O cara é uma divindade. Não tem outra explicação. Às 22h18, quando Amado Batista subiu ao palco, não teve mulher, homem, pessoa idosa, criança e jovem que não se esgoelasse cantando os clássicos enquanto a banda só tocava os primeiros acordes.
Os termômetros marcavam 31 graus em Corumbá, no Palco da Integração, na Praça Generoso Ponce. A sensação térmica, nem se fala, visto que só o show de Amado Batista levou 15 mil pessoas às ruas, segundo estimativa da Polícia Militar.
Amado Batista foi um pedido da Prefeitura do município, e ao que a noite demonstrou, era um clamor da própria população para ver o cantor que acumula décadas de carreira, discos e fãs de todas as idades e perfis, mesmo.
A gente pode considerar um artista pela emoção que ele provoca nas pessoas. Desde a pescadora aposentada que foi ao show mesmo depois de ter sofrido um AVC na semana anterior, até a criança de 8 anos que cantava com a alma todas as músicas e a filha que levou um cartaz dizendo que estava ali realizando o sonho do pai, que partiu há quatro anos sem ver o tão amado Amado Batista.
O show durou mais de 1h30, e do início ao fim a plateia inteira cantando todas as músicas. Os trechos puxam à memória cenas vividas no passado e provam o quanto Amado Batista é trilha sonora da vida de muita gente que, não só, cantarola, mas sente, chora, interpreta e se emociona ao som das músicas.
A dona de casa Leila Rosa tinha em mãos fotos do cantor autografadas. Um dia antes do show, a corumbaense baixou imagens de Amado Batista do Facebook, e conseguiu entrar no camarim para que ele as autografasse.
"Eu cheguei 7h da noite aqui para pegar este lugar", conta a corumbaense na primeira fila mais próxima possível do palco. Fã há 28 anos do cantor, foi "Sonho Dourado" que embalou o início de amor dela com o marido, o pedreiro Gilson de Souza.
"Tô suando, não sei se é de nervosismo, valor. Quando fiquei sabendo que ele vinha, pensei que fosse desmaiar de tanta emoção", descreve.
A segurança permitiu que uma criança fosse colocada à frente, em um assento que dá parte da grade colocada entre público e equipe da imprensa. Num primeiro momento, a reportagem chegou a pensar que fosse alguém perdido dos responsáveis, mas não. Era só uma fã mirim cantando de todo coração: "Desliga a luz e o telefone, amor. Fecha as cortinas do apartamento".
Questionada sobre quem a ensinou gostar de Amado Batista, a pequena se defende como se a pergunta fosse uma ofensa. "Ninguém me ensinou, eu aprendi sozinha", diz Franciele Barbosa, de 8 anos. Acompanhada da avó, que é a fã pioneira na família, a menina conta que sempre ouviu os discos. A entrevista é interrompida porque é a hora de Amado cumprimentar o público.
"Boa noite, minhas princesas e meus príncipes. Que prazer estar aqui, eu estava morrendo de saudade de vocês". E pronto, o público que tirou fôlego de não se sabe de onde permaneceu aos gritos de emoção.