Com projeção futura de investimentos privados que ultrapassam R$ 57,5 bilhões, Mato Grosso do Sul presencia um momento de plena expansão econômica. Os altos investimentos privados que contam com incentivos públicos contribuem para diversificar e moldar o cenário econômico até 2027.
Levantamento realizado pela reportagem do Correio do Estado com base em dados de órgãos governamentais, associações do setor econômico e cooperativas de produtores mostram o potencial dos investimentos que tem como destaque megaempreendimentos no ramo da celulose e grandes indústrias de biocombustíveis.
Mato Grosso do Sul avança rumo diversificação da matriz econômica tendo como efeitos uma série de ações positivas que devem repercutir amplamente.
O doutor em Administração Leandro Tortosa destaca a geração de emprego, o desenvolvimento da infraestrutura, o impacto ambiental positivo e ainda o estímulo de toda a cadeia da economia regional. "Com a expansão dos investimentos, é provável que mais empregos sejam criados, beneficiando a economia local", frisa.
Entre os principais projetos já anunciados está a expansão de plantas do setor sucroenergético, com a fábrica de fertilizantes e transformação de cana-de-açúcar e milho em etanol, além de plantas frigoríficas de suínos e bovinos, assim como de laticínios, processamento de celulose, projetos de plantas de esmagamento de soja, indústrias produtores de embalagens, plantas químicas para transformação de colágeno.
O anúncio mais recente é a produtora de biocombustível Atvos, que anunciou ontem a assinatura de um memorando de investimentos para a construção de sua primeira unidade de biometano a partir de resíduos da cana-de-açúcar.
A unidade, que ficará localizada em Nova Alvorada do Sul, localizada a 115 quilômetros da Capital, onde a companhia já possui uma planta responsável pela produção de etanol, deve receber investimentos superiores a R$ 350 milhões.
A nova operação, que utilizará como insumos a vinhaça e a torta de filtro, resíduos resultantes da cadeia produtiva da cana, ocupará uma área de 150 mil metros quadrados e terá capacidade instalada de 28 milhões de metros cúbicos de biometano.
Com o novo empreendimento, a Atvos contribui com processo de transição da matriz energética no País e reforça o desenvolvimento socioeconômico do Estado, com geração de 4 mil empregos diretos e mais de 11 mil indiretos.
No ano passado a Atvos anunciou um investimento de R$ 3 bilhões em Mato Grosso do Sul até 2026, tanto nas frentes agrícolas quanto nas áreas industriais. Ao todo, a companhia emprega cerca de 3,8 mil pessoas diretamente em MS.
Com potencial de mudar o cenário municipal a arrecadação da prefeitura de Nova Alvorada do Sul foi, em 2023, de R$ 166.886.588,94. "Ou seja, os investimentos previstos são mais do que o dobro das receitas municipais do ano passado", aponta Tortosa.
Para o Estado que planeja ampliar a produção sustentável e progredir na transição energética a ação reflete em um grande passo para o Estado. "Especialmente no que se refere à adoção de combustíveis mais limpos reforçando o compromisso m alcançar a neutralidade de carbono", acrescenta.
A expectativa é que as obras da nova unidade da indústria de biometano sejam iniciadas ainda neste ano.
DIVERSIFICAÇÃO
O doutor em Economia Michel Constantino, ainda destaca que outros investimentos podem ser somados a diversificação da matriz econômica de MS indústrias de processamento de tilápia e produção de látex.
"Nos últimos seis anos, o Estado melhorou o seu ambiente de negócios, atraiu novos investimentos e mostrou o seu potencial para o mercado. Nós chamamos isso em economia de vantagem comparativa", explica.
Ele prossegue dizendo que MS fez muito bem o trabalho de apresentar seus principais "ativos". "Esses proporcionam aos investidores vantagens por uma série de fatores, entre eles, logísticos, de custos, de expansão e de sustentabilidade", resume.
Com o potencial de terras e produtivo do Estado, Constantino pontua que empresas como Arauco e Suzano fazem mapeamento de mercado antes de trazerem investimentos para cá.
Tortosa acrescenta ainda que a movimentação evidencia a necessidade de avanços na logística, principalmente ferroviária, para dar mais competitividade no mercado, o que pode levar a melhorias na infraestrutura de transporte do estado.
CELULOSE
Entre as operações iniciadas está o Projeto Cerrado, já em construção na região de Ribas do Rio Pardo. Ao todo, a Suzano prevê investimentos de R$ 23 bilhões na planta. Somente esta iniciativa gera expectativa de aumentar a área plantada da empresa para 600 mil hectares de eucalipto.
Com previsão de conclusão em 2024 e processamento de 2,3 milhões de toneladas por ano, a gigante brasileira ainda enfrentará, no futuro, a concorrência pelo mercado regional da matéria-prima advinda do eucalipto com a chilena Arauco.
O anúncio feito em 2022 e prevê uma planta na região de Inocência tão grande quanto a da Suzano. A inserção destas duas iniciativas transforma MS no principal produtor mundial da commodity.