Nossa Mulher Positiva é Juliana Santos, fundadora e diretora criativa da marca de moda que leva seu nome e CEO da multimarcas Dona Santa, em Recife. Grande nome na moda brasileira, a empresária é conhecida por sua abordagem criativa de negócios ao longo de sua carreira. Juliana colocou o Estado de Pernambuco no mapa do mercado de luxo. Sempre atenta ao vigoroso movimento do setor, ela investe não só em luxo, mas também em moda circular e na curadoria e promoção de artesãos locais que vendem seus produtos.
1. Como começou a sua carreira? Minha mãe, Lilia Santos, fundou a loja em 1998. Três anos depois, já na faculdade de Administração e Letras, comecei a acompanhar o dia a dia da loja e nunca mais saí. Sempre soube que queria ter um trabalho dinâmico e desafiador, características essas que se encaixam perfeitamente no varejo. Ao mesmo tempo, sempre gostei de moda, tinha meu estilo desde criança, então foi o universo perfeito para entrar de cabeça. Em 2001, quando entrei por completo no negócio, aconteceram as primeiras mudanças, como: a multimarcas se tornou mais jovem, com um mix de produtos mais abrangente, e assim foi ao longo desses 28 anos, sempre trazendo para a DS o que o mercado e público pedem naquele momento. Isso exige muito estudo e um olhar atento ao comportamento de consumo, não apenas em tendências de moda.
2. Como é formatado o modelo de negócios da Dona Santa? A Dona Santa passou por uma transformação e está passando por uma reestruturação do tradicional formato de multimarcas para o formato de mall com diversas atividades. Hoje, a receita é composta pela soma de vários formatos. São eles: os aluguéis de shop in shop e corners, em que podemos citar a joalheria Carla Amorim, corners das marcas Roberta do Rio, Duda Bradley, Keka Tenório e Guerreiro (a previsão é chegar a operação mais cinco corners até o final do ano). Duas das mais importantes galerias de arte do Nordeste: a Galeria Número, especializada em séries e múltiplos de grandes nomes da arte moderna, e a Amparo 60 entre os principais nomes do mundo das artes fora do eixo Sudeste. O restaurante Sushi Yoshi, do renomado chef japonês André Saburo, e um estúdio de beleza.
A multimarcas passou a representar 45% da operação e lançamos a marca própria que hoje carrega o meu nome, Juliana Santos, representando 55%. A perspectiva é que em mais dois anos a JS represente 70% do faturamento de moda da Dona Santa. A marca tem apenas três anos e meio e, mesmo com a pandemia no meio, cresceu cinco vezes em números de peças produzidas, vendidas e faturamento. Também compõe o faturamento da DS o formato de pop-up stores, no qual a multimarcas recebe marcas importadas e nacionais ao longo do ano e também faz a operação inversa, rodando o país, cada mês em uma capital diferente com a marca própria Juliana Santos.
3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? O pós-pandemia, quando antes mesmo do lockdown já sabíamos que precisávamos mudar o formato do negócio para continuar dando certo e fomos atropelados por meses, praticamente, sem vendas e tudo que o mercado sofreu. Nesse momento, achei que não seria possível seguir. Mas com muita resiliência, foco, força de trabalho, decisões estratégicas e o sucesso que vem sendo o formato de mall e a marca própria, estamos satisfeitos e confiantes com os caminhos estratégicos tomados.
4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Eu aprendi a impor limites, primeiramente, a mim e depois aos outros. Segmento o dia, começando a cuidar do corpo e mente e programo os horários em que faço cada coisa. Como: horário para ver o financeiro, para desenvolvimento da marca própria, para o marketing da loja e ações comerciais. e assim vai. Quando estou no meu horário com família e amigos, desligo totalmente para manter a saúde que preciso para lidar com tantas frentes.
5. Qual seu maior sonho? O sucesso e crescimento da minha marca e mais décadas de sucesso para a Dona Santa e, na vida pessoal, sem dúvida alguma, seguir viajando pelo mundo e conhecendo as mais diversas culturas.
6. Qual sua maior conquista? Na carreira, acredito que foi lançar a minha marca e ter conseguido aceitação e crescimento em tão pouco tempo. Devo isso a estar na ponta do varejo há quase três décadas, entendendo exatamente o que o cliente final deseja, somado, claro, a coleções que trazem peças bonitas, comerciais mais ricas em detalhes e peças que encantam aos olhos.
7. Livro, filme e mulher que admira (não pode ser a mãe).
Mulher: Vou citar uma igualmente a mim, pernambucana, a Camila Coutinho, que conseguiu construir uma carreira sólida e muito inteligente. Livro: “Torto Arado” e os três de Carla Madeira: “Tudo é Rio”, “Véspera” e “A Natureza da Mordida”. Para negócios: a autobiografia de Phil Knight, “A Marca da Vitória”.