Michelle Maruyama, de 29 anos, e Akemy Maruyama, 27, foram encontradas mortas em 30 de dezembro de 2015, dentro de uma casa, em Handa, no Japão. Ex-marido de Akemy, Edgard Anthony la Rosa, foi julgado em fevereiro deste ano e aguarda resultado da sentença. Irmãs brasileiras encontradas mortas no Japão.
Arquivo
Após o julgamento do homem acusado de matar as irmãs brasileiras Michelle e Akemy Maruyama, no Japão, em 2015, a mãe delas conversou com o g1 sobre a espera por justiça quase chegar ao fim. Maria Aparecida Maruyama, de 58 anos, revelou sobre a saudade e como lida com o luto.
Michelle e Akemy foram assassinadas em dezembro de 2015, em Handa, na província de Aichi, região central do Japão. A sentença do suspeito, que era marido de uma delas, deve ser proferida no próximo dia 27 de fevereiro.
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Maria não via as duas desde que as irmãs tinham ido para o outro lado do continente, em busca de condições de vida melhores.
Michelle se mudou para o Japão primeiro, em meados de 2002, ainda adolescente. Poucos anos depois, em 2005, Akemy foi morar com a irmã. As brasileiras se adaptaram à cultura e permaneceram juntas até 2009, quando o país passou por uma crise econômica e Michelle decidiu voltar para o Brasil.
Apartamento onde irmãs moravam em Japão pegou fogo.
Reprodução/Globo
A irmã mais velha morou com a mãe durante seis meses em Campo Grande, mas não conseguiu se acostumar novamente com a rotina brasileira. "Lá é um outro mundo, é uma outra cultura", destacou Maria.
Mesmo durante a crise, Akemy ficou no Japão e, após passar a temporada na casa da mãe, Michelle retornou para o país. Quando as duas morreram, em 2015, Maria não via a filha mais velha há seis anos e a caçula, há 10.
"A gente se falava quase todos os dias, aquela rotina de quem mora fora do país. Primeiro foi pelo Skype, depois por mensagem", ressaltou a mãe.
Em 2016, o Fantástico acompanhou Maria Aparecida até o Japão. Veja a reportagem abaixo:
Brasileira luta por netas após morte de filhas no Japão
Mãe das vítimas passou mal durante julgamento
Nove anos depois, Maria Aparecida precisou voltar ao Japão para prestar depoimento no julgamento do homem acusado de matar suas duas filhas. Ela explica que o júri no país asiático funciona de uma maneira diferente, apesar de as audiências já terem acabado, o resultado só vai ser divulgado no dia 27 de fevereiro.
A imprensa japonesa noticiou o julgamento de Edgard, que foi realizado no Tribunal Distrital de Nagoya. Conforme os veículos de imprensa do Japão, o Ministério Público do país pediu a prisão perpétua do suspeito, justificando a pena pela gravidade do caso.
Julgamento ocorreu no Tribunal Distrital de Nagoya, onde o peruano foi preso.
Reprodução/CBC News
Já o suspeito declarou inocência, disse que não se lembra do que aconteceu e atribuiu o duplo homicídio à outra pessoa. Maria Aparecida, que estava durante o júri popular, confirmou que a promotoria pediu a prisão perpétua do peruano.
"Foi muito triste o julgamento, eu tive que parar várias vezes porque passei mal. Foi horrível. Mesmo que ele pegue pena de morte, que ele pegue prisão perpétua, nada vai trazer minhas filhas de volta. Sem contar que ele é o pai das minhas netas, isso pesa bastante, a menorzinha nem tanto, né, mas a maior, a gente sabe, dá para perceber que ela sente toda a situação, sente muito", ressaltou Maria.
Entenda o caso
Michelle Maruyama, 29 anos, e Akemy Maruyama, 27, foram encontradas mortas no dia 30 de dezembro de 2015, no apartamento onde moravam na província de Aichi, região central do Japão.
Os corpos foram carbonizados em um incêndio que destruiu o apartamento delas. No entanto, exames feitos pelos médicos legistas revelaram que as irmãs não morreram vítimas do fogo, nem da fumaça, mas sim, teriam sido estranguladas um dia antes do incêndio acontecer.
Dentro do apartamento foi encontrado um galão de gasolina, que levantou a hipótese de o fogo ter sido criminoso.
Edgar e Akemy
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No mesmo dia, o peruano Edgard Anthony la Rosa, ex-marido de Akemy, foi preso a 40 km de Handa, em Nagoya. Ele estava com as duas filhas que teve com a brasileira, que foram levadas para um abrigo.
Após o crime, em dezembro de 2015, as crianças ficaram protegidas pelo governo japonês, em um abrigo da cidade de Handa.
Tanto a mãe das vítimas, quanto a família do suspeito pediram a guarda das meninas. Apenas em 2018, após anos de espera, a avó materna conseguiu o direito de criar as netas, por meio da justiça brasileira.
No tempo que ficaram no abrigo as irmãs tiveram aulas de português e quando tinham 6 e 8 anos, chegaram ao Brasil, com a ajuda do Consulado Brasileiro no Japão. Atualmente, as duas têm 12 e 14 anos.
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