O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), deflagrou, na manhã desta quarta-feira, a Operação Last Chat.
A operação é desmembramento da Operação Courrier, para cumprimento de 55 (cinquenta e cinco) mandados judiciais (prisão preventiva e busca e apreensão) em Campo Grande/MS, Ponta Porã/MS, São Paulo/SP e Fortaleza/CE.
A polícia tenta desmantelar uma organização criminosa altamente estruturada que opera no tráfico de drogas em 5 (cinco) Estados da Federação, desde o interior dos presídios, contando com uma rede sofisticada de distribuição e vários integrantes e apoiadores já identificados (aproximadamente 40), entre os quais policial militar, servidor público municipal e 3 (três) advogados.
“Simultaneamente ao tráfico de drogas, a organização criminosa atua fortemente no comércio ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e submetralhadoras, além de granadas, munições, acessórios e outros materiais bélicos de uso restrito, bem como na lavagem do dinheiro relacionado aos crimes, para a qual se utiliza de diferentes métodos, como a constituição de empresa fictícia, uso de contas bancárias de terceiros, aquisição de veículos de alto valor econômico em nome de terceiros (Porsche, caminhões etc.), entre outros”, diz a nota do Gaeco.
Segundo a investigação, as atividades do grupo criminoso são coordenadas por Rafael da Silva Lemos ("Gazela" e/ou "Patrão"), contra quem pesam condenações criminais que somam mais de 49 anos de prisão.
“Para liderar organização criminosa complexa do interior do sistema penitenciário, servia-se ora do uso ilícito de aparelhos celulares, ora de entrevistas reservadas com advogados que se prestavam a repassar os comandos criminosos aos diversos integrantes do grupo”, diz o Gaeco.
As investigações tiveram início a partir da análise de aparelho celular apreendido em posse de uma advogada presa durante a Operação Courrier, mas beneficiada com prisão domiciliar dias depois, a quem, segundo a denúncia , o líder contatava por mensagens para a prática de obstrução de investigações, lavagem de dinheiro, corrupções, entre outros crimes.
“No transcorrer dos trabalhos, foi possível identificar mais de 4 toneladas de maconha, mais de 3 mil comprimidos de ecstasy, centenas de munições e carregadores de fuzil de calibre 762 e pistolas cal. 9mm, pertencentes à organização criminosa, apreendidos em ações policiais. De acordo com levantamento realizado pelo GAECO, as apreensões geraram um prejuízo ao crime organizado superior a R$ 9 milhões”.
Rafael da Silva Lemos está foragido desde o dia 27.12.2023, quando fugiu do sistema penitenciário (Estabelecimento Penal Masculino de Regime Semiaberto e Aberto de Dourados – EPMRSA-D), durante deslocamento para consulta médica, permanecendo até o momento procurado pela Justiça.
Informações sobre o paradeiro do foragido poderão ser informadas à Ouvidoria do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (telefones: "127" e "0800-999-2030" – internet: mpms.mp.br/ouvidoria). O nome, Last Chat (tradução livre: último bate-papo), alude ao esperado encerramento do contato até então mantido entre os integrantes presos e o mundo externo, por efeito da Operação.