Mudanças de comportamento, como irritabilidade e automutilação, podem ser os indicativos de que uma criança está sofrendo abuso sexual. Estar atento às estes e outros sinais é uma tarefa que compete aos pais, responsáveis e demais envolvidos no dia a dia delas, sempre procurando pelos órgãos competentes quando houve a suspeita do crime.
A psicóloga Gabriela Cayres Piscoliga, que atua no Lar Lygia Hans, explica que as crianças emitem indicativos de que algo aconteceu. “Comportamento introspectivo, insônia, baixa autoestima, diurese excessiva principalmente à noite e pesadelos constantes são alguns dos sinais”, pontuou.
Observar as mudanças é muito importante para a descoberta do caso e o início do tratamento psicológico da vítima, que acaba sofrendo com traumas. Um dos locais que oferece o acompanhamento especializado é o Lar Infantil Lygia Hans, vinculado à instituição Adventista do Sétimo Dia.
Fundado em 28 de outubro de 2000, o Lar oferece acolhimento para crianças e adolescentes, trabalhando na modalidade Casa-Lar e promovendo um ambiente familiar e fortalecendo os vínculos comunitários.
Conforme a direção, o propósito vai além do acolhimento, visando à reintegração familiar, a colocação em família extensa ou o apoio ao processo de adoção, tudo conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A psicóloga explicou que desde o primeiro contato é trabalhado o vínculo para oferecer afeto e minimizar as dores dos traumas ocorridos, sejam por negligência ou abuso. “São realizadas rodas de conversa, escuta ativa, terapia individual e validação de sentimentos”, disse.
Ainda segundo ela, os pais não devem deixar os filhos com qualquer pessoa. “Os abusos, em sua grande maioria, ocorrem por membros da própria família ou amigos próximos”, alertou. Gabriela orientou para o ensinamento da autoproteção. “Devemos ensinar a criança a entender que o seu corpo é precioso, isso é fundamental”, concluiu.
Neste mês de maio ocorre a campanha Maio Laranja, que busca a conscientização e o combate ao abuso e exploração sexual infantil. A estimativa aponta que a cada hora, três crianças são vítimas de abuso no País, sendo que 51% têm entre 1 a 5 anos.
Anualmente, aproximadamente 500 mil crianças e adolescentes sofrem exploração sexual, com apenas 7,5% dos casos denunciados às autoridades, indicando que a realidade pode ser ainda mais preocupante.
Exatamente por conta disso se criou a campanha, que destaca a importância da denúncia e do enfrentamento desse tipo de violência, utilizando a flor gérbera como símbolo, representando a fragilidade e a vulnerabilidade dos pequenos diante desse cenário.
Para denunciar casos de abuso e exploração, você pode ligar para a polícia no 190, nas delegacias especializadas, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Conselho Tutelar de sua cidade ou ainda o Disque 100 (Direitos Humanos).