Os senadores Nelsinho Trad (PSD) e Soraya Thronicke (Podemos) chegam em 2024 ao sexto, dos oito anos de mandato para qual foram eleitos. Presidentes dos seus partidos, eles têm o desafio de comandar filiações e candidaturas, mas caminham a passos bem lentos na construção de candidaturas pelo Estado. Enquanto isso, vêm concorrentes se aproximando rapidamente no retrovisor.
O ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também preside partido e acumula 50 prefeitos em Mato Grosso do Sul. Ele é hoje o principal concorrente de Nelsinho e Soraya na disputa pela Senado, em 2026. Reinaldo aproveita as articulações com prefeitos do interior para pavimentar caminho para a eleição, o que deve lhe garantir vantagem frente aos atuais senadores.
Soraya e Nelsinho têm como arma os recursos do mandato, no Governo Federal. Entretanto, como não fazem parte da base, acabam tendo desvantagem em relação a outro concorrente, o deputado federal Vander Loubet (PT), que hoje tem mais acesso ao Governo Federal, presidido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Enquanto Vander e Reinaldo aparecem no retrovisor, Nelsinho e Soraya, pelo menos por enquanto, caminham a passos bem lentos quando o assunto é a construção para 2026, que inevitavelmente passará pela eleição de outubro deste ano, para vereador e prefeito.
Nelsinho está à frente do PSD em Mato Grosso do Sul, mesmo após várias especulações de que mudaria de sigla, migrando para o PL, de Jair Bolsonaro. Ele disse que, por enquanto, não sai, mas o partido já não demonstra a força inicial, com o sucesso do próprio Nelsinho e dos irmãos Fábio e Marquinhos Trad.
O partido elegeu quatro prefeitos na última eleição, mas hoje não tem nenhum. Marquinhos e Fábio não tiveram sucesso na última eleição e hoje o PSD tem apenas Nelsinho e o deputado estadual Pedrossian Neto (PSD). Na Capital, tem a maior bancada de vereadores, com oito, mas pode derreter já na janela partidária, quando há grande possibilidade de apenas dois ficarem.
Hoje, o PSD não tem grandes favoritos para prefeituras no interior, o que pode complicar a vida de Nelsinho futuramente, principalmente se levar em conta as articulações da concorrência, que inclusive não descartam uma dobradinha das máquinas PSDB (Governo do Estado) e PT (Governo Federal), com Vander e Azambuja.
Soraya Thronicke também enfrenta dificuldades nesta construção pelo interior. Ela pertencia ao União Brasil, mas se mudou recentemente para o Podemos, onde assumiu a presidência. Ela chegou e o então presidente, Sérgio Murilo, saiu, ameaçando levar todos os vereadores jutnos.
No comando do partido, ela se aproximou do secretário de Governo, Pedro Caravina (PSDB), que está ajudando na articulação política, mesmo sendo filiado ao PSDB. A dobradinha seria interessante, mas Caravina deve deixar o governo neste ano, para assumir mandato na Assembleia Legislativa.
Soraya foi eleita pela direita, por conta principalmente da força de Jair Bolsonaro (PL). Hoje, é chamada de traidora pelo grupo, mas diz que não se importa. Quando questionada sobre esta possível dependência de bolsonaristas para se eleger, ela ressalta que outras pessoas também foram candidatas com apoio de Bolsonaro na mesma eleição que ela, mas não tiveram vitória.
Soraya já declarou que há possibilidade de uma federação entre PSDB e Podemos para futuras eleições, o que pode garantir uma dobradinha com Reinaldo Azambuja. Todavia, ela já entrou com uma ação contra Reinaldo, que ainda está em tramitação. Hoje, essa aliança seria praticamente impossível.
Mesmo com as dificuldades, ela já disse em entrevista que não será candidata em outro estado. A possibilidade chegou a ser cogitada por conta da popularidade que ela atingiu ao se candidatar à presidência. Na mesma entrevista para reportagem, ela disse que será candidata à reeleição, mas também não descarta concorrer à Prefeitura de Dourados neste ano.