A validade do contrato começa na próxima temporada, em 2025, quando o atual vínculo de transmissão do Brasileirão já estará terminado, e vai até 2029. Outros clubes que ainda não integram a liga e ingressem nesse período também estarão sujeitos ao acordo. Atualmente, a Libra tem oito times na Série A: Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Bahia e Vitória. A exclusividade é válida para todas as mídias da Globo, o que inclui transmissões nas TVs aberta e fechada (SporTV e Première), no streaming (Globoplay) e pay-per-view.
Antes de fechar com a emissora do Rio, o grupo avaliou outras opções de mídia, mas optou por aquela que tem o melhor retorno financeiro. Além disso, há um entendimento de que a Globo é a empresa que mais conhece o futebol brasileiro em relação aos clubes e à audiência. A decisão foi tomada na última reunião do grupo, ainda em fevereiro.
"O modelo de distribuição de conteúdo do Campeonato Brasileiro vai evoluir e teremos novas plataformas participando desta arena, mas para isso fazer sentido estratégico e gerar mais valor financeiro, precisamos de passos anteriores como o alinhamento dos blocos comerciais, a aproximação para a formação da Liga com todos os clubes, uma visão de produto e o cuidado com inúmeros aspectos", argumenta o CEO da Libra, Silvio Matos, que cita fair play financeiro, padronização da publicidade e calendário como elementos fundamentais na discussão entre clubes.
Os presidentes de Palmeiras e São Paulo, Leila Pereira e Julio Casares, respectivamente, que se encontraram na sede da FPF para uma reunião de conciliação nesta semana após a confusão no clássico no domingo, comemoraram juntos o acordo. Leila já havia "puxado" a decisão de fechar com a Globo, como revelou o Estadão em fevereiro. "O Palmeiras sempre deixou claro que não venderá em hipótese alguma porcentual de qualquer direito (de transmissão dos jogos) para algum Fundo. Então, dentre as propostas que nos foram apresentadas, o Palmeiras decide por prosseguir com a da TV Globo", declarou a mandatária na época.
ACORDO BILIONÁRIO E DIVISÃO POR DESEMPENHO E AUDIÊNCIA
Anualmente, o grupo receberá cerca de R$ 1,3 bilhão pelos direitos de TV, tanto aberta quanto fechada. Há, ainda, um adicional oriundo do pay-per-view, no formato de participação direta dos clubes nas receitas. Caso mais clubes entrem na Libra, o valor pode ser alterado. O mesmo vale para o caso de rebaixamento de clubes do grupo, neste caso, com redução do montante. O Santos integra a Libra e, se garantir o acesso à Série A do próximo ano, passa a ter as transmissões regidas por este contrato.
A arrecadação com os direitos de transmissão será distribuída entre os clubes a partir de regra aprovada em uma Assembleia Geral da entidade: 40% de modo igualitário, 30% por performance e 30% por audiência. Caberá ainda um repasse de 3% do valor total para os clubes do grupo que estiverem na Série B, como forma de estimular a competitividade.
Fundada oficialmente no primeiro semestre de 2022, a Libra é um dos grupos que reúnem clubes brasileiros e seus interesses. Ela negocia com a Mubadala Capital (de um Fundo de Abu Dhabi) para ter o investimento e é assessorada pelo BTG Pactual. Além dos times da Série A e do Santos, a Libra ainda conta com ABC, Brusque, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Paysandu, Ponte Preta e Sampaio Corrêa. São 19 equipes no total.
Do outro lado, a Liga Forte União (LFU) reúne Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Atlético-GO Botafogo, Goiás, Fortaleza, América-MG, Cuiabá, Criciúma e Juventude, na Série A; além de e Sport, Ceará, Avaí, Chapecoense, Coritiba, CRB, Vila Nova, Londrina, Tombense, Figueirense, CSA e Operário. O grupo tem assessoria da XP Investimentos.