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MP aponta deputado como chefe de quadrilha que busca monopólio do jogo do bicho em MS

Promotores apontam a participação da suposta organização criminosa liderada pelo deputado Neno Razuk (PL-MS) em roubos e no controle do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.

Por Midia NAS em 28/12/2023 às 19:52:29
Promotores apontam a participação da suposta organização criminosa liderada pelo deputado Neno Razuk (PL-MS) em roubos e no controle do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. Defesa dos investigados alega que provas não foram utilizadas em documento do Ministério Público. Deputado Neno Razuk (PL-MS).

Alems-Reprodução

Investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontam o deputado estadual Neno Razuk (PL-MS) como chefe de uma organização criminosa ligada ao jogo do bicho em todo Mato Grosso do Sul. Documentos obtidos pelo g1 mostram detalhes da apuração feita pelos promotores do Ministério Público Estadual (MPMS), que ligam o parlamentar diretamente à contravenção.

Procurados pelo g1, a defesa do deputado e dos quatro homens que foram presos na primeira fase da Operação Succesione, que apura a suposta organização criminosa ligada ao jogo do bicho, alega que as investigações do Gaeco não levaram em consideração provas importantes e nega o envolvimento dos clientes nos crimes. Veja o que as advogados falaram mais abaixo.

O Gaeco esclareceu o cerne principal da operação, que revelou "a atuação de uma organização criminosa responsável por diversos roubos praticados mediante o emprego de arma de fogo e em concurso de agentes, em plena luz do dia e na presença de outras pessoas, em Campo Grande/MS, no contexto de disputa pelo monopólio do jogo do bicho local".

'Monopólio do jogo do bicho'

Operação do Gaeco visa grupo criminoso envolvido com jogo do bicho

Ao longo de mais de 500 páginas, o Gaeco apresenta relatórios e elementos que ligam o deputado estadual ao jogo do bicho. Para o MPMS, Neno Razuk "conquistou" espaço em Campo Grande após a queda da família Name, antiga detentora do jogo do bicho na capital. Veja o vídeo acima.

"A exploração de jogos de azar, em especial o jogo do bicho, naturalmente fomenta a prática de crimes como corrupção, extorsão, lavagem de dinheiro, homicídio, até mesmo para garantir o próprio funcionamento do ilícito, tratando-se de atividade extremamente maléfica à sociedade, como visto em episódios semelhantes ocorridos em todo o território nacional", detalha parte do documento acessado.

De acordo com a investigação do MP, o deputado atuava com as máquinas do jogo do bicho no interior do estado. Após a prisão de Jamil Name e Jamil Name Filho, na operação Omertà, Neno teria entrado na disputa pelo poder de controle da contravenção em Campo Grande.

Nesta disputa por espaço, a organização criminosa supostamente comandada pelo deputado teria se envolvido em uma série de roubos à mão armada, durante o dia e no centro da cidade. A apuração do Gaeco dá detalhes de que estes crimes ocorriam para cooptação de seguranças de uma quadrilha rival, que também disputa espaço do jogo do bicho na capital.

A segurança pública e esquemas criminosos, em Campo Grande, voltam ao centro das investigações. A operação deixou evidente que policiais eram usados como "seguranças particulares" do chefes de organizações criminosas ligadas ao jogo do bicho.

Apuração e pedidos de prisão

Na investigação do Gaeco ficou claro a participação de Neno na organização: o chefe. Outros nomes também aparecem no procedimento investigatório. O major reformado Gilberto Luiz dos Santos é citado como uma espécie de "braço direito", gerente da quadrilha.

Gilberto está preso. Outros três homens também seguem na cadeia por suposta participação na quadrilha que tinha aspectos claros de organização criminosa, segundo o MPMS. Seguem presos:

Valmir Queiroz Martinelli

Júlio Cezar Ferreira dos Santos

sargento Manoel José Ribeiro

O documento aponta também que a prisão de Neno Razuk foi solicitada à Justiça pelo Ministério Público. Entretanto, o deputado não foi preso após prerrogativa de foro privilegiado ser entendida pelo juiz que decidiu pelas prisões.

Reuniões e uso de carro em nome de deputado

Carro usado como prova para ligar crimes ao deputado Neno Razuk.

Reprodução

Na peça de investigação levantada pelo Gaeco, os promotores apresentam uma série de elementos que mostra a ligação entre o deputado e outros suspeitos da quadrilha. Para o MPMS, a disputa por território colocava em "xeque" a segurança dos moradores da capital.

A operação do Gaeco teve início após 700 máquinas usadas para o jogo do bicho serem apreendidas em um bairro residencial de Campo Grande. Presente no local, estava o ex-assessor parlamentar de Neno Razuk, o ex-major Gilberto.

A partir destes pontos e da informação de um carro suspeito na região, o Gaeco iniciou a construção da teia de elementos. O grupo especial utiliza a informação da Delegacia de Repressão ao Roubo a Banco, Assalto e Sequestros (Garras) de que um carro usado para um roubo no centro de Campo Grande estava em frente da casa em que as máquinas do jogo do bicho foram apreendidas.

Ligando as informações, os promotores identificaram que o veículo era alugado pelo próprio deputado Neno Razuk e utilizado por Gilberto. Idas do ex-major à casa do parlamentar com o carro foram registradas por circuitos de câmeras do condomínio.

Defesas alegam falta de prova

Em contraponto, a defesa do deputado, o advogado João Arnar Ribeiro, comenta que o caso está em segredo de justiça e acredita que o cliente não será imputado por nenhum crime. "A defesa acredita piamente que nem denunciado ele seja. E se for, será absolvido", declarou.

A defesa dos quatro homens que seguem presos, o advogado Rhiad Abdulahad, diz que a investigação do Gaeco apresenta uma série de incongruências. Na explicação, Rhiad contextualiza que os roubos em que ligam o carro do deputado aos crimes eram investigados pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), em um processo paralelo.

"O processo paralelo não foi considerado na investigação do Gaeco, em nenhum momento os promotores citam a investigação da Derf, que foi até arquivada. A investigação usou informações do GPS do carro alugado que mostram que o veículo não estava no local do roubo, no momento em que dizem que estava", comenta o advogado.

Para Rhiad, o MPMS omitiu informações que poderiam ser importantes no processo. O g1 questionou o MPMS sobre as falas do advogado. Até a última atualização deste material, o órgão não havia respondido.

Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
Tags:   Polícia
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