Daiane Cristina Santos, que trabalha como vendedora de flores, foi socorrida e levada para um hospital municipal da região, onde está internada. Segundo familiares disseram à reportagem, médicos que a atenderam disseram aos irmãos da vítima que ela perdeu a visão do olho direito. Disseram ainda que Daiane deverá ser transferida para outra unidade que vai avaliar a extensão dos ferimentos e a necessidade de cirurgia de reconstrução facial.
A reportagem pediu informações para a Secretaria Municipal da Saúde sobre o estado da vítima, mas a pasta não se manifestou.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirmou que o disparo foi feito por um PM. Segundo a pasta, uma equipe da Polícia Militar passava pela via, por volta das 20h, "quando viu o que seria um suspeito traficando drogas".
"Ao perceber a aproximação policial, o homem fugiu. Durante a ação, houve disparo da arma de um PM", acrescenta a SSP.
A secretaria chefiada por Guilherme Derrite afirmou também que o tiro acertou duas mulheres e se limitou a dizer que uma delas teria sido atingida de raspão. "Ambas foram socorridas, receberam atendimento médico e estão fora de perigo", disse a SSP.
A reportagem então questionou a pasta sobre o caso específico de Daiane, perguntando se a vítima de fato teria sido atingida de raspão. "Por ora, as informações que dispomos são as que já foram enviadas", respondeu a SSP.
De acordo com Edna Aparecida Santos, 57, mãe da vítima, a filha relatou que assistia a vídeos pelo celular, dentro da loja, quando foi atingida.
Conforme o relato de familiares, testemunhas tiveram que insistir aos PMs para que socorressem a vítima. Um vídeo mostra a mulher sendo amparada por outras pessoas enquanto um PM acompanha a ação a distância. Ela então é colocada por testemunhas dentro da viatura, que deixa o local com a sirene ligada.
"É mais um trabalhador que a polícia atinge. É mais um trabalhador que pela misericórdia de Deus não morreu, porque ela nasceu de novo. É mais uma mulher negra que sofre com essas coisas. É muito triste, porque a gente tem polícia para proteger a gente, não para matar a gente. E ultimamente eles só têm nos matado, matado os pais de família. Matam nossos filhos, nossas filhas, é o que está acontecendo", disse Edna à reportagem, chorando.
A SSP afirma que a arma do PM foi apreendida e passará por perícia. A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar o caso.