelo seu fracasso.
O Botafogo tem que jogar seus jogos como fez no primeiro tempo. Não pode relaxar, não pode perder o foco. Não pode pensar que já é campeão. Deixa a festa para o torcedor, deixa o otimismo exagerado para as arquibancadas. Gritar "É Campeão" antes do campeonato terminar pode custar caro demais.
A luz amarela foi acesa!