Um dia após o píer flutuante construído pelos EUA na Faixa de Gaza ser concluído, os primeiros caminhões de ajuda humanitária começaram a desembarcar suprimentos na última sexta-feira (17). Segundo o Pentágono, a ideia é enviar cerca de 90 caminhões por dia, que podem chegar a 150 quando a operação atingir a capacidade máxima. Antes da guerra, 500 carretas entravam no território diariamente. O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, confirmou ontem que dezenas de caminhões de ajuda humanitária, incluindo alimentos dos Emirados Árabes, enviados por navio do Chipre, foram descarregados na costa de Gaza e entregues ao controle da ONU. A agência Associated Press, no entanto, citando informações de um funcionário da ONU em Gaza, garantiu que a distribuição do carregamento não havia começado ontem. A diretora da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Samantha Power, disse que o estoque de comida, combustível e remédio no território palestino atingiu “níveis perigosamente baixos”.
Fome
Além disso, os EUA e as organizações internacionais afirmam que ajuda que chega por mar apenas complementa as entregas feitas por terra – sem substituí-las. A ONU alerta para o alto risco de fome.
Após meses de bombardeios israelenses, inspeções rigorosas e restrições nos pontos de passagem, a entrada de ajuda está limitada. Na semana passada, o gargalo se fechou mais ainda após Israel iniciar uma ofensiva militar em torno de Rafah, na fronteira com o Egito.
Alimentos
Segundo a Usaid, as entregas iniciais incluem barras de alimentos para 11 mil pessoas, alimentos terapêuticos para 7,2 mil crianças e kits de higiene para 30 mil pessoas. O governo americano não informou onde a ajuda seria entregue ou quem a entregaria, disse apenas que suas tropas não fornecem nada mais do que apoio logístico para a entrega.
Israel tem sido pressionado pelo presidente americano, Joe Biden, a facilitar a entrada de ajuda. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, alertou que o fluxo de entrega é prejudicado pelos combates no sul de Gaza.
Planos
O projeto do píer foi anunciado por Biden em março, no momento em que o governo americano enfrentava críticas por manter apoio militar a Israel enquanto a catástrofe humanitária crescia em Gaza. A construção começou em abril e custou US$ 320 milhões (R$ 1,6 bilhão). O porto improvisado foi feito com a ajuda de mil soldados e marinheiros americanos.
Segundo o Comando Central dos EUA, as peças para a estrutura foram carregadas em navios na Costa Leste e transportadas por 9,6 mil quilômetros pelo Oceano Atlântico. Os suprimentos chegam ao Chipre, onde são inspecionados por Israel, antes de serem enviados a Gaza.
A ONG World Central Kitchen havia construído um cais semelhante, em março, para entregar ajuda por via marítima em Gaza pela primeira vez em duas décadas. Os esforços, no entanto, foram interrompidos no início de abril, quando sete voluntários da organização foram mortos em um ataque israelense.
*Com informações do Estadão Conteúdo