"Os resultados iniciais mostram sinais promissores de atividade neural", escreveu Musk, que criou a startup de chips em 2016. Os primeiros testes são feitos em pacientes com paralisia cerebral.
O primeiro dispositivo da Neuralink, chamado Telepathy, permite controlar a partir de pensamentos computadores, celulares e dispositivos digitais em geral, de acordo com Musk.
Desde 2019, o também dono de Tesla e X afirmava que planejava testar a tecnologia da Neuralink em humanos.
A empresa de tecnologia, porém, recebeu permissão da FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA) para iniciar o recrutamento para o primeiro teste em humanos apenas em maio e anunciou detalhes sobre o ensaio clínico no último 19 de setembro.
A Neuralink já havia feito testes em macacos, porcos e ovelhas. Alguns dos macacos usados como cobaia morreram durante os primeiros experimentos -Musk esclareceu que parte dos animais tinha doenças terminais.
"Nenhum macaco morreu como resultado do implante da Neuralink", escreveu o dono da Tesla no X. "Para diminuir o risco para macacos saudáveis, escolhemos trabalhar com animais em fase terminal".
O estudo agora em curso tem foco em pessoas com paralisia causada por lesão da medula espinhal cervical ou ELA (esclerose lateral amiotrófica).
A startup não revelou quantas pessoas participarão do experimento, que levará cerca de seis anos para ser concluído.
Cidadãos americanos ou pessoas com residência fixa no país podem se cadastrar no site da Neuralink para participar dos testes dos chips cerebrais da empresa. A empresa procura candidatos com quadros como tetraplegia, paraplegia, amputação de membros e limitações visuais ou de fala.
O estudo usa um robô para colocar cirurgicamente um implante de interface cérebro-máquina (BCI, na sigla em inglês) em uma região do cérebro que controla a intenção de se mover, disse a Neuralink.
Os chips cerebrais são tão pequenos e sensíveis que não podem ser implantados por mãos humanas, de acordo com o site da Neuralink.
O objetivo inicial, segundo a empresa, é permitir que as pessoas controlem um cursor ou teclado de computador usando apenas seus pensamentos.
O dispositivo da Neuralink contém mais de mil eletrodos, bem acima do registrado em outros implantes. Ainda visa neurônios individuais, na contramão da concorrência que têm como alvo os sinais de grupos de neurônios. Se funcionar, isso deve permitir um maior grau de precisão.
A tecnologia da Neuralink tem inspiração nos estudos sobre a interface cérebro-máquina do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que conseguiu ligar o cérebro de macacos do gênero Rhesus a computadores.
Durante a abertura da Copa de 2014, na capital paulista, um cadeirante conseguiu chutar uma bola na Neo Química Arena, em Itaquera, com o auxílio de um equipamento desenvolvido por Nicolelis.
Não se sabe a que tamanho de amostra a FDA permitiu nos estudos da Neuralink. De acordo com a agência Reuters, a startup de Musk planejava iniciar os trabalhos com dez pessoas.
A Neuralink levantou US$ 323 milhões (R$ 1,59 bilhão) em duas rodadas de investimento realizadas no segundo semestre do ano passado.
O cofundador da Neuralink também anunciou o nome de outro produto a ser lançado no futuro, o "Blindsight", uma possível referência a uma solução para auxiliar pessoas com deficiências visuais.