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Polícia

Justiça dá cinco dias para prefeitura de Campo Grande apresentar parecer de 3 novos Conselhos Tutelares

Liminar da Justiça foi requerida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul.


Liminar da Justiça foi requerida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul. Atualmente, Campo Grande tem apenas 5 Conselhos Tutelares, número abaixo do determinado por legislação. Conselho Tutelar está acompanhando a menina no hospital e os dois irmãos.

Geisy Garnes

A Justiça aceitou liminar do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para que a prefeitura de Campo Grande, no prazo de cinco dias, apresente parecer sobre a implementação de outros três novos Conselhos Tutelares.

A decisão é do juiz Mauro Nering Karloh e foi publicada nesta quinta-feira (14). A prefeitura foi questionada sobre a decisão, mas não respondeu até a última atualização deste conteúdo. O procurador-geral de Campo Grande, Alexandre Ávalo, informou que a prefeitura ainda não foi intimada.

"Dê-se conhecimento ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA desta ação e solicite-se que emita parecer acerca do necessário para que os novos Conselhos Tutelares sejam implantados, no prazo de cinco dias", expressa a decisão.

O documento a qual o g1 teve acesso obriga o cumprimento da liminar mediante sequestro do "valor suficiente para garantia da execução da decisão cumprida", como detalha o documento.

Além do prazo e sequestro do valor, a Justiça intimou a prefeitura para que seja entregue planilhas da implementação e o pleno funcionamento dos 6º, 7º e 8º novos Conselhos Tutelares. O judiciária deu 10 dias para que a entrega do documento seja feita.

A decisão da Justiça vem para cobrir uma defasagem extremamente grande que a população de Campo Grande enfrenta com os Conselhos Tutelares.

De acordo com a legislação vigente, as cidades devem ter um Conselho Tutelar para cada 100 mil habitantes. A capital, com mais de 900 mil moradores, possuí apenas cinco conselhos atualmente.

Na liminar que antecede a decisão desta quinta, a juíza Katy Braun "afirma ser evidente o descumprimento dos preceitos constitucionais e infraconstitucionais por parte do réu [PREFEITURA DE CAMPO GRANDE] e que os prejuízos pela má qualidade do serviço prestado à população campo-grandense permite que as crianças e os adolescentes desta cidade não recebam as medidas de proteção necessárias para coibir violação de seus direitos".

Casos expõe fragilidade do Conselho Tutelar

1?? No "Caso Sophia", em que a menina de 2 anos morreu vítima de agressão, a inação do Conselho Tutelar foi escancarada para todo Brasil.

Segundo a Polícia Civil, as agressões em Sophia foram denunciadas por duas vezes: uma em março de 2022 e outra novembro do mesmo ano. Foi constatado que a menina era vítima do padrasto e os casos enviados ao judiciário.

A situação de Sophia também já havia sido denunciada ao Conselho Tutelar. A conselheira responsável pelo caso revelou que em maio o pai da menina procurou ajuda, contou que a filha passava fome e era agredida e que por isso queria a guarda.

Ainda de acordo com o Conselho Tutelar, na visita à casa, a criança não estava ferida, sem alimentação ou em situação degradante. Ainda assim, o caso foi registrado na polícia, mas as testemunhas sequer foram chamadas para prestar depoimento.

Quando a morte da garota completou uma semana, a advogada do pai de Sophia, Janice Andrade, falou sobre a indignação com as autoridades que receberam diversos pedidos de socorro e que poderiam ter evitado a morte da criança.

"Teve uma omissão sistêmica, isso aconteceu desde o primeiro atendimento nos postos de saúde, na delegacia quando o pai foi registrar os boletins de ocorrência por maus-tratos e junto ao Conselho Tutelar, que também não cumpriu sua função social", disse a advogada.

2??Outro caso, mais recente, mostra a fragilidade no sistema de proteção às crianças e adolescentes em Campo Grande. Uma bebê, de 4 meses, caiu do 3º andar de um prédio, na capital, após a mãe deixá-la com a irmã, de 7 anos, para ir pagar uma conta na casa da amiga.

A mulher foi presa em flagrante por abandono de incapaz. Ela foi solta após audiência de custódia.

De acordo com o Conselho Tutelar, a instituição já recebeu duas notificações por faltas frequentes da escola em que a criança de 7 anos estuda: a primeira em 2022 e a segunda, em abril de 2023. O Conselho notificou a família para que fossem acompanhados, mas não há mais registros depois de abril deste ano.

A presidente da comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB-MS), Maria Isabela Saldanha, disse que já notificou o Conselho Tutelar de Campo Grande em nome da comissão.

"Ninguém pede para o conselheiro investigar, mas está na lei averiguar. Ir na casa da criança e ver que a criança estava em condições de insalubridade, ou passando fome. O conselho tinha que ter perguntado para essa mãe: 'a senhora precisa de ajuda, vamos ligar pra assistência social?'. Esse é o trabalho do Conselho Tutelar. Isso evita muita coisa", comentou Maria Isabela Saldanha.

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