Em um ano marcado pelo acirramento da "guerra judicial" pelo controle da empresa, a Eldorado Brasil Celulose, de Três Lagoas, fechou 2023 com lucro líquido de R$ 2,3 bilhões, conforme dados divulgados pela empresa nesta quinta-feira (14).
Isso significa lucro diário de R$ 6,3 milhões, ou R$ 262 mil por hora. Somente no último trimestre do ano o lucro foi de R$ 444 milhões, ante R$ 24 milhões no trimestre anterior, quando as atividades sofreram interrupção para serviços de manutenção.
Ao longo dos últimos três meses, volume de vendas foi de 469 mil toneladas, e de 1,864 milhão de toneladas durante o ano inteiro, o que representa alta de 6% ante 2022.
No âmbito operacional, a produção trimestral alcançou 464 mil toneladas, e somou em 2023, um volume de 1,784 milhão de toneladas, novo recorde de produção para anos com parada geral.
Os investimentos somaram 1,176 bilhão no ano, frente a 1,095 bilhão no ano anterior. "Apesar de 2023 apresentar um cenário de maior volatilidade e incertezas no âmbito macroeconômico, a Eldorado Brasil manteve o foco e investimentos na manutenção da sua excelência operacional", destacou Fernando Storchi, diretor financeiro da empresa.
Para justificar o bom desempenho, ele também destaca a importância da ativação daquilo que ele chama de "um dos maiores terminais de celulose da América Latina, no porto de Santos".
Ao longo do ano, segundo ele, foram plantados mais de 30 mil hectares de eucaliptos, que agora superam os 400 mil hectares somente da empresa. Incluindo os plantios de outras empresas, o Estado tem em torno de 1,3 milhão de hectares ocupados por eucaliptos.
E por conta deste grande volume de áreas ocupadas por florestas plantadas, a celulose tornou-se o principal item das exportações de Mato Grosso do Sul, superando soja, milho e carnes. Somente no primeiro bimestre o ano as exportações de celulose somaram 290,8 milhões, resultado da venda de 668,46 mil toneladas.
O volume foi 3,3% menor que em igual período do ano passado, quando foram exportadas 691,2 mil toneladas. Mas apesar deste recuo, o faturamento aumentou quase 22%, passando de 237,8 milhões de dólares para 290,8 milhões de dólares. Ou seja, o valor médio da tonelada aumento em torno de 26% em um ano, passando de 344 dólares para 435.
Desde 2017 os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F Investimentos, disputam o controle da empresa com a indonésia Paper Excellence. Os irmãos venderam a empresa por 2017 por R$ 15 bilhões.
A multinacional assinou um contrato para adquirir 100% das ações da Eldorado, pagando R$ 3,8 bilhões por 49,41% das ações da empresa brasileira de celulose.
A previsão era de que a Paper pagaria pelo restante das ações após a liberação das garantias das dívidas, o que deveria ocorrer dentro de um ano, conforme o contrato assinado entre as partes. Segundo a J&F, a Paper nunca liberou as garantias e o prazo venceu em setembro de 2018.
Ainda e acordo com a empresa dos irmãos Batista, a Paper alegou que os vendedores não colaboraram para que ela cumprisse a condição que a permitisse comprar 100% da Eldorado. Por outro lado, a Paper diz que, com a alta do valor da celulose no mercado externo, a J&F tentou renegociar valores do contrato, o que não foi aceito pela Paper.
Ações judicias tramitam em diferentes instâncias tanto da Justiça Federal quanto em tribunais de Justiça Estadual e por enquanto não existe previsão para solução da disputa.
Enquanto isso, a promessa de investimento da ordem de R$ 15 bilhões para dobrar a capacidade da empresa segue somente no papel.