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Vizinhos de casa invadida por fugitivos em Mossoró relatam receio à noite: 'tranco tudo'

RAQUEL LOPESMOSSORÓ, RN (FOLHAPRESS) - Moradores da comunidade Riacho Grande, zona rural de Mossoró (RN), relatam temor com a possibilidade de terem as casas invadidas pelos dois detentos que fugiram da penitenciária federal na última quarta-feira (14).


A Folha esteve na localidade na tarde deste sábado (17). Na região, que fica a cerca de 3 km do presídio, uma família foi feita refém na noite desta sexta-feira (16).

Apesar do aparente clima de calmaria –com moradores sentados em cadeiras do lado de fora das casas, com as portas abertas–, alguns relatam medo ao fim do dia.

Com a chegada da noite, o clima muda, pois cresce, na avaliação deles, a possibilidade de os criminosos se deslocarem em busca de alimentos e objetos que possam ajudar na fuga.
Foi o que aconteceu na noite de sexta, quando um casal teve a casa invadida e foi feito refém pelos criminosos. A Folha foi até a casa das vítimas, mas elas não quiseram dar entrevista.

"Durante o dia eles [fugitivos] estão no mato, acho que não vão aparecer. O receio de todos é com a noite, porque podem voltar para querer comer. Ficamos apreensivos, mas até o momento eles não fizeram nenhum mal a ninguém", disse o aposentado Francisco Vicente da Silva, 83.

A aposentada Adeisa Alves dos Santos, 71, estava sentada em uma cadeira de plástico, conversando com duas pessoas que moram na mesma comunidade. Ela disse ter ficado surpresa com a invasão porque nunca um preso havia fugido e ido até a comunidade.
"Durante o dia, mantenho a porta aberta o tempo todo, vivemos de maneira tranquila. No entanto, à noite, tranco tudo e vou ver minha novela, mesmo com policiais na região", disse.

O auxiliar de pré-moldado Ivanido Alves dos Santos, 50, tomou conhecimento da fuga quando estava no trabalho. Santos afirma que, apesar do receio, ele e familiares depositam confiança em uma pessoa encarregada de fazer rondas na região.

A fuga é tema recorrente nas conversas dos habitantes de Mossoró, seja nas ruas ou nos grupos de mensagens. O taxista Francisco Edson Carvalho de Araújo, 47, diz que nunca testemunhou uma presença policial tão intensa na cidade.

As forças de segurança que participam das buscas estão distribuídas pelo município, abrangendo o aeroporto e a rodoviária, mas a concentração é notável nas comunidades da zona rural. Nessa região há diversas barreiras onde a polícia tem parado constantemente os carros. Esse trabalho é feito por policiais com o rosto coberto e portando armas de grosso calibre.

"Os passageiros não param de comentar sobre isso, eu me questiono sobre como esses fugitivos conseguiram escapar de uma penitenciária de segurança máxima. Pelo menos essa situação tem movimentado a economia local, já que há um aumento na demanda por corridas, e os hotéis estão cheios", disse o taxista.

A expectativa da força-tarefa é capturar os fugitivos em breve, já que eles ainda estariam no cerco de 15 km do local, como mencionado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva na quinta-feira (15).

A família que teve a casa invadida disse aos investigadores que os fugitivos estariam usando boné e calça, com as roupas bem sujas. Um com camisa clara, e outro, escura. Eles chegaram à casa do casal por volta das 19h30 e ficaram até pouco depois da meia-noite.
Os fugitivos também pediram as senhas para destravar os telefones das vítimas, e pesquisaram notícias sobre a fuga.

Além de dois telefones e carregadores, a dupla levou ovo cozido e outros alimentos em uma sacola plástica porque não estavam de mochila, disseram os reféns. Eles não pediram dinheiro, e não levaram a moto nem o carro que estavam no local.

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