As investigações tiveram início no último dia 13. Ao menos cinco vítimas foram identificadas, mas os policiais acreditam que o número de mulheres atacadas pode ser maior, incluindo possíveis casos na mesma cidade e em Biritiba Mirim, onde o suposto curandeiro também teria atuado.
O delegado Ricardo Glória afirmou que o PM alegava ser dotado de poderes mediúnicos para abusar sexualmente das vítimas. O homem dizia incorporar entidades, sobretudo uma chamada João Caveira, exigindo que as mulheres fizessem sexo com ele.
Conforme as apurações, as vítimas relataram ter tido relações com o homem para o recebimento de sua "energia".
Conforme o delegado, o preso permaneceu em silêncio durante o depoimento e demonstrou interesse apenas em se manifestar na presença do juiz. A reportagem não localizou a defesa do preso.
Além da suposta mediunidade, o suspeito se valia de sua condição de policial militar aposentado e de patrão para diminuir ou impossibilitar a resistência das vítimas, segundo a investigação. Parte das mulheres era contratada pelo homem para trabalhar em uma mercearia de sua propriedade.
Os encontros do PM com as vítimas ocorriam no porão da casa dele. No local, sob a alegação de estar incorporado por um espírito médico, o homem realizava cirurgias espirituais e tratamentos mediamente pagamento, segundo as vítimas e testemunhas.
De acordo com a Polícia Civil, as vítimas têm entre 16 e 21 anos e são de baixa renda. Os crimes teriam tido início em 2017.
"A investigação está sendo aprofundada e é fundamental que outras vítimas se encorajem, não sintam medo e denunciem", disse o delegado Ricardo Glória.
O PM aposentado foi indiciado por assédio sexual, violação sexual mediante fraude, estupro de vulnerável e curanderismo.
O homem foi encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo.