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Megaestrada que vai ligar o Brasil ao Chile tem potencial para injetar R$ 1,4 bilhão ao ano na economia de MS, estima Setlog/MS

No dia 24 de novembro expedição vai fazer test drive da Rota de Integração Latino-Americana.

Por Midia NAS em 11/11/2023 às 12:37:38
No dia 24 de novembro expedição vai fazer test drive da Rota de Integração Latino-Americana. Carga também será despachada do estado para avaliar questão aduaneira no corredor. Presidente do Setlog/MS, Cláudio Cavol, durante apresentação de briefing para participantes da expedição da RILA

Anderson Viegas/g1 MS

US$ 300 milhões, o equivalente a R$ 1,476 bilhão na cotação deste sábado (11). Essa é a estimativa que o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog/MS), faz do quanto a Rota de Integração Latino-Americana (RILA) ou Rota Bioceânica, pode injetar na economia de Mato Grosso do Sul, por ano, quando estiver operando totalmente.

"Nós estimamos há dois anos, que no primeiro ano de funcionamento da rota, se ela estiver operando full, sem problema nas adunas, sem nenhum entrave, com uma boa estrutura de postos e hotéis, injetaria U$S 300 milhões por ano, na economia de Mato Grosso do Sul", revelou o presidente do Setlog/MS, Cláudio Cavol, nesta sexta-feira (10), durante o briefing, com os participantes da terceira expedição da RILA.

A expedição parte no dia 24 de novembro, de Campo Grande, para fazer um verdadeiro "teste drive" da Rota Bioceânica. Essa mega estrada vai ligar o Brasil – tendo como ponto de partida Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul – aos portos de Iquique e Antofagasta, no Chile, passando no caminho por Paraguai e Argentina. Vão participar, empresários, representantes de instituições do setor produtivo e de instituições de ensino e pesquisa e autoridades.

Essa será a terceira expedição promovida pelo Setlog/MS. Há dez anos a entidade capitaneia a busca por uma rota alternativa e mais competitiva em relação aos portos brasileiros do sul e sudeste, para escoar as exportações estaduais e nacionais destinadas principalmente aos mercados asiáticos.

Das macro obras para viabilizar a rota, a Ponte da Bioceânica, ligando o Paraguai, por Carmelo Peralta, ao Brasil, por Porto Murtinho, está com execução adiantada, com mais de terço do projeto executado, e as obras de pavimentação de 600 quilômetros no Paraguai, que foi dividida em três etapas, já teve uma concluída e uma segunda licitada.

Trecho já pavimentado da rota Bioceânica no Paraguai

MOPC/Divulgação

Com o avanço das obras físicas da megaestrada, empresários e o Poder Püblico se concentram agora na questão aduaneira. O objetivo é simplificar e integrar o sistema aduaneiro no corredor, visando assegurar a competitividade da rota.

Estimativa do Ministério das Relações Exteriores aponta que em uma aduana não integrada, o tempo de um caminhão parado pode chegar a 72 horas, com um custo de R$ 3,3 mil, em razão das despesas com diárias, alimentação, seguro, multa por atraso. Em contrapartida, em uma aduana integrada, em que equipes dos dois países trabalhem lado a lado nas áreas de segurança, vigilância sanitária e desembaraço aduaneiro, esse tempo cai para 6 horas e o custo despenca para R$ 281,15.

Com a questão aduaneira no foco das discussões, a organização da RILA também fará um teste do atual sistema aduaneiro dos quatro países. Uma caminhão carregado com carne produzida em Mato Grosso do Sul sairá de Campo Grande no dia 21 de novembro, quatro dias antes da partida da expedição, para levar pelo corredor sua carga até o Chile.

Uma das caminhonetes que será utilizada na terceira expedição da RILA

Anderson Viegas/g1 MS

"O caminhão vai passar por todas aduanas e todas as rodovias que compõem a rota da integração para que realmente possamos testar essa rodovia e mostrar as autoridades possíveis deficiências possam ser sanadas. A ponte está sendo construída a passos largos, a rodovia no Paraguai está sendo construída no cronograma, mas o que está nos preocupando são as aduanas que compõem a rodovia. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, onde foi construída uma outra ponte ligando o Brasil ao Paraguai, apesar de concluída, ainda não está funcionando com a liberação da receita federal dos dois países. Então, não podemos correr esse risco em Porto Murtinho", alertou o presidente do Setlog/MS.

As dificuldades e gargalos encontrados no trajeto do caminhão serão apresentadas pelos integrantes da RILA no 4º Fórum dos Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico Capricórnio, que deverá reunir autoridades das quatro nações no dia 29 de novembro, em Iquique, no Chile.

Depois do Fórum, a expedição seguirá para Salta, na Argentina, e Assunção, no Paraguai, para reuniões com representantes do setor produtivo e dos governos desses países.

O retorno para Campo Grande está previsto para o dia 4 de dezembro.

O assessor especial de Logística da Semadesc, Lúcio Lageman, disse que o governo do estado tem ajudado os municípios por onde o corredor vai passar e os outros próximos, que também poderão se beneficiar da rota, a se prepararem para aproveitar essa potencialidade.

"A Semadesc [secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento,Ciência, Tecnologia e Inovação criou um comitê de governança da rota. Para falar com os municípios da transversalidade do corredor em todas as esferas, na área da saúde, na social, na de segurança pública. Trazendo os municípios e a realidade de cada um deles para dentro do governo, para que possamos trabalhar em conjunto para que essas cidades tirem proveito da rota e todos os seus benefícios".

Vantagens da rota

Navio com mercadoria exportada para a Ásia

MOPC/Divulgação

Quando a corredor estiver em operação, possivelmente em 2025, um estudo da Empresa de planejamento e logística (EPL) do governo federal, aponta que a megaestrada encurtará em mais de 9,7 mil quilômetros de rota marítima a distância nas exportações brasileiras para a Ásia. Em uma viagem para a China, por exemplo, pode reduzir em 23% o tempo, cerca de 12 dias a menos.

Especialistas em comércio exterior, como Nathália Alves, coordenadora no estado do Agro BR (programa da CNA e da APEX Brasil voltado para fomentar as exportações do agro), aponta que entre os produtos "Made in MS" que podem ganhar espaço no comércio exterior com a rota, estão o complexo carnes, o que inclui as proteínas bovina, suína, de aves e o pescado; a celulose, o mel, farináceos, frutas e seus derivados (doces, compotas e geleias), alimentos oriundos da mandioca (fécula e tapioca) e os provindos do milho (amido e fubá), além de sucos, temperos e especiarias.

Com a rota, Mato Grosso do Sul passará a ser o corredor central no fluxo de pessoas, mercadorias e serviços. Vai diminuir não só as distâncias dos nossos produtos para os países asiáticos, como a China, Coreia do Sul e Taiwan, mas, também para os mercados norte-americano e da Oceania, além de possibilitar uma maior conexão e comércio de produtos e serviços com nossos vizinhos. Apenas com esse encurtamento da distância, os produtos sul-mato-grossenses já vão ganhar muita competitividade em relação aos de outros países e até mesmo de outros estados brasileiros".

Além desse incremento, o corredor também deve ser uma importante ferramenta de integração cultural e turística entre os quatro países por onde passa.

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Tags:   Polícia
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