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Abel Ferreira

Endrick vira titular na reta final, prova que Abel estava errado e se torna o grande nome do 12º Brasileiro do Palmeiras

Conhecido pelo temperamento explosivo, o vitorioso treinador palmeirense Abel Ferreira passou boa parte do ano em guerra com os jornalistas que cobrem o clube.


Foto: Reprodução internet

Conhecido pelo temperamento explosivo, o vitorioso treinador palmeirense Abel Ferreira passou boa parte do ano em guerra com os jornalistas que cobrem o clube. Incomodado com questionamentos sobre o desempenho do seu time e crítico notório da arbitragem brasileira, o que também o tirou do sério em 2023 foram as perguntas sobre o jovem atacante Endrick. Já contratado pelo Real Madrid a peso de ouro, o jogador de 17 anos demorou para ganhar espaço no elenco alviverde, para desespero da torcida. Afinal, por que alguém que encantou um dos maiores clubes do mundo não tinha lugar no Verdão? Uma pergunta do tipo tirou Abel do prumo em 31 de maio, após o Alviverde perder para o Fortaleza por 1 a 0, mas mesmo assim conseguir a classificação na Copa do Brasil. “Não sei por que essa pergunta, já ficaram de fora outros. A sua função é fazer perguntas, a minha é escolher os jogadores que devem jogar. Entendi que os centroavantes deveriam ser outros”, disparou o português.

Sete meses depois, Endrick é o “cara” do 12º título brasileiro do Palmeiras. Aos poucos, o adolescente foi vencendo a resistência de Abel e ganhando espaço na equipe titular até se tornar decisivo e indispensável. O camisa 9 atuou em 31 dos 38 jogos do Verdão no Brasileirão, porém apenas 18 desde o início. Mesmo assim, é o artilheiro do time, com 11 gols, sendo o último nesta quarta-feira, marcando o último tento do campeão brasileiro. Não só isso, foi quem chamou a responsabilidade no jogo que mudou a sorte do Verdão no Nacional. No embate contra o Botafogo, Endrick ouvira durante o aquecimento no gramado do Engenhão a torcida da casa gritar “é campeão”. Aquilo ficou guardado e virou combustível após o “vareio” do Fogão no primeiro tempo. O atacante voltou para a segunda etapa com “sangue nos olhos”, e o que era um 3 a 0 para o adversário virou um 4 a 3 para o Alviverde graças ao talento do jovem de 17 anos.

“O Palmeiras é isso. O Palmeiras nunca vai deixar de correr atrás. Uma coisa que ficou entalada em mim foi a torcida do Botafogo. Óbvio que torcedor é assim, mas quando gritaram ‘é campeão’ no aquecimento eu fiquei… É difícil falar, mas fiquei com um ódio no coração. O nosso torcedor também veio nos apoiar, e eu não iria deixar eles gritarem ‘é campeão’. A nossa torcida também incentivou. Eu vou lutar cada segundo, cada minuto, para conquistar esse Brasileirão”, desabafou a revelação palestrina. O que ele não sabia, para sorte do Verdão, é que naquele momento os botafoguenses exaltavam o remador Lucas Verthein e a canoísta Ana Sátila, atletas do clube que conquistaram o ouro nos Jogos Pan-Americanos e desfilaram pelo estádio.

Turbinado por um mal-entendido, Endrick começou ali a escrever seu nome ao lado de ídolos como César Maluco, Ademir da Guia, Rivaldo e Dudu, grandes destaques de alguns dos 12 troféus do maior campeão nacional. Na arrancada para o título, ele foi autor do gol da vitória sobre o Athletico-PR, balançou a rede no 3 a 0 contra o Internacional e abriu caminho para a goleada sobre o América, por 4 a 0, que deixou o Verdão com a mão na taça. A habilidade e o faro de gol chamaram a atenção do mundo e o levaram para a seleção brasileira com 17 anos e 118 dias, um pouco mais velho que Pelé (16 anos e 257 dias) quando foi convocado pela primeira vez. “Vejo nele é um potencial gigantesco. Pode se tornar um dos jogadores lendários do futebol brasileiro”, disse Fernando Diniz, técnico interino da Canarinho.

Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid e favorito a tomar o lugar de Diniz na seleção, também se embasbacou com o futebol do novo menino dos olhos do futebol brasileiro. “Estamos observando e encantados com ele. A evolução é muito, muito rápida. Estou encantado que possa estar conosco na próxima temporada”, disse o italiano. O clube merengue pagou 70 milhões de euros (cerca de R$ 392 milhões na cotação da época) para contar com o atleta revelado pelo Palmeiras a partir de julho de 2024, quando Endrick já terá 18 anos completos.

Outro treinador que não poupa elogios a Endrick é o próprio Abel Ferreira. Embora não admita que tenha errado em não dar chances mais cedo ao seu jogador mais talentoso — uma parte considerável da torcida discorda do português —, ele vê uma trajetória brilhante para o futuro jogador do Real. “As coisas foram todas feitas no tempo certo, na hora certa. Chegou à equipe principal na hora certa, quando tinha que ser. Começou a jogar, ajudou muito no ano passado, ajudou muito este ano. Teve um período menos bom no início, foi criticado, como todos nós somos quando as coisas não correm bem”, disse Abel. “É um moleque abençoado por Deus, tem capacidades físicas inatas e é muito bem-educado. Tenho certeza absoluta que pode ser uma referência não só no futebol, mas de valores a passar para a sociedade brasileira.”

Veja discussão sobre Endrick na Jovem Pan Esportes

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