A agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Campo Grande foi marcada por curiosidades, intensificadas principalmente pelo ano eleitoral. A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), por exemplo, não foi. Ela alegou que tinha uma agenda marcada há vários dias em São Paulo, na companhia de Tereza Cristina. Já o governador Eduardo Riedel (PSDB) foi ao evento e aproveitou a oportunidade para fazer pedido.
Riedel não recebeu o presidente, ministra do Planejamento, Simone Tebet, e ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, no aeroporto, como governadores costumam fazer. Ele tinha uma agenda no Sebrae no início da manhã e foi direto para a JBS, onde andou pelo frigorífico e sentou ao lado de Lula.
Riedel apoiou Bolsonaro na eleição de 2022, mas teve ajuda do PT no segundo turno em MS. No discurso, não se importou com possível rejeição bolsonarista e se dirigiu a Lula. "Muito obrigado pela sua presença. Para nós, é uma honra. Seja muito bem-vindo sempre no nosso Estado".
O governador também falou em gratidão a Lula, lembrando que o atual presidente pediu para governadores apontarem o que seria prioritário. O governador contou que apresentou sete projetos e todos foram acatados, sendo enviados mais de R$ 1 bilhão ao Estado.
"Aqui no estado não haverá nunca qualquer tipo de discussão que coloque a democracia em segundo plano", pontuou. Riedel finalizou pedindo para que Lula olhe com carinho o término da fábrica de fertilizantes em Três Lagoas.
Lula e a história de pescador
O presidente Lula iniciou o discurso com uma história de pescador, brincando com a ausência de quase dez anos em Mato Grosso do Sul. Ele afirmou que deixou de vir porque não foi mais convidado pelo deputado Zeca do PT. Segundo Lula, o motivo seria seu ótimo desempenho como pescador, após pegar um jaú de 47 quilos e um dos maiores pintados de Mato Grosso do Sul. "Um vexame para as outras pessoas, que pegavam peixe de 50 gramas, do tamanho de um lambari", ironizou.
Lula cometeu gafe comum de autoridades visitantes ao anunciar o presidente da Assembleia, Gerson Claro (PP), dizendo que era presidente da Assembleia do Mato Grosso. Rapidamente foi corrigido e completou com o do Sul. Sem demonstrar grande constrangimento, aproveitou para fazer uma piada na sequência, cumprimentando Zeca, dizendo que foi quase tudo no Estado, menos pescador.
O presidente também fez um desafio para Riedel, propondo comprar terras, em sociedade, para destinar a indígenas Guaranis que vivem na beira da estra na região de Dourados, segundo ele, "implorando liberdade". Segundo Lula, Riedel pode ligar para ele na hora que encontrar as terras, que fará o possível para comprar.
Simone agradeceu a oportunidade dada por Lula para ela assumir um ministério importante como o de Orçamento. Ela falou das missões que tem, ressaltando a de não permitir que ninguém passe fome.
A superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Rose Modesto (União Brasil) também compareceu ao evento. Alguns petistas defendem apoio a Rose já no primeiro turno, mas Camila Jara (PT) resiste como candidata. Do lado de Rose, aliados fazem as contas para saber se a aproximação ainda maior com o PT não pode ser prejudicial para a campanha.
Protesto
O deputado João Henrique Catan (PL), que briga para ser o candidato do PL para Prefeitura de Campo Grande, também marcou presença. Com um megafone, João Henrique levou um boneco inflável de Jair Bolsonaro e fez um protesto próximo ao frigorífico.
Apesar do protesto de João Henrique e de poucos sindicalistas que pediam reajuste salarial, o comboio presidencial não teve grandes problemas para cruzar a cidade. Não houve manifestação nem de apoio ou protesto que impedisse o comboio de chegar até o evento.