A entidade replicou, nesta segunda-feira (13), um vídeo que mostra invasores sobrevoando a aldeia dos indígenas yanomami em isolamento voluntário e zombando de sua reação quando lançam flechas em direção à aeronave, para afastá-la.
"No decorrer do ano, houve aceleração na retirada dos invasores da TI Yanomami. Ocorre que, não obstante o êxito da operação em impedir a expansão das atividades de mineração, conforme demonstra a redução de alertas, a morosidade da extrusão de garimpeiros nas regiões mais isoladas do território tem sujeitado suas comunidades à violência de criminosos, inclusive, com indígenas isolados, como o grupo Moxihatëtä", diz comunicado da entidade, uma das que representam os yanomami. A associação demonstrou preocupação com a atual falta de controle do espaço aéreo.
Além de criticar certos aspectos do processo de desintrusão feito pelo governo federal, os yanomami têm apontado problemas como a volta de invasores a certas regiões do território e a qualidade no atendimento na área de saúde. Os indígenas dizem que invasores muitas vezes intimidam as equipes de saúde e inibem os indígenas de receber cuidados. Além disso, lideranças yanomami pedem que o governo reforce os serviços de educação e a distribuição de alimentos.
Em setembro, a Urihi já havia denunciado o cerco feito por garimpeiros contra crianças yanomami, na comunidade de Haxiú. Os criminosos estavam armados e mantiveram as crianças amarradas.
A TI Yanomami é uma das mais atingidas pelo avanço do garimpo, que causa significativos impactos no modo de viver dos indígenas, limitando fontes de alimento e água, na sua saúde, muito por conta do uso de mercúrio, que gera inúmeros problemas no organismo de animais e do ser humano, e degradação ambiental. Embora o governo federal tenha declarado crise humanitária entre os yanomami, os munduruku e os kayapó também sofrem igualmente com os efeitos do garimpo em seus territórios.
A persistência de certos obstáculos que continuam existindo mesmo após a força-tarefa do governo federal foi tema de um relatório publicado em agosto deste ano. O documento, intitulado Yamaki ni ohotai xoa! (nós ainda estamos sofrendo, em português).
A Agência Brasil procurou o Ministério dos Povos indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para obter posicionamento sobre o episódio relatado pela Urihi e aguarda retorno.