SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Moradores de dois bairros na região central de Porto Alegre deixaram suas casas e foram orientados a buscar abrigo diante da iminência de novas enchentes após o desligamento do sistema de bombeamento de água na tarde desta segunda-feira (6).
De acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, a empresa de energia local interrompeu o fornecimento em uma das casas de bomba por questões de segurança.
O mesmo sistema se rompeu na última sexta-feira (3), e toda água que havia sido dragada voltou a encher o centro de Porto Alegre.
Por estar às margens dos rios Gravataí e Guaíba, a capital gaúcha tem um sistema de escoamento de água, que inclui diques e comportas de até 5 metros de altura, acionadas em caso de cheia.
Há também 23 casas de bomba em operação na cidade, que são reservatórios onde a água é retida em caso de cheias. Atualmente, a cidade dispõe de apenas quatro sistemas de escoamento em funcionamento.
A casa de bombas desligada nesta segunda capta água do centro da cidade e a bombeava o rio Guaíba. Inoperante, esse volume volta a se espalhar e ocupar as ruas dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus.
A estimativa do governo estadual é de que o leito do Guaíba demore até dez dias para voltar ao normal.
De acordo com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), o desligamento da casa de bomba foi uma decisão tomada pelos técnicos que operam o sistema devido às recorrentes descargas elétricas em função do contato da água com o painel elétrico. "As pessoas começaram a sentir choques nessa região, especialmente, o operador da casa", disse o prefeito.
Uma moradora de um dos bairros relatou que, após o desligamento das bombas, a água subiu rapidamente e chegou na altura da cintura. Vizinhos usaram jet ski para se locomover perto de sua casa, localizada a cerca de 2 quilômetros da orla do rio Guaíba.
O sistema desligado pela interrupção do fornecimento de energia fica a poucos metros do rio, e é vizinho da sede do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
Usado como centro de referência para acolhimento na cidade, o Teatro Renascença teve que ser esvaziado por estar situado na área afetada pelo desligamento do sistema de escoamento.
O prefeito Melo também informou que será feito um plano de logística para permitir a chegada de veículos à capital gaúcha, principalmente, de caminhões com doações de estados vizinhos, como Paraná e Santa Catarina.
A situação calamitosa levou o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio Grande do Sul a desligar o centro de processamento de dados de todo estado. Isso deixou as polícias gaúchas sem sistema, assim como o site oficial do governo, que está fora do ar.
BALANÇO DA TRAGÉDIA
As fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul já provocaram 83 mortes e afetaram 345 dos 497 municípios gaúchos.
Além disso, 121 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e 19 mil estão morando em abrigos, segundo os dados do boletim mais recente da Defesa Civil do Estado, divulgado na manhã desta segunda-feira (6).
O governo do Rio Grande do Sul ainda contabiliza que 850 mil pessoas foram afetadas pelo evento climático extremo. No total, 276 indivíduos estão feridos e 111 desparecidos.
As cidades com o maior número de óbitos são Cruzeiro do Sul (oito mortes), Gramado (sete), Veranópolis (cinco), Caxias do Sul (cinco), Lajeado (cinco) e Santa Maria (cinco).