Operação Sucessione apura uso de policiais militares como 'seguranças particulares' de organização criminosa ligada ao jogo do bicho na capital. Investigações são feitas pelo Gaeco-MS.
Geisy Garnes
O Ministério Público de Mato grosso do Sul (MPMS) deflagrou mais uma fase da "Operação Successione", nesta quarta-feira (20), em Campo Grande. Ao todo, 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão foram cumpridos contra pessoas ligadas ao esquema de jogo do bicho na capital.
As investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontaram que a organização criminosa continuou atuando na capital após inúmeras máquinas do jogo do bicho serem apreendidas.
De acordo com apuração do Gaeco, a organização, além de continuar atuando, voltou a investir na aquisição de máquinas para operar o jogo do bicho. O bando tinha como integrantes policiais militares da reserva e ex-policiais.
O uso dos profissionais da segurança pública pela organização criminosa é intencional. Esses homens atuavam como "segurança particulares" do jogo do bicho em Campo Grande, subjugando a exploração do jogo ilegal aos mandos e desmandos da organização criminosa.
Em suma, ao final desta fase da investigação, o GAECO concluiu que 15 pessoas integravam a organização criminosa "armada, estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas, voltada à exploração ilegal do jogo do bicho, roubos triplamente majorados, corrupção, entre outros crimes graves", detalha a nota do órgão de investigação do MPMS.
1ª fase da operação
O Gaeco deflagrou, no dia 5 de dezembro deste ano, a Operação Successione que investiga uma organização criminosa e a disputa pelo jogo do bicho em Campo Grande. Entre os alvos estava o deputado estadual Neno Razuk (PL).
Batizada de "Succesione", a operação mira um grupo criminoso que tenta reassumir o controle dos jogos de azar em Campo Grande. A atuação do jogo do bicho foi enfraquecida na capital após a "Operação Omertà", que prendeu chefes da milícia ligada à contravenção.
Nesta fase, mais de 10 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão foram cumpridos. Uma das casas que recebeu a visita dos agentes do Gaeco foi a do deputado estadual Neno Razuk. Em entrevista, o parlamentar negou envolvimento com o esquema criminoso.
Em nota, o Gaeco esclareceu o cerne principal da operação, que revelou "a atuação de uma organização criminosa responsável por diversos roubos praticados mediante o emprego de arma de fogo e em concurso de agentes, em plena luz do dia e na presença de outras pessoas, em Campo Grande/MS, no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho local".
Ainda conforme o órgão de investigação do MPMS, esta nova organização criminosa "tem grave penetração nos órgãos de segurança pública e conta com policiais para o desempenho das atividades".
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