A proporção significa que 2 em cada 5 brasileiros dessa faixa etária não haviam finalizado o ensino médio à época.
O percentual corresponde a mais do que o dobro da média de 20,1% estimada em 2021 para os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conhecida como o "clube dos ricos", cujos membros se comprometem com boas práticas para o funcionamento de governos e economias.
O resultado também coloca o Brasil com uma proporção de pessoas sem ensino médio acima de países latino-americanos como Colômbia (37,9%), Argentina (33,5%) e Chile (28%).
"Se limitarmos a comparação ao grupo etário mais novo, de 25 a 34 anos, o Brasil continuava, em 2022, com um percentual duas vezes maior do que média dos países da OCDE em 2021, isto é, 28,6% para o Brasil em comparação com 14,2% para a média da OCDE", diz o IBGE.
As informações integram a Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa estatísticas de pesquisas como a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), também produzida pelo IBGE, e outras fontes.
Betina Fresneda, analista da síntese do instituto, associou o resultado ao atraso do investimento em educação no Brasil frente a outros países. "Isso se reflete no nível de instrução alcançado pela população adulta", disse.
Segundo o IBGE, o atraso na expansão do sistema de ensino brasileiro também se traduz no baixo percentual de pessoas de 25 anos a 64 anos que concluíram o ensino superior. Enquanto a média dos países da OCDE em 2021 estava em 41,1%, o dado brasileiro em 2022 correspondia a cerca da metade: 20,7%.
Ainda que a faixa etária de 25 a 34 anos tenha atingido um percentual maior de pessoas com ensino superior no Brasil, de 23,4% em 2022, o resultado também ficou distante da média da OCDE em 2021 (46,9%). O percentual brasileiro (23,4%) estava abaixo de países latino-americanos como México (27,1%), Colômbia (30,5%) e Chile (40,5%).
PANDEMIA PREJUDICA FREQUÊNCIA ESCOLAR
O instituto também destacou que, de 2019 a 2022, a frequência escolar manteve trajetória de crescimento apenas em 1 dos 4 grupos etários analisados, o de 15 a 17 anos.
Nessa parcela, o indicador subiu de 89% para 92,2%, mas ainda ficou aquém da universalização, conforme previsto na Meta 3 do PNE (Plano Nacional de Educação).
O acesso a creches das crianças de 0 a 3 anos manteve-se estatisticamente estável de 2019 para 2022 (de 35,5% para 36%). Assim, interrompeu a expansão na cobertura da oferta de ensino para essa faixa etária.
Já a frequência escolar do grupo de 4 e 5 anos, no início da obrigatoriedade da educação básica, caiu 1,2 ponto percentual de 2019 para 2022, de 92,7% para 91,5%.
"Esses resultados indicam que a pandemia de Covid-19 prejudicou a garantia de acesso à escola. Esse prejuízo ainda não foi revertido em 2022, mais de dois anos depois dos primeiros casos de Covid no Brasil", avaliou Fresneda.
Na faixa de idade de 6 a 14 anos, a universalização já estava praticamente alcançada, passando de 99,3% em 2019 para 99,4% em 2022.