BRUNO MADRID
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Corinthians de António Oliveira engatou uma sequência de três jogos de invencibilidade ao empatar com o Fortaleza por 0 a 0, neste sábado (4), na Neo Química Arena, pelo Campeonato Brasileiro, mas o técnico português ligou o sinal de alerta para fatores que vão além da tática e da técnica: a falta de tempo e as lesões.
O Alvinegro jogaria na tarde do último sábado, mas a CBF alterou o horário ainda no meio da semana e reagendou o duelo contra os nordestinos para às 21h (de Brasília). O fato irritou o comandante, que chegou a ser irônico em entrevista coletiva ao dizer que o responsável pela marcação do calendário estava "jogando PlayStation".
A mudança faz com que o Corinthians tenha menos de 72 horas entre uma partida e outra: na terça-feira (7), a partir das 19h, a equipe encara, no Paraguai, o Nacional, pela Copa Sul-Americana. O confronto é fundamental para os paulistas, que só venceram um dos três compromissos no torneio continental até aqui.
"É mais fácil estar numa cadeira marcando jogos, não são eles que jogam. Eles precisam dar entretenimento às pessoas. Não temos tempo para recuperar.
Deviam ter mais respeito porque vamos representar o país fora dele, mas aí não querem saber: o importante é colocar o jogo. O Corinthians sai prejudicado. Quero ver se alguém vem se responsabilizar por isso em caso de eu perder mais jogadores. Depois, sou eu que tenho que vir aqui, mas quem marcou jogos deve estar jogando PlayStation", reclamou António Oliveira
A maratona não acaba por aí: no sábado (11), o time de António vai ao Rio de Janeiro encarar o Flamengo, que também tem compromisso internacional no meio da semana fora do país.
Os desfalques ampliam o alerta: nomes como Yuri Alberto, Coronado, Gustavo Henrique e Pedro Henrique foram ausências recentes e ainda não estão confirmados para os próximos embates — para piorar, diante do Fortaleza, o atacante Mosquito deixou o gramado no intervalo com sintomas de virose e virou dúvida.
O técnico não se calou diante dos problemas e uniu a bronca na CBF à uma brincadeira em que compara sua vida com a de uma unidade do McDonalds, fazendo alusão ao ritmo acelerado e à ausência de tempo para conciliar sua vida profissional com a pessoal.
"No futebol, parecemos o McDonalds, é 24 horas. Eu, infelizmente, não tenho horário familiar. Nem consigo ir para casa e brincar com meus filhos."
RECEITA PERFEITA?
António despistou ao falar sobre possíveis mudanças no time diante da falta de tempo. Para ele, "não há titulares ou reservas, mas sim rendimento".
O português, no entanto, não negou que a prioridade corintiana é, no momento, o Campeonato Brasileiro: o time está no meio da tabela e só venceu um dos cinco jogos que fez no torneio.
"Não há rodagem de elenco, uso aqueles que sinto que são os melhores para a competição. Todos os jogos são importantes. Não é baixar a guarda na Sul-Americana, mas é evidente que nossa prioridade é o Brasileirão, não vou esconder. Claro que as Copas são boas oportunidades que temos de subir degrau a degrau r queremos continuar nelas. Na terça, temos um jogo muito importante, mais uma vez vamos jogar para ganhar e não vai haver ninguém poupando. Será aquilo que sinto que é o melhor para o jogo."