Nesta quarta-feira (20), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) deve decidir se acata o pedido da Itália para que o ex-atleta cumpra sua pena no Brasil. Inicialmente, o país europeu demandou a extradição de Robinho, mas a legislação impede que isso ocorra com brasileiros natos.
No vídeo, Robinho repete os mesmos argumentos que utilizou em entrevista à TV Record veiculada no domingo (17), dizendo que as provas que têm que comprovariam sua inocência não foram consideradas no julgamento que aconteceu na Itália. Segundo ele, a condenação decorre de uma postura racista da justiça italiana.
"Minha esperança é que aqui no Brasil eu possa ter o direito de me defender", diz o ex-jogador. Sua primeira condenação foi em 2017 e ele recorreu e teve suas tentativas esgotadas em 2022, com trânsito em julgado.
Com passagens por Santos, Real Madrid, Manchester City, Milan e seleção brasileira, o ex-atacante reconta no vídeo como teria sido a noite em que ocorreu o estupro pelo qual foi condenado na Itália. Ele diz que estava em uma boate de Milão com amigos e familiares e que, após a esposa deixar o local, a mulher que o acusa teria se aproximado dele.
Segundo essa versão, eles então teriam ido juntos até um local mais reservado, onde se deu a relação sexual de maneira consensual, defende Robinho. Ele diz que era um local aberto e que seguranças e outros clientes da boate poderiam perceber caso algo de errado estivesse ocorrendo ali.
O brasileiro também confronta a versão considerada pela Justiça italiana de que a mulher estaria inconsciente quando eles se relacionaram. "Fui acusado de ter tido um encontro com uma mulher enquanto ela estava inconsciente. Não é verdade. Ela estava dançando e conversando normalmente", afirma Robinho, que apresenta na publicação o que seria um exame toxicológico que, segundo ele, comprovaria que a mulher não estaria bêbada.
Apesar de sempre ter negado o crime publicamente, a polícia italiana gravou conversas do ex-atleta com amigos nas quais ele confirma o estado de inconsciência da vítima. "Por isso que eu estou rindo, eu não estou nem aí. A mina estava extremamente embriagada, não sabe nem quem que eu sou", disse o ex-jogador.
As gravações fizeram parte do material usado pelo Ministério Público da Itália no processo que condenou o brasileiro por estupro coletivo.
Segundo a investigação do Ministério Público, Robinho e outros cinco amigos praticaram violência sexual de grupo contra a vítima, que foi embriagada por eles e, inconsciente, levada para o camarim do estabelecimento, onde foi estuprada várias vezes.
Ricardo Falco, amigo do jogador, também foi condenado. Por terem deixado a Itália durante a investigação, os outros quatro homens não puderam ser notificados, e o caso deles foi desmembrado do processo.
No vídeo publicado nesta segunda-feira (18), o brasileiro diz que, após sofrer o abuso, a mulher teria ido para outra discoteca junto com os cinco amigos do ex-jogador que também teriam participado do ato criminoso. "Uma mulher que tem esse tipo de violência se retrai, tem nojo das pessoas que fizeram isso, quer chamar a polícia. Não foi o que aconteceu."
Robinho acrescenta que, diante de "tantas provas contundentes e gritantes" que provariam sua inocência, a condenação refletiria um racismo estrutural no país europeu, imposta por juízes que, na versão do ex-jogador, são lenientes com casos de racismo nos campos de futebol do Campeonato Italiano.
"Esses mesmos que não tomam nenhuma providência sobre racismo são os mesmos que me julgaram, que não dão nenhuma voz para um negro que está tentando se defender", diz o ex-jogador. "Tenho absoluta certeza que se fosse europeu, branco, meu julgamento teria sido totalmente diferente."
Robinho encerra o vídeo dizendo que errou por não ter ido embora com sua esposa da boate em Milão naquela noite, mas ressalta haver uma "distância muito grande" entre cometer um erro conjugal e um ato criminoso.
"Quem comete um crime dessa magnitude tem que pagar e todas as mulheres têm o direito de se defender, mas não foi o meu caso. Meu caso foi uma grande injustiça."