A Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualizou para 143 o número de mortos devido às inundações causadas pelas chuvas que atingem o Estado desde 27 de abril. No boletim atualizado na manhã deste domingo (12), o número de desaparecidos permanece em 125. Agora, são 446 os municípios atingidos – do total de 497 -, afetando 2.115.704. Já são 806 os feridos e 537.380 os desalojados. Os abrigos atendem 81.170. Até o momento, um efetivo de 27.589 aliado a um sem-número de voluntários, já resgatou 76.399 pessoas e 10.555 animais. São utilizados 4.398 viaturas, 41 aeronaves e 340 embarcações. Os trabalhos de resgate não cessam e autoridades e população seguem ainda mais apreensivos, já que houve chuva durante todo o sábado e madrugada do domingo em diversas regiões do Estado. A chuva persiste no Vale do Taquari e o rio Taquari, que passa pela Região dos Vales, subiu 7 metros em 24 horas. As águas voltaram a superar a cota de inundação (19 metros) na cidade de Estrela. Conforme medição da Defesa Civil do município, o patamar estava em 20,88 metros às 7h deste domingo (12). Houve um alerta de risco de inundação por volta das 22h, informando que o rio poderá “apresentar elevação gradual em seus níveis a partir da madrugada e manhã de domingo, gerando ainda mais transtornos à população, especialmente aos moradores próximos ao rio”. Devido às inundações, Rodovia BR 386 está interditada na altura da cidade de Montenegro. A Rota do Sol, estrada que liga Caxias à Região de Garibaldi e Bento Gonçalves para o Vale do Taquari também está interditada devido quedas de barreiras. A ponte que liga Lageado e Estrela está aberta normalmente. Na capital, as águas do Guaiba também voltaram a subir na manhã deste domingo (12).
Um bloqueio atmosférico causado por uma frente estacionária vai continuar provocando instabilidade no tempo do Rio Grande do Sul com volumes de 30 a 50 milímetros (mm) de chuva, pelo menos até quarta-feira (15), quando está prevista a entrada de uma massa polar. A informação é do meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Glauco Freitas. Segundo Freitas, esses volumes em situações anteriores não provocariam esse descontrole, mas agora, com a quantidade de chuva dos últimos dias, qualquer incidência acima de 10 mm traz preocupação e, quando atinge 30 mm, causa transtornos à população. "Esse sistema deve permanecer, pelo menos, até quarta-feira, provocando chuva. Na quarta-feira teremos a entrada de uma massa de ar polar, abrindo o tempo em grande parte do estado", disse em entrevista à Agência Brasil. O meteorologista adiantou que o avanço intenso da massa polar vai provocar queda nas temperaturas, que deve ficar em torno de 0°C em algumas regiões. Na Campanha, a mínima pode ficar perto de 2°C a 3°C e, em Porto Alegre, perto de 10°C. “Há previsão de bastante frio nesta região no decorrer da próxima semana", afirmou, acrescentando que o estado de Santa Catarina também será atingido. Freitas disse que existe uma expectativa de que a chegada do frio possa reduzir a quantidade de chuva, mas os modelos meteorológicos ainda não apontam essa situação. "A princípio ainda não vai conseguir quebrar o bloqueio [atmosférico que provoca as chuvas]. Há uma expectativa, mas até agora as análises e modelos não mostraram isso."
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) alertou no sábado (11) que considera muito alta a possibilidade de novas ocorrências hidrológicas, como alagamentos, em várias regiões do Rio Grande do Sul, devido à previsão de chuva com possibilidade de altos acumulados para domingo, principalmente na porção centro-norte do Estado. O risco aumenta por estar somado à permanência das inundações, aos níveis fluviométricos (dos rios) elevados em vários municípios e ao deslocamento das ondas de cheia, decorrentes dos acumulados de chuva dos últimos dias e das condições de saturação do solo. O alerta vale para as mesorregiões Noroeste, Centro-Ocidental, Nordeste, Sudeste e Sudoeste Rio-Grandense e Metropolitana de Porto Alegre. Além disso, o Cemaden considera alta a probabilidade de ocorrência de deslizamentos nas mesorregiões Nordeste e Centro-Oridental do Rio Grande do Sul e na Região Metropolitana de Porto Alegre, principalmente na Serra Gaúcha, também devido à grande quantidade de chuva na última semana e à previsão de mais temporais no decorrer do dia. Neste cenário, há possibilidade de deslizamentos de terra esparsos, especialmente "quedas de barreira" à margem de estradas e rodovias e reativação dos deslizamentos já registrados.
A meteorologista da Sala de Situação do Estado do Rio Grande do Sul, Cátia Valente, informou por meio de vídeo que as chuvas vão voltar a ser fortes, principalmente, neste domingo (12) e na segunda-feira (13). "Os volumes não são tão elevados, mas a nossa preocupação é que as chuvas vão voltar a ficar muito intensas ao longo de todo o domingo. Os volumes podem ser bastante expressivos desde o noroeste gaúcho, passando pelo centro, região dos vales, região metropolitana, serra e litoral norte", alertou. Cátia Valente chamou atenção também para a condição de ventos fortes, especialmente, na parte leste do estado. "Muita atenção aos avisos e aos alertas da Defesa Civil do estado, porque novamente podemos ter respostas hidrológicas e, principalmente, podemos ter movimentos de massa, especialmente nas áreas mais elevadas", destacou a meteorologista.