*Diego Silva
Mato Grosso do Sul escolheu neste domingo (30) empossar o biólogo. Eduardo Correa Riedel como seu 11º governador. Com mais de 808 mil eleitores optando por seu nome e vencendo em 72, das 79 cidades sul-mato-grossenses, Riedel até então não era tido como muito popular, passando à frente, ainda no primeiro turno, políticos com sobrenomes tradicionais no estado, como Modesto, Puccinelli e Trad, indo para o segundo turno com um candidato que cresceu sem precedentes, devido ao populismo da onda bolsonarista, que chegou até essa fase simplesmente por apoiar o atual presidente da República.
Capitão Contar, deputado estadual por Mato Grosso do Sul, não soma projetos de grande relevância enquanto parlamentar, e quanto às propostas, foi superficial durante toda a campanha. Mas chegou ao segundo turno após um debate nacional de alta audiência, em que, pressionado pela senadora e ex-candidata à presidência, Soraya Thronicke, Bolsonaro emitiu apoio à sua candidatura.
Do outro lado, com apoio de Bolsonaro e com a senadora eleita, Tereza Cristina, como principal cabo eleitoral, junto às propostas contundentes e ao serviço prestado, Riedel formatou um pacote mais robusto e convincente ao eleitor. Mesmo sem a popularidade, e sem nunca ter ocupado um cargo político elegível, Riedel avançou nas pesquisas como uma alternativa de renovação, ainda que secretário de governo da atual gestão e do mesmo partido do Governador.
Os debates, do primeiro e segundo turno, foram os pontos altos do governador eleito. Foi onde ele demonstrou conhecimento de causa, de cada setor, bem como estratégias claras, projetos consistentes e recursos a serem destinados, na maioria dos casos, com exatidão, enquanto seu adversário no segundo turno, fugiu de três ou mais debates, e no último, confirmou o desconhecimento sobre orçamento e seguiu com sua estratégia de não propor nada que aumentasse sua credibilidade, confirmando que as conquistas até aqui, devem-se mais ao bolsonarismo, do que seus próprios méritos.
O governador eleito soma uma trajetória de lideranças em diversas entidades, locais e nacionais, entre elas o Sindicato Rural de Maracaju, a presidência do Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária do estado, e a vice-presidência da CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Saindo do ramo exclusivo da agropecuária, dirigiu também o Sebrae MS, quando demonstrou flexibilidade, inserindo projetos de apoio aos empreendedores locais.
Sobre os próximos quatro anos, ao que tudo aponta, Mato Grosso do Sul deverá contar com o desenvolvimento dos projetos do atual governo e ampliação de benfeitorias nos municípios. E levando em conta o apoio dos 75 prefeitos, do total de 79 do estado, os avanços deverão se dar de forma ágil, a partir de um secretariado técnico e sem amarras políticas, considerando as lideranças dos principais partidos apoiaram seu adversário.
No caso do relacionamento com a presidência da República, uma das características fortes do governador eleito é o diálogo. O perfil do Riedel aponta para uma busca de alinhamento federal, evitando com que Mato Grosso do Sul fique isolado. O Estado está em pleno desenvolvimento no atual governo e, ao que tudo indica, firmará o pé no acelerador nos próximos quatro anos, com grandes chances de se somar a mais quatro.
*articulista e jornalista