Após o primeiro dia de julgamento, o ex-presidente dos Estados Unidos, e candidato republicano à presidência nas eleições deste ano, Donald Trump diz que não terá um julgamento justo porque tem ‘problema real’ com o juiz encarregado do seu caso em Nova York. “Não teremos um julgamento justo”, disse Trump do lado de fora do tribunal em Manhattan após o primeiro dia de seleção do júri, realizado nesta segunda-feira (15). “Temos um verdadeiro problema com este juiz”, acrescentou. Durante a manhã, o juiz de instrução Juan M. Merchan rejeitou várias petições da defesa, incluindo o pedido de afastamento do caso. Merchan também advertiu o magnata, que em alguns momentos balançava a cabeça com irritação para expressar sua desaprovação e chegou a ser surpreendido dormindo, de que poderia ser acusado de desacato em caso de interrupção do processo.
Trump é acusado de ocultar um pagamento de US$ 130 mil (R$ 672 mil, na cotação atual) à ex-atriz pornô Stormy Daniels para comprar seu silêncio sobre um suposto caso extraconjugal que remonta a 2006 e para proteger sua campanha eleitoral em 2016, na qual acabou vencendo contra a democrata Hillary Clinton. O bilionário não está sendo acusado pelo pagamento em si para ocultar um relacionamento sexual que ele sempre negou, mas por tê-lo disfarçado como despesas legais da Organização Trump, sua empresa familiar, o que pode resultar em uma condenação de até quatro anos de prisão.
O destino de Trump está nas mãos de um júri de 12 membros e seis suplentes que começaram a ser escolhidos nesta segunda e pode durar vários dias. Ao fim do julgamento, que pode durar até dois meses, os eleitos emitirão um veredicto unânime. Trump disse na semana passada que a seleção dos 12 jurados é, “em grande parte, sorte”. Dos primeiros 96 candidatos que entraram na sala, mais da metade levantou a mão para dizer que não seria imparcial e foi dispensada. Os candidatos são escolhidos pro sorteios e são identificados por um número para não terem seus nomes divulgados por razões de segurança. Eles precisam responder a um questionário minucioso sobre suas simpatias políticas, as fontes de informação que utilizam e sobre sua imparcialidade e capacidade de decidir o destino de um dos políticos mais influentes dos últimos tempos, tanto nos Estados Unidos quanto no mundo.
Uma sentença de culpabilidade não seria um obstáculo para que Trump se candidate às eleições presidenciais de 5 de novembro, onde enfrentará pela segunda vez o democrata Joe Biden, que o derrotou há quatro anos. Nem mesmo para assumir a Presidência. Trump classifica o julgamento como uma ‘perseguição política’ orquestrada pelos democratas para impedir seu retorno à Casa Branca. Os Estados Unidos têm eleições em 5 de novembro deste ano. “Isso é um ataque aos Estados Unidos. Nunca aconteceu nada parecido”, disse o republicano ao chegar ao tribunal.
Trump é acusado de 34 falsificações de documentos contábeis da Organização Trump para camuflar os pagamentos feitos a Stormy Daniels como “despesas legais”, adiantadas do próprio bolso pelo então advogado de Trump e homem de confiança, Michael Cohen, atualmente seu inimigo declarado e que será uma das testemunhas-chave da acusação. O julgamento terá que determinar o que Trump sabia sobre esses pagamentos, pelos quais Cohen já foi condenado.
*Com informações das agências estaduais