Levantamento da reportagem mostra que, ao todo, 30 ações de clientes foram protocoladas. Todas elas pedem indenização por danos morais e materiais de consumidores revoltados com as dificuldades nos shows. A cidade que mais tem processos novos contra a T4F é o Rio de Janeiro, onde aconteceram as apresentações. Só nela, são sete ações, em diferentes varas da capital fluminense.
Os valores dos pedidos variam entre R$ 6 mil e R$ 50 mil. O pedido mais alto é de um psicólogo e advogado, do interior do Rio de Janeiro, que diz ser diabético e acusa da T4F de impedi-lo de tomar água no estádio Nilton Santos, o que colocou a sua vida em sério risco. O caso corre no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio).
Outras ações contra a T4F são oriundas de estados como Sergipe, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Nenhuma delas tem previsão de apreciação ou julgamento pelos tribunais locais.
Advogado especialista em direito penal e do consumidor, Ricardo Brajterman explicou à reportagem quais serão os próximos passos do judiciário. Para ele, a análise dos juízes será baseada em comprovações de perda financeira e até mesmo da vida dos fãs da cantora.
"O Art. 14 do código de defesa do consumidor estabelece que o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços", diz Brajterman.
"A tarefa do Judiciário será analisar se as condutas e eventuais omissões da T4F foram praticadas com negligência, impudência e se ela contribuiu para os danos que são cobrados nesses processos, sobretudo em relação à reembolso de ingressos, gastos com transporte e hospedagem", conclui o advogado.
VALOR DE MERCADO
Junto com a enxurrada de processos judiciais, a T4F tem que lidar com outra perda: a de seu valor de mercado. Desde segunda (20), a empresa acumula uma perda de 15% no valor de suas ações negociadas na bolsa de valores de São Paulo.
Com isso, a T4F foi a empresa que mais perdeu valor de ações na semana no Brasil, segundo o índice Ibovespa. Nesta quinta (23), o CEO da T4F, Serafim Abreu, fez o primeiro posicionamento oficial da empresa após a morte da estudante Ana Benevides, e pediu desculpas pelo que chamou de "fatalidade".
"Estamos absolutamente desolados, muito tristes com a perda da jovem Ana Clara, apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas no evento e no hospital. À família de Ana Clara, quero expressar os nossos mais sinceros sentimentos", disse Abreu.
A T4F foi procurada pela reportagem para falar sobre os processos e a perda de valor das ações, mas não obteve resposta.