A mudança ocorre um dia após a publicação de reportagem da Folha de São Paulo que mostrou que escolas públicas e particulares do Brasil e de outros países estão fechando o cerco ao uso dos celulares na tentativa de conter os prejuízos à saúde mental e ao aprendizado.
O veto em sala de aula já se dissemina, e o banimento total no ambiente escolar começa a ser adotado. As medidas seguem recomendação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que apontou uma "associação negativa entre o uso das tecnologias e o desempenho dos estudantes".
Na sexta-feira (2), a Prefeitura do Rio publicou decreto banindo por completo o aparelho nas escolas municipais, não apenas na sala de aula como também nos recreios.
Questionada pela Folha de São Paulo na semana passada sobre planos de ampliar a restrição ao celular nas escolas estaduais para conter os danos a crianças e jovens, a secretaria da Educação paulista enviou nota reiterando a política de investimento em tecnologia educacional, inclusive por meio de aplicativos em celulares. Afirmou que os aparelhos eram permitidos em sala de aula apenas para fins pedagógicos.
Em meio à pressão de entidades de proteção à criança e à educação, e diante da crescente preocupação das famílias com o vício em celulares, essa nova restrição às redes sociais para professores e funcionários se presta também a mostrar algum aceno ao controle do aparelho nas escolas.
A secretaria do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), sob gestão de Renato Feder, é reconhecidamente entusiasta do uso de tecnologia e teve o seu maior desgaste quando, no ano passado, tentou trocar livros didáticos impressos por material exclusivamente digital. Após a repercussão negativa gerada com a revelação desse plano em reportagem da Folha de S.Paulo, o governo teve de recuar da decisão.
A restrição do wi-fi administrativo para acesso a redes sociais já havia sido comunicada internamente, por email a funcionários da secretaria, na sexta-feira. Nesta segunda-feira, o governo optou por torná-la pública no site da secretaria.
Entre os aplicativos vetados estão TikTok, Facebook, Instagram, X (ex-Twitter) e Roblox. Também foram vetados os acessos a streamings de vídeo, como Globoplay, Netflix, Disney+, Prime Video e HBO Max.
O YouTube está liberado, desde que para finalidades educacionais. Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o acesso a redes sociais, jogos e streamings tem sobrecarregando as redes das escolas, atrapalhando a sua utilização para os fins pedagógicos.