Nesta semana, o Google, empresa da Alphabet, anunciou o corte de centenas de funcionários de diferentes equipes, inclusive em sua unidade de assistente de voz e de realidade aumentada.
Ao mesmo tempo, a empresa de buscador também eliminou várias funções na equipe de hardware, responsável pelas marcas Fitbit, Pixel e Nest.
Os cofundadores da empresa de monitoramento de saúde e condicionamento físico Fitbit, James Park e Eric Friedman, também acabaram deixando a companhia. A empresa foi adquirida pelo Google por US$ 2,1 bilhões em 2021.
Centenas de funções na equipe central de engenharia do Google também estão sendo afetadas.
"Durante o segundo semestre de 2023, várias de nossas equipes fizeram mudanças para se tornarem mais eficientes e trabalharem melhor, além de alinharem seus recursos às suas maiores prioridades de produto", disse um porta-voz do Google à agência internacional de notícias Reuters em um comunicado.
"Algumas equipes continuam a fazer esses tipos de mudanças organizacionais, que incluem algumas eliminações de funções em todo o mundo", segue o comunicado.
A Amazon também anunciou nesta semana que demitirá centenas de funcionários nas operações das Américas e de outras regiões do mundo das áreas de streaming e estúdio da Prime Video e da Amazon MGM Studios.
"Identificamos oportunidades para reduzir ou descontinuar investimentos em certas áreas, ao mesmo tempo em que aumentamos nosso investimento e foco em iniciativas de conteúdo e produto que proporcionam maior impacto", disse o vice-presidente sênior da Prime Video e da Amazon MGM Studios, Mike Hopkins, a funcionários em uma nota também obtida pela Reuters.
Assim como nas concorrentes, o Instagram, da Meta, que também é dona do Facebook e do WhatsApp, também teria começado a demitir funcionários, começando por cargos de gerência, segundo o site de notícias americano Business Insider.
Questionada, a assessoria de imprensa da Meta no Brasil disse à Folha que não comentará o assunto. As empresas não informaram o número de funcionários dispensados.
"As big techs passam por inúmeros fatores que impactam os negócios e, consequentemente, as demissões. Algumas dessas companhias ainda sofrem impactos das grandes contratações que fizeram à época da pandemia, quando uma série de premissas não se concretizaram relacionadas ao comportamento dos consumidores e também à própria valorização das empresas na bolsa", diz Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação.
Assim como ocorreu com o varejo, o setor de tecnologia expandiu durante a pandemia, enquanto as pessoas e as empresas buscavam soluções tecnológicas para continuarem produzindo, ainda que com os funcionários trabalhando remotamente, no home office.
Após a abertura das economias, contudo, e o ciclo de alta dos juros por causa de uma pressão inflacionária em vários países do mundo, inclusive nos Estados Unidos, que tiveram a maior alta de preços em 40 anos, companhias do setor de tecnologia foram afetadas negativamente.
As gigantes da tecnologia, então, começaram uma onda de demissões e eliminações de funções entre o fim de 2022 e o começo de 2023 para cortar custos e voltar a crescer. Mas não foi o suficiente e agora se volta a observar cortes em massa nas companhias do setor.
"As big techs ficaram mais enxutas com as demissões, só que ainda está acontecendo uma inflação que não cede", diz Igreja.
Segundo o especialista, o cenário macroeconômico ainda desafiador no mundo gera um processo de adaptação, já que o crescimento menor das economias reduz os anúncios e patrocínios como reflexo de um número menor de assinantes dos aplicativos e das plataformas de streaming.
"Quando imaginávamos que o mercado das big techs acalmaria, vem uma nova onda de demissões reflexo da instabilidade do sistema financeiro, que afeta diretamente as bolsas", diz Igreja.
Além dos resquícios da inflação e da alta de juros, um fator que se tornou central nessas novas demissões nas big techs, segundo Igreja, é a ampla inserção da inteligência artificial nos negócios.