Até duas horas antes da abertura dos portões, que ocorreu oficialmente às 12h, dezenas de estudantes esperavam do lado de fora dos locais de prova. Na região central da cidade, a maioria preferiu antecipar o horário de chegada por morar longe e ter de enfrentar horas de transporte público. Uns estavam mais confiantes, outros mais tensos, mas praticamente todos compartilhavam da ansiedade com as provas de matemática e ciências da natureza (biologia, física e química).
Maicon Santos, de 18 anos, veio de Teresópolis, na região serrana, para fazer as provas na capital. Foram pelo menos três horas de ônibus. Ele quer fazer faculdade de biologia. O calor é uma preocupação, mas ele está confiante porque se preparou bem para a prova."Foquei em tentar manter a cabeça boa, para lidar com a ansiedade e não deixar isso atrapalhar na prova. Uma parte da matéria eu estou mais confiante, outra aproveitei para dar uma revisada e não surtar na hora. Estudei tudo sozinho, pela internet. Acho que estou preparado, pelo menos otimista. Confesso que com um pouco de medo de matemática, mas o restante estou mais tranquilo", disse Maicon.
Kayene Leite, de 18 anos, mora no bairro do Recreio, na zona oeste da cidade, e também chegou mais cedo com medo de perder a prova. Ela quer cursar relações internacionais e, para enfrentar o Enem, recorreu aos materiais que encontrou na internet.
"Estudei sozinha pelo Youtube, TikTok, assisti a alguns aulões para revisar conteúdo e pedi ajuda aos professores do ensino médio. Eu ainda tinha contato com eles e pedi algumas dicas. Também me preparei para enfrentar esse calor com muita água e uns chocolates para dar uma energia extra durante a prova. Apesar da ansiedade, estou mais confiante nas provas de hoje, das áreas de exatas, do que estava na redação e nas provas de humanas", afirmou Kayene.
Além de estudantes que estão terminando ou acabaram de concluir o ensino médio, há aqueles mais velhos que querem uma nova carreira ou realizar um sonho antigo. É o caso da Andrea Costa, de 52 anos, que pretender cursar direito. Para ela, ingressar na universidade seria um novo passo em um processo difícil de mudança de vida.
"Depois da separação e de sofrer violência doméstica, decidi que precisava fazer alguma coisa para mudar minha vida. Voltei a estudar, concluí o ensino médio e decidi fazer o Enem. Pedi ajuda de amigos e professores, estudei com livros antigos em casa. Meus filhos me ajudaram também. Muita gente torceu para eu estar aqui hoje. Estou tranquila para as provas. Matemática eu não sou muito boa, mas nas outras matérias eu vou dar um jeito", disse Andrea.
Márcia Boaventura, de 51 anos, sonha em cursar medicina em uma universidade pública. Ela admite que não estudou muito para as provas, mas que mesmo assim tem esperança de que vai se sair bem
"Eu trabalho, tenho uma filha de 8 anos, mas acho que consegui boa nota no primeiro dia de provas. Hoje, estou um pouco mais nervosa, as disciplinas não são o meu forte. Mas quero muito fazer medicina, é o meu sonho, venho de uma família pobre e quero poder ajudar as pessoas que precisam", afirmou.