A ex-deputada Flordelis começou a ser ouvida neste sábado, 12, sobre a morte de seu marido, Anderson do Carmo. A parlamentar cassada, uma das rés do caso, afirmou que o motivo do assassinato do pastor foram “os abusos” que ocorriam em sua casa. “É muito difícil para mim falar, mas foi a ciência dos abusos que aconteceram dentro da minha casa”, resumiu em um depoimento que durou cerca de 40 minutos, no Fórum de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ela também disse ter sido agredida e abusada por Anderson, mas que não acreditava que a vítima pudesse ter a mesma conduta “com outras mulheres”. “O meu marido só sentia prazer se me machucasse, ele me machucava, ele só chegava a vias de fato se me machucasse. Eu achava que era por problemas familiares de quando ele era criança e eu me sujeitava, porque eu aprendi com minha mãe, que era submissa. Ela dizia que se o marido fizesse algo, tinha que tentar resolver as coisas”, disse.
Flordelis é acusada de ser a mandante do homicídio, mas nega o crime. “Não tenho que pagar pelos erros de ninguém. Há três anos pago por uma coisa que não fiz. Estou sendo chamada de mandante do assassinato da pessoa que mais amei na vida”, disse. No depoimento deste sábado, a ex-deputada mencionou os dois filhos condenados pela morte de Anderson do Carmo, mas ressaltou que não poderia confirmar quem executou o pastor. “Não posso acusar ninguém. Não estava no local, não vi [quem fez os disparos]”, disse. “Meu filho Flávio foi sentenciado e meu filho Lucas foi sentenciado”, acrescentou. Flávio dos Santos Rodrigues, acusado de atirar no padrasto, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma, uso de documento ilegal e associação criminosa armada. Lucas Cézar dos Santos Souza foi condenado a 7 anos e meio por homicídio triplamente qualificado – ele teria comprado a arma do crime. A pena de Souza foi reduzida por ter colaborado com as investigações.
O interrogatório dos réus marca uma nova fase do julgamento do caso Anderson do Carmo. Nos últimos cinco dias, 24 testemunhas foram ouvidas, sendo 13 de acusação e 11 de defesa. Neste sábado, o primeiro a ser ouvido foi André Luiz, filho afetivo do casal, acusado de homicídio, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. No depoimento, ele disse ser inocente. De acordo com sua versão, ele estava dormindo no quarto quando ouviu os tiros. “Achei que pudesse ser assalto na rua e acabo deitando, mas depois de alguns segundos, minutos, escuto o burburinho na casa, boto uma roupa e desço. Quando desço, vejo todo mundo olhando para algo. Sem entender [o que estava acontecendo], vou para a garagem e vejo meu pai caído próximo ao carro. Fiquei completamente nervoso”, contou.